quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Capítulo 24 de Pulo do Gato




CENA 01 / INTERIOR / MANSÃO ITACURUÇÁ / BANHEIRO / TARDE

Calixto e Terezinha no banheiro

CALIXTO – Golpe de mestre, Terezinha!
TEREZINHA – Sou uma mestra, querido. Agora ele vai ter que deixar tudo na minha mão.
CALIXTO – Não tô nem acreditando que você tá “grávida”
TEREZINHA – Já vai querer colocar nome no bebê?
CALIXTO – Quem sabe?

Os dois riem e se beijam.

CORTA PARA:

CENA 02 / EXTERIOR / PRAIA / QUIOSQUE / TARDE

DELMA – Fala logo, dona Laura!
LAURA – Antes eu preciso que você prometa que nunca vai sair do meu lado.

Delma suspira e cruza os dedos debaixo da mesa.

DELMA – (hesita) Prometo...
LAURA – As acusações que seu pai fez contra mim... são todas verdadeiras. Eu realmente queria dar o golpe nele quando nos conhecemos, o escravizei e fui amante do Beto. Aquela baboseira toda que ele encheu a boca pra falar no dia da entrevista
DELMA – (surpresa) O quê?!

Lurdinha fica com lágrimas nos olhos, mas não faz um movimento.

LAURA – Calma! Mas eu não matei o Beto! Isso deve ter sido o Antônio que mandou fazer para colocar a culpa em mim!
LURDINHA – Tem certeza, mamãe?

Laura se vira e leva um susto ao ver a filha bem ali, na sua frente.

LURDINHA – Estava dando uma volta pela orla... Isso sempre me fez bem, mas agora... Como você pôde?! Safada, vadia! Agora eu sei por que o papai te maltratava daquele jeito!
LAURA – Lurdinha, minha filha...

Lurdinha sai correndo.

DELMA – Bem feito! E outra: eu não vou te ajudar em mais nada! Se quiser a ajuda do Victor Hugo, problema o seu, mas eu quero sair dessa história!

Delma deixa Laura sozinha no quiosque. Alguém a vê e grita pela polícia. Laura foge e a polícia a persegue.

CORTA PARA:
CENA 03 / INTERIOR / APARTAMENTO PLÍNIO / SALA / TARDINHA

Selma invade o apartamento de Plínio com uma mochila nas costas e revira a casa inteira atrás de alguma coisa que possa incriminar Terezinha. Depois de muito procurar ela acha, dentro da gaveta da escrivaninha, um pen-drive e uma pasta com documentos. Em seguida, ela tira da mochila um netbook e enfia o pen-drive na entrada USB. Ao ver que um vídeo é acionado, ela aumenta o volume e presta atenção.

PLÍNIO – (no vídeo, nervoso) Bem, eu gostaria de dizer que... meu Deus... Eu acabei de descobrir uma coisa terrível e estou gravando esse vídeo porque... porque quero garantir que alguém consiga prender a delinquente da tal de Terezinha Itacuruçá! Ela é uma bandida!... (hesita) Descobri que essa mulher que dar o golpe no meu cliente e pretendo flagrá-los juntos para ter certeza do que estou dizendo... Sim, porque a vi beijando um homem alto nas costas do Estevão e combinando planos com ele e etc... Pelo o que eu ouvi, eles mataram uma tal de Sandreia que descobriu tudo! Sequestraram a moça e a jogaram num galpão abandonado lá em Jacarepaguá, QUEIMANDO o corpo depois. Me parece que jogaram na mata do lado do galpão e... Bem... É isso: vou sair daqui e vou atrás daquela Terezinha depois da festa de inauguração da construtora.

O vídeo termina e Selma fica atônita. Ao abrir a pasta tremendo, ela vê os papéis da falsa indenização e uma cópia do documento do casamento de Terezinha e Estevão. Ao ver a data, percebe que eles casaram enquanto ela mantinha união com o ex-pedreiro ainda. Furiosa, ela enfia tudo na mochila e vai embora.

CORTA PARA:

CENA 04 / INTERIOR / SHOW DELÍCIA / GAIOLA / TARDINHA

Tom acorda dentro de uma gaiola enquanto Maria Gilderoy o olha de fora.

M. GILDEROY – Acordou Tomásvaldo! Que bom, meu bem. Queria te dizer que eu te perdoo por ter me chamado de travesti... Sabe que sou uma mulher completa, não é? Tudo bem que tenho detalhes a mais, mas são só detalhes!
TOM – (desorientado) Onde eu estou?...
M. GILDEROY – Você está na gaiola do amor, Tomzinho! Eu te amo, mas não te disse isso antes porque você tava de caso com aquela grudenta da Lurdinha Brasil e... Bem, agora você é meu e nunca mais será de ninguém!
TOM – Você é maluca! Me tira daqui!

Ele balança as grades, sem sucesso.

M. GILDEROY – Isso é aço, queridinho! Não vai conseguir sair daqui nunca!
TOM – Cala a boca, Crioléussomn!
Maria Gilderoy fica vermelha e fumaça sai de suas orelhas.

M. GILDEROY – Meu nome de batismo não! Só por causa disso vai ficar sem pão e água!

Maria vai embora e deixa seu celular em um banquinho perto da gaiola. Tom espera ela sair e pega o telefone.

CORTA PARA:

CENA 05 / EXTERIOR / VIDA PRIVADA / TARDINHA

Victor Hugo acaba de chegar com o carro e deixa Estevão na porta de casa.

V. HUGO – Mais alguma coisa, Estevão?
ESTEVÃO – Pode deixar, cara. Não vou precisar mais dos teus serviços hoje não. Vai com Deus.
V. HUGO – Beleza.

Victor Hugo sai do carro e seu celular toca. Ele atende.

V. HUGO – Alô?
TOM – (off) Pelo amor de Deus, Victor Hugo, me ajuda!
V. HUGO – O que houve Tom?
TOM – (off) A Maria Gilderoy, cara... Ela me enfiou dentro de uma gaiola e agora quer dar pra mim!
V. HUGO – Cacete! Mas o que você quer que eu faça? Chamar a polícia?
TOM – (off) A polícia não! Mas dá um jeito, me salva!
V. HUGO – Segura as pontas aí porque eu tô indo!

Victor Hugo corre para ajudar o amigo.

CORTA PARA:

CENA 06 / EXTERIOR / ORLA DA PRAIA / TARDINHA

Lurdinha está correndo e chorando enquanto Delma vem atrás. Ela abraça a ex-patroa, que chora em seus braços.

LURDINHA – Meus pais são dois bandidos, Delma! Agora eu sei por que você não queria me contar nada!
DELMA – Eu tentei sair dessa, mas o Victor Hugo não deixava...
LURDINHA – (se afasta) O Victor Hugo está envolvido nessa sujeira toda também?!
DELMA – (envergonhada) Sim...
LURDINHA – Mas isso é uma quadrilha! Socorro!

Lurdinha sai correndo e Delma fica parada na orla se sentindo culpada. Lurdinha chora suas mágoas nas areias da praia.

CORTA PARA:

CENA 07 / INTERIOR / APARTAMENTO ANTÔNIO / SALA / TARDINHA

Tharso se joga no sofá enquanto Patrícia está servindo vinho para os dois.

THARSO – Apartamentinho bom esse, hem? Nem parece que teu pai tá falido... Estou adorando morar aqui com a minha mulherzinha, só falta um pentelhinho!
PATRÍCIA – Sonha querido! Mas realmente: esse apartamento é bem melhor do que aquele cafofo lá da Holanda.
THARSO – Também, você usava a mesada que o teu pai te mandava pra manter os negócios com o Zyrah! Hm... Achava que dinheiro dava junto com as plantações de maconha que a gente tinha lá.
PATRÍCIA – O dinheiro dava, sim! Ah, o tráfico internacional... Lembra quando nós dois tivemos que mandar duzentos quilos de cocaína para o Irã?! Meu Deus, quase fomos mortos! O Zyrah que salvou a nossa pele.
THARSO – Pois é... Mas tem certeza que a Lurdinha não vai dar com a língua nos dentes?
PATRÍCIA – Lógico! Aquela lá é mais lerda que uma anta empacada!

Antônio cutuca Patrícia.

ANTÔNIO – Ela pode até ser, mas eu não.

Patrícia deixa o vinho cair no chão. Tharso se levanta.

CORTA PARA:

CENA 09 / INTERIOR / CLÍNICA AMERICANA / QTO. GILBERTO / NOITE

Marques e Gilberto muito felizes dentro do quarto.

GILBERTO – O tratamento já está dando resultado, Marques! Já estou conseguindo mover meus braços direito!

Gilberto move os braços com um pouco de dificuldade, mas é aplaudido por Marques.

MARQUES – E vai ficar bem melhor, Gilberto! Te garanto!
GILBERTO – Eu vou poder sair dessa cadeira de rodas?
MARQUES – (hesitante) Não posso te dar essa previsão ainda, meu caro. O negócio é ir fazendo o tratamento até o fim.
GILBERTO – Tudo bem, doutor. Eu vou conseguir... NÓS vamos conseguir.

Marques sorri. Na mesma hora, Selma e Laura Dagmar entram rapidamente.

SELMA – Desculpa interromper, mas é que somos amigas do Gilberto... Viemos vê-lo... Pode ser a sós?
MARQUES – (constrangido) Claro, claro...

Ele sai e Selma tira seu computador da mochila, pondo-o no colo de Gilberto.

GILBERTO – Mas o que é isso, Selma? O que você e a Laura Dagmar estão fazendo aqui?!
L. DAGMAR – Tem certeza, Selma?
SELMA – Tenho. Gilberto, estou aqui para abrir os seus olhos em relação a Terezinha. Ela não é quem você pensa que é.
GILBERTO – Como assim?
L. DAGMAR – Cala a boca e assiste

Selma põe o pen drive com o vídeo de Plínio para Gilberto ver. Após vê-lo, ele fica com lágrimas nos olhos.

GILBERTO – (desolado) Mas... Terezinha!

CORTA PARA:

FIM DO CAPÍTULO 24 

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