quarta-feira, 24 de abril de 2013

Vida Fatal - Capítulo 58


Cena 1/ Rua/ Noite
BRUNO: Você está com leucemia? Por que você não me disse antes?
JÉSSICA: Eu estava com medo da sua reação, que você me abandonasse e que você deixasse de me namorar.
BRUNO: Eu não acredito nisso. Minha namorada é uma cancerígena e não me disse nada. É falta de confiança?
JÉSSICA: Bruno.
(Jéssica abraça Bruno, mas ele se afasta da garota)
BRUNO: Não chega perto de mim.
JÉSSICA: Como é?
BRUNO: Acabou Jéssica. Acabou. Todo mundo sabia da tua doença, mas você não confiava o bastante para me contar tudo primeiro.
JÉSSICA: Bruno, não faz isso comigo. Estou precisando de você. Você acha que está sendo fácil de passar por essa barra, que eu fique feliz quando eu soube que eu sou leucêmica?
BRUNO: Quando você descobriu?
JÉSSICA: Umas semanas atrás.
BRUNO: Claro. Aquelas manchas no seu ombro que eu vi. Eu te perguntei o que era aquilo e você preferiu inventar uma desculpa do que me contar a verdade.
JÉSSICA: Entende meu lado, Bruno.
BRUNO: Nunca nem pretendo entender. Acabou Jéssica.
(Bruno caminha em direção ao prédio)
JÉSSICA (com os olhos lacrimejando): BRUNOOOOO.

Cena 2/ Delegacia/ Cela de Larissa e Montanha/ Interno/ Noite
(Larissa está dormindo. Ela ouve um barulho e acorda)
LARISSA: Montanha?
MONTANHA: Desculpe se eu te acordei.
LARISSA: Que barulho é esse?
(Larissa vê um martelo embaixo de Montanha)
LARISSA: Que martelo é esse?
MONTANHA: Eu vou te contar, mas você jura que não vai me dedurar?
LARISSA: Claro que eu não irei contar para ninguém. O que significa isso?
MONTANHA: Eu estou pensando em fugir daqui, Larissa. Eu estou cavando um túnel na solitária. Sempre quando eu vou para lá, eu cavo um pouquinho.
LARISSA: Um túnel? E você faz isso desde quando?
MONTANHA: Desde quando eu fui presa.
LARISSA: Eu não acredito nisso.
MONTANHA: Mas é verdade. Falta pouco para eu terminar o túnel. E olha, Larissa, eu nunca pensei em dividir essa idéia de fuga com alguma companheira de cela minha, mas eu quero que você se beneficie com isso também.
LARISSA: Como assim?
MONTANHA: Eu quero que você fuja e que você saia daqui. Você não merece passar por isso. Eu sei que você não tem culpa de nada, que está aqui de forma injusta, pagando por algo que não cometeu.
LARISSA: Como você sabe?
MONTANHA: Larissa, eu já tive várias companheiras de cela antes de você aparecer. Todas chegam aqui aclamando inocência, mas chega um dia em que elas acabam confessando, acabam vacilando. Isso não acontece com você. Eu, que já fiz coisas erradas, sei quando alguém é ou não uma bandida e você não é. Por isso que merece sair daqui. Você aceita?

Cena 3/ Hospício/ Sala de Dr. Vale/ Interno/ Dia
THAIS: Como é que é? A Paula e a minha mãe saíram daqui. Mas como assim?
VALE: Você mesma que veio buscá-las.
THAIS: Eu não vim aqui coisa nenhuma. (Cai a ficha de Thais): A não ser que...
VALE: O quê?
THAIS: A desgraçada da Paula deve ter se passado por mim e enganado todos vocês.
VALE: Isso é impossível.
THAIS: Claro que não, seu idiota. Ela conseguiu enganar vocês e todos deste hospital. Ela fugiu graças a sua incompetência.

Cena 4/ Apartamento de Luciana/ Sala/ Interno/ Dia
(Jéssica está deitada na cama, aos prantos. Juliana e Luciana entram)
JULIANA: Está melhor?
LUCIANA: Trouxe para você um café da manhã delicioso.
JÉSSICA: Não quero nada. Muito obrigada.
LUCIANA: Jéssica, não fique assim. Eu tenho certeza que o Bruno vai pensar melhor sobre o que ele fez e ele vai voltar para te pedir perdão.
JÉSSICA: De qualquer forma, eu não imaginava que ele iria ficar tão irado. Será que ele pensa que eu não estou sofrendo com isso?
JULIANA: Dê tempo ao tempo, amiga. No final de tudo, as coisas irão se acertar.
JÉSSICA: Tomara.

Cena 5/ Mansão Martins/ Sala/ Interno/ Dia
OTÁVIO: Passou bem à noite?
SÉRGIO: Claro que não. Eu não agüento mais saber que minha mãe está presa e ninguém pode fazer nada para ajudá-la.
OTÁVIO: Eu já disse que darei um jeito para tirar a Larissa da cadeia.
SÉRGIO: Quando?
OTÁVIO: Hoje.
SÉRGIO: Espero que consiga. Estou de saída para a faculdade.
OTÁVIO: Sérgio, espera. Eu quero te fazer um pedido.
SÉRGIO: Faça.
OTÁVIO: Eu estava pensando sobre o fato de eu não ser seu pai verdadeiro e...
SÉRGIO: Pai, por favor.
OTÁVIO: Eu quero que você procure o Alberto e converse com ele. Vocês precisam se entender.
SÉRGIO: Eu não quero saber dele. O senhor é meu pai de verdade.
OTÁVIO: Faça isso, filho. É o melhor a fazer. Se não quiser fazer isso por você, mas faça por mim.

Cena 6/ Mansão Albuquerque/ Cozinha/ Interno/ Dia
(Gonçala está mexendo nas panelas. Celina entra)
GONÇALA: Por que você nunca contou que já teve um caso com seu Ramiro no passado?
CELINA: Isso é um assunto meu. Não acha?
GONÇALA: Eu acho esquisito você ter escondido algo tão importante como esse para o Otávio.
CELINA: Mas agora ele já sabe. Isso é o que vale. Olha, Gonçala, eu não queria falar sobre isso, ok?
GONÇALA: Como queira.

Cena 7/ Faculdade/ Escadaria/ Interno/ Dia
(Roberta sobe as escadas. Juliana sobe logo atrás dela e a alcança nos degraus. Juliana pega no braço de Roberta)
ROBERTA: Mas o que é isso? Está louca?
JULIANA: Só quero que você saiba que meu braço, que foi atingido naquele acidente durante o laboratório, já está em perfeito estado novamente.
ROBERTA: Parabéns para ele. E o que eu tenho a ver com isso?
JULIANA: Tudo. Afinal, foi você que provocou aquele acidente, não foi?
ROBERTA: Não seja ridícula.
JULIANA: Eu sei que foi. Mas não fica preocupada não. Diferentemente de você, eu tenho métodos mais práticos de resolver os problemas que me afligem.
ROBERTA: O que você quer dizer com isso?
JULIANA (com um sorriso irônico): Nada demais, querida.
(Juliana continua a subir a escada.)

Cena 8/ Delegacia/ Sala de visitas/ Interno/ Dia
(O guarda abre a porta da sala e Larissa entra)
LARISSA (sentando): Otávio? Pensei que nunca viria me visitar.
OTÁVIO: Engano seu. Na verdade, eu vim aqui no dia que você foi presa, mas acabei descobrindo algo que virou minha vida pelo avesso. Eu sou filho legítimo de Ramiro Albuquerque.
LARISSA: Jura? E como você está se sentindo com isso?
OTÁVIO: Não sei dizer ao certo. Eu acho que estou me sentindo da mesma forma que Sérgio está se sentindo quando descobriu a verdade.
LARISSA: E ele, o Sérgio, como está?
OTÁVIO: Triste com sua prisão. Eu vim aqui para pensarmos em alguma maneira de tirar você daqui.
LARISSA: Não há maneiras, Otávio. Só irão me libertar quando o resultado da carta encontrada no meu guarda roupa sair. Aliás, você sabia quem veio me visitar um dia desses? A sua esposa maravilhosa Adriana.
OTÁVIO: A Adriana veio te visitar? Como assim? Por que ela fez isso?
LARISSA: Para debochar da minha cara, claro. Otávio, a Adriana não vale nada. Por que é tão difícil você acreditar no que eu digo?
OTÁVIO: Por que eu não vejo lógica nessas coisas que você fala a respeito dela.
LARISSA: Mas é a verdade, Otávio. A Adriana era prostituta no passado. O Alberto sabe o passado dela inteiro. Ele me levou até o bordel onde ela trabalhava.
OTÁVIO: Larissa, se você continuar com essa história, eu vou embora.
LARISSA (pegando nas mãos de Otávio): Ela dançava pole dance nua e tinha um nome falso.
OTÁVIO (levantando-se): Com licença.
LARISSA: Era Norma.
OTÁVIO (chocado, volta a se sentar): Como? Que nome você disse?
LARISSA: Norma. Era por esse nome que a Adriana era conhecida na boate. Eu conheci uma colega dela, chamada Karinne, que curiosamente, foi encontrada morta na porta de casa. A Karinne me contou tudo, inclusive a parte da Adriana ter tido um caso com o Ramiro antes mesmo de vocês se conhecerem.
OTÁVIO: Não pode ser. Eu já ouvi falar nessa Norma. Ela apareceu na festa em que seu Ramiro foi morto. Ele ficou desnorteado quando a viu na festa.
LARISSA: Olha como tudo faz sentido. Você se lembra quando eu te disse que a Adriana apareceu vestida de garçonete na festa? Era justamente para aparecer para o seu Ramiro. Pior, para matá-lo. A Karinne me contou que eles tinham um caso, mas ele descobriu rapidamente que Adriana só estava interessada no dinheiro dele e a abandonou. Nesse caso, nada de se espantar que ela já sabia que você era filho biológico do Ramiro. Ela deve ter pensado assim: “Se eu não consegui através do pai, eu irei investir no filho.” Ou seja, ela se jogou na frente do seu carro, aquele atropelamento já havia sido premeditado por ela.
OTÁVIO: Meu Deus.
LARISSA: Otávio, não deixe a Adriana te fazer de idiota. Vai atrás da verdade. Descobre quem é a verdadeira Adriana. Faça isso por você, pela sua vida.
(Congela em Otávio)

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