terça-feira, 16 de abril de 2013

Vida Fatal - Capítulo 52


Cena 1/ Mansão Martins/ Sala/ Interno/ Noite
SÉRGIO: Eu sou filho do Alberto?
LARISSA: Sérgio, você estava aí há muito tempo?
SÉRGIO: Não tente mudar de assunto. Eu sou filho do biológico do Alberto?
OTÁVIO: Eu também quero uma explicação a respeito disso.
LARISSA: Eu menti por amor, entendam.
OTÁVIO: Por amor, por amor. Ninguém mente por amor.
LARISSA: Otávio, eu não queria te perder. Quando eu descobri que estava grávida, a gente tinha acabado de começar o namoro. O Alberto deixou o caminho livre para a gente.
SÉRGIO: O quê? Você e o Alberto já namoraram antes?
LARISSA: Otávio, Alberto e eu estudamos juntos na mesma faculdade. Eu comecei a namorar o Alberto, mas eu gostava mesmo de você, Otávio. Quando o Alberto percebeu que você era o homem da minha vida, ele resolveu abrir caminho para nós ficarmos juntos. Mas isso coincidiu quando eu descobri que estava grávida.
OTÁVIO: Você deveria ter me contado a verdade desde o início.
LARISSA: Eu tive medo de te perder.
SÉRGIO: Eu não vou ouvir mais nada.
(Sérgio sobe as escadas)
OTÁVIO: Eu também não. O que eu ouvi foi o suficiente para entender tudo.
LARISSA: Otávio; fica mais um pouco.
OTÁVIO: Não.
(Otávio sai. Larissa senta-se no sofá, aos prantos)

Cena 2/ Paisagens do Rio de Janeiro/ Dia

Cena 3/ Hospício/ Quarto de Paula/ Interno/ Dia
(Um enfermeiro entrega a Paula uma pílula e ela rejeita)
PAULA: Eu não vou tomar isso. Eu não sou louca, não sou. Por que vocês não acreditam em mim?
ENFERMEIRO: Outro surto de loucura não, por favor.
PAULA: Surto de loucura? Que surto de loucura? Eu não sou louca, ta entendendo? Louca é ela, a Thais. Eu sou normal, normal.
(Outro enfermeiro aparece)
ENFERMEIRO: Você tem visita.
PAULA: Quem?
(Thais entra)
THAIS: Euzinha.
PAULA: Sua desgraçada. Me tira daqui agora.
THAIS: Calma maninha. 
PAULA: Eu não sou louca e você sabe disso.
THAIS: Calada.
(Pausa)
THAIS: Eu pensava que seria mais difícil se passar por você, mas não. Ninguém desconfiou de que quem estava naquele jantar de noivado, recebendo a aliança de compromisso do Renato era eu, a Thais. Todo mundo pensava que era você, Paula.
PAULA: Então foi para isso que você me trancou aqui? Para se passar por mim?
THAIS: Não é genial?
PAULA: Vadia.
(Paula dá um tapa em Thais)
PAULA: Eu vou acabar com você, sua vagabunda.
(Paula sobe em cima de Thais e a estapeia. Dois enfermeiros agarram Paula)
THAIS: Sua doida.
PAULA: Como você tem coragem de cometer essa barbaridade comigo? Como?
THAIS: Otária.
(Thais sai)

Cena 4/ Delegacia/ Sala de visitas/ Interno/ Dia
LUCÉLIA: Eu disse que essa história de roubar a mansão ia dar merda. Você pôs tudo a perder. Agora, a culpa pela morte do Ramiro vai recair toda para cima de você.
CÉSAR: E por que recairia?
LUCÉLIA: Eles devem estar pensando que se você foi capaz de roubar a mansão do Ramiro, você também foi capaz de matar o Ramiro.
CÉSAR: Eu não matei o Ramiro.
LUCÉLIA: E você acha que eu acredito na sua palavra? Você estava encarregado de depositar o veneno na bebida do velho.
CÉSAR: Mas quem estava com o frasco de veneno no bolso era você, e eu me lembro muito bem de uma hora que você se afastou de mim na festa.
LUCÉLIA: Eu tinha ido ao banheiro.
CÉSAR: Sei.
LUCÉLIA: Eu não matei o Ramiro. Não matei. Eu juro.
CÉSAR: Eu não acredito em você.
LUCÉLIA: Quer saber de uma coisa? Eu quero que você mofe nessa cadeia.
(Lucélia chama o guarda, que a retira da sala) 

Cena 5/ Mansão Martins/ Sala/ Interno/ Dia
(A campainha toca e Larissa atende)
LARISSA: Ah, é você.
ALBERTO: Nossa. Não tinha uma recepção mais agradável, não?
LARISSA: Desculpa. O Sérgio e o Otávio descobriram tudo.
ALBERTO: Tudo o quê?
LARISSA: Que você é pai biológico do Sérgio.
ALBERTO: Como eles descobriram isso?
LARISSA: Eu não sei como o Otávio descobriu. Ele veio aqui, me questionando sobre isso. Acabei confirmando a verdade e o Sérgio escutou tudo. São tantos problemas.
ALBERTO: Como assim?
LARISSA: Eu marquei um encontro com a Karinne hoje a noite no bordel para tirar mais alguma informação, mas acho que não vou.
ALBERTO: Você vai sim. Não se preocupa. Eu quero ter uma conversa com o Sergio hoje a noite.
LARISSA: Você tem certeza?
ALBERTO: Absoluta.

Cena 6/ Consultório/ Sala do médico/ Interno/ Dia
(O médico está analisando alguns exames. Luciana e Jéssica estão sentadas)
JÉSSICA: E aí doutor? O que eu tenho?
MÉDICO: Esses exames são bem claros. Você, Jéssica, tem leucemia.
JÉSSICA: Leucemia?
(Jéssica começa a chorar e abraça Luciana)
MÉDICO: E um estado bem grave.
LUCIANA: Não tem como curar?
MÉDICO: Tem, mas só com um transplante de medula.

Cena 7/ Hospício/ Pátio/ Interno/ Dia
(Paula está sentada em um banco, chorando. Uma mulher se aproxima)
SARA: Não chora querida.
PAULA: Não estou chorando. Está tudo bem.
SARA: Sou Sara.
PAULA: Prazer. Sou Paula. Você está aqui há muito tempo?
SARA: Três meses. E você?
PAULA: Cheguei anteontem, mas eu não sou louca. Eu tenho uma irmã gêmea que me colocou aqui, mas a louca é ela.
SARA: Eu também tenho uma irmã gêmea, mas ela já morreu.
PAULA: Você não acredita em mim, não é?
SARA: Claro que acredito. Por que não acreditaria?
PAULA: Sei lá. Ninguém acredita no que eu digo aqui.
SARA: Mas eu acredito em você.

Cena 8/ Paisagens do Rio de Janeiro/ Noite
Cena 9/ Bordel/ Interno/ Noite
(Karinne está no balcão. Larissa se aproxima)
LARISSA: Tudo bem?
KARINNE: Você demorou a aparecer. Pensei que não viria mais trabalhar aqui. Não gostou do ambiente do bordel?
LARISSA: Eu estava doente esses dias. Mas voltei. Voltou a ver a Norma?
KARINNE: Sim, e você, Virna? Quer dizer, Larissa.
LARISSA: Larissa?
KARINNE: Está me achando com cara de otária, é? A Norma me alertou sobre você. Você não é Virna coisa nenhuma e nunca foi prostituta. Você se fez de minha amiga para querer tirar proveito de alguma coisa sobre a Norma. Vai negar?
LARISSA: Nego.
KARINNE: Sua falsa mentirosa.
LARISSA: Eu não sou a única que te enganei. A Norma também te enganou quando trabalhava aqui. O nome verdadeiro dela é Adriana e ela roubou meu marido, sabia?
KARINNE: Eu não acredito em você. Por que você não some, hein? Se quiser saber mais coisas sobre a Norma, vai ter que ciscar em outro galinheiro, entendeu?
LARISSA: Não tem problema. Você já me disse coisas suficientes sobre ela. Uma hora você vai descobrir que a Norma não vale nada.
(Larissa sai)
KARINNE: Vai embora, piranha mentirosa.
(Adriana entra)
ADRIANA: Muito bem. Você colocou aquela falsa no lugar dela.
KARINNE: E ela ainda teve a cara de pau de dizer que você mente para mim. A mentirosa é ela. Ainda bem que você me alertou sobre ela.
ADRIANA: O que seria de você se não fosse eu, hein? Vai sair que horas daqui?
KARINNE: Agora.
ADRIANA: Acompanho você até sua casa.

Cena 10/ Mansão Martins/ Sala/ Interno/ Noite
(Alberto está sentado no sofá. Sérgio desce as escadas)
SÉRGIO: O que você está fazendo aqui?
ALBERTO: Eu vim conversar com você. Sua mãe me contou que você descobriu a verdade.
SÉRGIO: Por favor, vai embora.
ALBERTO: Não. Eu vim conversar com você e só saio daqui quando essa conversa acontecer. Eu quero te contar como tudo aconteceu.
SÉRGIO: Minha mãe já contou e eu entendi o bastante para não querer você perto de mim. Você não abriu caminho para minha mãe ficar com meu pai pelo fato de você perceber que eles se amavam. Você abriu esse caminho porque você já sabia que minha mãe estava grávida e não queria assumir essa responsabilidade de ser pai.
ALBERTO: Nada disso. Eu fui saber logo depois, quando a Larissa e o Otávio já estavam juntos.
(A campainha toca)
ALBERTO: Não atenda.
SÉRGIO: Eu vou atender sim. Vai que é algo importante.
(Sérgio atende)
SÉRGIO: Pai?
ALBERTO: Otávio?
OTÁVIO: Eu vim conversar com você, Sérgio.
ALBERTO: Você veio conversar na hora errada. Eu já estou conversando com ele. Então, caia fora.
SÉRGIO: Não fale assim com meu pai.
ALBERTO: Sérgio, seu pai sou eu.
SÉRGIO: Não, meu pai é o Otávio, porque foi ele que me viu nascer, crescer, dar os primeiros passos, dizer as primeiras palavras. O Otávio é meu pai e você, Alberto, você é só mais um alguém que apareceu na minha vida.
OTÁVIO: Sérgio, não fala assim.
ALBERTO: Fico feliz em saber que é isso que você pensa de mim. Aproveite bem essa conversa com seu pai. Com licença.
OTÁVIO: Não Alberto. Você fica. Nós três teremos essa conversa juntos.
Cena 11/ Casa de Karinne/ Sala/ Interno/ Noite
KARINNE: Obrigada por me acompanhar até aqui.
ADRIANA: Não foi nada.
KARINNE: Agradeço tanto pela sua amizade.
ADRIANA: Amizade? Será mesmo que você é minha amiga, Karinne?
KARINNE: Como assim?
ADRIANA: Você disse um monte de coisas sobre mim para a pessoa que eu mais odeio na face da Terra.
KARINNE: Eu não sabia que ela era a Larissa. Ela veio com um nome falso, dizendo que era sua amiga. Eu acreditei.
ADRIANA: Acreditou porque é burra. Você me traiu. Se tivesse ficado com essa língua queta, mas não. Você fala mais do que o homem da cobra.
KARINNE: Eu te dou todos os motivos para você ficar com raiva de mim, mas não precisa exagerar na dose.
ADRIANA: Você me apunhalou pelas costas, Karinne. Agora está na hora de eu dar o troco.
KARINNE: Como assim? O que você está querendo dizer com isso?
ADRIANA: Você viva está me representando um perigo enorme.
(Adriana tira uma faca da sua bolsa)
KARINNE: Que faca é essa, Norma?
ADRIANA: Calma. Não vai doer nadinha.
(Adriana crava a faca na barriga de Karinne, que cai desacordada)
ADRIANA: Vai para o Inferno.
(Adriana, com uma luva na mão, tira a faca da barriga de Karinne, limpa a faca e joga no chão, ao lado de Karinne)
ADRIANA: Agora eu tenho que dar um jeito na Larissa, antes que ela conte para o Otávio.
(Congela em Adriana)

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