CENA 01 / IMAGENS DO RIO DE JANEIRO
Amanhece.
CORTA PARA:
CENA 02 / INTERIOR / MORRO D’AGUA / CASA GILBERTO E
TEREZINHA / QUARTO TEREZINHA / TARDE
Gilberto entra no
quarto e dá um beijo na testa de Terezinha, que está dormindo.
GILBERTO – Prometi que
ia cuidar de você, e vou cumprir minha promessa.
Em seguida, sai para
trabalhar. Alguém que está dentro do armário observa a cena e sai do armário,
sacudindo Terezinha, que acorda assustada.
TEREZINHA – Calixto!
Que susto, cacete! (olha para os lados) Mas que palhaçada é essa?! Cadê o
Gilberto?!
CALIXTO – Teu irmão já
foi embora trabalhar.
TEREZINHA – E alguém
te viu entrando aqui?
CALIXTO – Se viu, não
sei Terezinha. Vim aqui te trazer uma bomba!
TEREZINHA – Calixto,
eu ainda estou traumatizada com o fracasso do assalto ao salão da cabeilerete.
CALIXTO – E vai ficar
traumatizada mais ainda quando eu te disser que os bandidos que nos ajudaram no
assalto e no falso sequestro vão sequestrar o ônibus em que seu irmão está caso
você não pague eles.
Terezinha se levanta
da cama.
TEREZINHA –
(assustadíssima) Como assim?! Mas o assalto não deu certo! Não tenho culpa se
os incompetentes os bandidos não procuraram o cofre direito!
CALIXTO – E deu tempo,
Terezinha?!
TEREZINHA – Tudo culpa
daquela seborreia ambulante da SELMA! Vou lá dar um tapa na cara dela e/
CALIXTO – /Você não
vai fazer nada! Aliás, vai sim: tentar tirar teu irmão desta enrascada!
TEREZINHA – Então me
deixa vestir, aqui.
Terezinha troca de
roupa e sai correndo de casa.
CORTA PARA:
CENA 03 / MORRO D’ÁGUA / SALÃO SAUDITA / TARDE
Selma está trabalhando
quando Gilberto aparece na porta do salão. As moças ficam ouriçadas,
principalmente Laura Dagmar.
L. DAGMAR –
(oferecidas) Oi, Gil. Veio cortar os pen... digo, cabelos?
GILBERTO – Hoje não,
Laura. Vim aqui para falar com a Selma.
SADREIA – (para Laura)
Toma Dagmar.
SELMA – (surpresa)
Comigo?
GILBERTO – É. (se
aproxima) Vim aqui agradecer por ter acompanhado a Terezinha até a delegacia e
ligado para a polícia.
SANDREIA – QUEM LIGOU
FUI EU!
GILBERTO – Obrigado
também, Sandreia.
SANDREIA – (derretida)
Obrigada...
GILBERTO – Bem... É só
isso.
Ele beija a mão de
Selma e de Sandreia, deixando Laura enciumada. Em seguida, ele vai embora e
encontra Estevão na porta. Os dois se cumprimentam e ele segue para o ônibus.
ESTEVÃO – O que ele
queria Selma?
SELMA – Veio agradecer
a mim e a Sandreia por nós termos ajudados a irmã dele e etc.
ESTEVÃO – Bem, vou
indo pro trabalho. Hoje eu pego mais tarde.
SELMA – Te vejo mais
tarde.
Os dois dão um selinho
e ele vai para a obra.
L. DAGMAR – Sortuda,
hem, Selma!
SELMA – (rindo) Cala a
boca, Dagmar!
O salão continua a todo
o vapor.
CORTA PARA:
CENA 04 / INTERIOR / COSMÉTICOS BRASIL / ESCRITÓRIO /
TARDE
Antônio está
trabalhando quando Beto entra.
ANTÔNIO – Que
liberdade é essa?! Entrando assim no meu escritório!
BETO – (afobado) Sua
mulher, Antônio. Tá aí fora querendo falar contigo. Mando ela entrar?
ANTÔNIO – Mas o que
essa criatura quer?
BETO – Acho melhor
deixa-la entrar para saber.
ANTÔNIO – Então mande.
Beto sai e Laura entra
com uma fatura de cartão de crédito na mão.
LAURA – Por que a
empresa de cartão de crédito me mandou esta fatura de atraso no pagamento?
ANTÔNIO – Sei lá! Quem
compra é você, não sou eu!
LAURA – Mas que paga é
você!
ANTÔNIO – Perdão, meu
amor! Esqueci-me de pagar! Quanto é a conta?
LAURA – Dez mil
dólares.
Antônio vai lentamente
até uma gaveta posta em sua estante e pega cinco maços grossos de notas de cem.
ANTÔNIO – Toma o
dinheiro.
Quando Laura vai
pegar, Antônio rasga todo o dinheiro e joga no lixo, cuspindo em seguida.
LAURA – NÃO!
Antônio dá um soco em
Laura que cai no chão e fica cheia de sangue.
ANTÔNIO – Como você
tem a discrepância de vir aqui no meu escritório pra ficar pedindo dinheiro pra
fatura de cartão?! Da próxima vez, pede pro Beto. Agora, sai daqui! Anda, vaza!
Laura se levanta cheia
de dor e, com a mão no machucado, sai do escritório.
CORTA PARA:
CENA 05 / INTERIOR / COSMÉTICOS BRASIL / SALA DE
ESPERA / TARDE
Laura aparece,
debilitada e Beto levanta da cadeira para ajudar a mulher do patrão.
BETO – Deixa que eu a leve
para um hospital, dona Laura.
LAURA – Não precisa
Beto. Estou bem, só tropecei e caí de cara na mesa do Antônio.
BETO – Tem certeza?
LAURA – Tenho.
Laura vai embora e
Beto volta a se sentar na mesa de trabalho.
CORTA PARA:
CENA 06 / INTERIOR / MANSÃO BRASIL / SALA / TARDE
Lurdinha acaba de chegar
da faculdade e Delma a intercepta rapidamente.
LURDINHA – Que isso,
Delma?
DELMA – É que eu
preciso falar urgentemente com a senhora.
LURDINHA – Sobre o
quê?
DELMA – Sobre a vaga
de motorista.
Lurdinha senta com
Delma no sofá.
LURDINHA – Conte-me
mais.
DELMA – Tenho um
candidato perfeito ao serviço.
LURDINHA – E cadê a
figura?
Victor Hugo entra.
V. HUGO – Sou eu,
senhora.
Lurdinha olha de cima
a baixo Victor Hugo.
LURDINHA – Tem
carteira?
V. HUGO – Sim. (mostra
a carteira de motorista)
LURDINHA – E de onde
você conhece a Delma?
V. HUGO – Somos na.../
DELMA – /irmãos, dona
Lurdinha. Ele tava morando lá em Santa Maria João dos surdos-mudos, no interior
do estado.
LURDINHA – Está
contratado. Pode começar amanhã e traga toda a documentação. Delma faça uma
massagem no meu dedo mindinho agora.
DELMA – Aquele do
joanete?
LURDINHA – Esse mesmo
e depressa. Estou muito estressada: tive prova na faculdade hoje.
Delma, encabulada,
tira o sapato da patroa e começa a massageá-la.
V. HUGO – (encabulado)
Bem, eu vou embora.
LURDINHA – Tchau,
senhor...
V. HUGO – Victor Hugo.
Victor Hugo vai embora
e Delma continua a massagear a patroa.
CORTA PARA:
CENA 07 / MORRO D’ÁGUA / INTERIOR / HORTIFRUTI / TARDE
Tom está carregando
caixas de frutas quando vê Laura Dagmar passando. Na mesma hora, larga tudo e
vai correndo atrás da periguete.
CORTA PARA:
CENA 08 / MORRO D’ÁGUA / EXTERIOR / HORTIFRUTI / TARDE
Tom agarra Laura por
trás e dá um beijo no cangote dela.
TOM – E aí? Quando é
que tu vai assumir o nosso amor, hem, gata?
L. DAGMAR – (se
soltando) Quando tu resolver ficar rico e famoso, gato.
Ela sai andando e Tom
a pega pelo braço.
TOM – Para de
preconceito, Laura Dagmar. Só porque eu sou pobre... E por acaso você também
não é?
L. DAGMAR – Sou, mas
quero sair da pobreza. E vem cá? Tu não tinha teste hoje não?
TOM – Tenho um
trabalho na abertura de uma filial da “Cosméticos Brasil” hoje à noite.
L. DAGMAR – De quê?
TOM – Cover do Tom
Cruise... Pode uma coisa dessas? Sou muito mais bonito que ele!
L. DAGMAR – (irônica)
E mais rico também, né, Tom? Bem, vou nessa porque hoje o dia tá sendo puxado
lá no salão.
Laura vai embora,
deixando Tom com cara de taxo.
CORTA PARA:
CENA 09 / INTERIOR / ÔNIBUS / TARDE
Gilberto está
dirigindo quando uns caras com cara de bandido dão sinal. Mesmo estranhando,
ele para o ônibus e os deixa subir. Um deles mostra DISCRETAMENTE uma arma.
Antes que Gilberto possa fazer alguma coisa, os bandidos passam pela catraca e
se sentam nos fundos do ônibus.
CORTA PARA:
CENA 10 / EXTERIOR / BANCA / TARDE
Estevão acaba de
comprar uma raspadinha. Na hora em que vai descobrir o resultado, Valmir
aparece na esquina fumando um cigarro. Apressado, ele atravessa a rua e vai
falar com o chefe.
ESTEVÃO – Oi, seu
Valmir. Cheguei na hora hoje, não?
VALMIR – Tá dez
minutos atrasado, incompetente. Agora anda logo porque a gente vai ter que
levantar uma pilastra do prédio, digo, VOCÊS vão ter que levantar a pilastra. E
sabe o porquê de vocês terem que levantar a pilastra? Porque vocês são
pedreiros, gente pobre... Nunca vi gente rica fazer isso. Anda logo, maldito,
tá fazendo o que aqui ainda?
Valmir volta pra obra.
MENTE DE ESTEVÃO
Estevão pega uma arma
e atira na cabeça de Valmir. Em seguida, ele começa a rir sozinho e atirar pro
alto.
REALIDADE
Estevão dá o dedo do
meio por trás das costas do patrão e vai para o trabalho.
CORTA PARA:
CENA 11 / MORRO D’ÁGUA / EXTERIOR / PONTO DE ÔNIBUS /
TARDE
Terezinha e Calixto se
aproximam do ponto e ela aponta para ele se distanciar. Calixto obedece e ela
chega sozinho ao ponto a fim de falar com Evanir.
TEREZINHA –
(assustada) Evanir, o Gilberto tá aí?
EVANIR – Ele já saiu
há muito tempo, Terezinha!
TEREZINHA – HÃ?
EVANIR – Mas não era
pra você estar de repouso?
Terezinha corre e pega
um táxi.
CENA 12 / MORRO D’ÁGUA / INTERIOR / TÁXI / TARDE
TEREZINHA – Corre o
mais rápido que você puder seguindo a mesma rota que segue essa linha de
ônibus.
O taxista obedece.
CORTA PARA:
CENA 13 / MORRO D’ÁGUA / EXTERIOR / TARDINHA
Calixto faz o mesmo
que Terezinha e Evanir observam.
CORTA PARA:
CENA 14 / EXTERIOR / OBRA / TARDINHA
Estevão espera Valmir
sair de perto e ele raspa a raspadinha. Ele fica atônito com o resultado: R$
200,000,000,00.
CORTA PARA:
CENA 15 / INTERIOR / ÔNIBUS / TARDINHA
Um dos bandidos
levanta e saca uma arma, atirando para cima em seguida.
BANDIDO 1 – Essa porra é nossa!
As pessoas ficam
desesperadas e um dos bandidos do grupo vai até a cabine de motorista, pondo
uma arma na cabeça de Gilberto em seguida.
BANDIDO 1 – Motorista,
tu só vai parar quando nós mandar.
GILBERTO –
(assustadíssimo, suando) Tá certo, amigo.
BANDIDO 1 – Amigo o
caralho, porra! Tu tá achando que sou teu amigo?
GILBERTO – Não,
senhor!
BANDIDO 1 – Tá
achando?
GILBERTO – Não, não!
BANDIDO 1 – Vou te
mostrar o bandido.
Ele atira na cabeça do
cobrador, que morre. As pessoas começam a gritar.
BANDIDO 2 – (do fundo
do ônibus) Cala a boca, porra!
BANDIDO 1 – (para
Gilberto) Só um aviso, piloto: acho melhor a tua irmã pagar o que deve.
Gilberto fica atônito.
GILBERTO – Quê?!
Impactado com a
informação que acabou de ouvir, Gilberto acaba batendo em um poste.
CENA 16 / EXTERIOR / AVENIDA / TARDINHA
O ônibus vira e bate
em vários veículos; entre eles carros, vans, motos e até em outros ônibus
também. Todos eles rodopiam feito acrobatas, alguns até capotam. Vários
veículos batem em um posto de gasolina, que explode em seguida. O fogo domina a
avenida e os carros engavetam. O horror domina o ambiente. O ônibus que
Gilberto estava dirigindo cai no rio que corta a avenida.
CORTA PARA:
CENA 17 / INTERIOR / ÔNIBUS / TARDINHA
As maiorias das
pessoas estão mortas. Algumas com hematomas seríssimos causados com o corte dos
vidros do ônibus. Outras estão gemendo e chorando pela dor causada com a morte
dos outros e com a própria dor. Os bandidos estão mortos. Gilberto está com a
cara no volante, cheio de sangue no rosto.
FIM DO
CAPÍTULO 5
Nenhum comentário:
Postar um comentário