quinta-feira, 2 de maio de 2013

Vida Fatal - Capítulo 64


Cena 1/ Igreja/ Interno/ Dia
PAULA: Minha irmã gêmea Thais é uma impostora. Ela me jogou em um hospício para se passar por mim, para ter a minha vida, tudo por inveja.
THAIS: Mas isso é uma calúnia. Meu amor, você não vai acreditar nessa louca, não é? Olha para mim, sou eu, a sua Paula.
PAULA: Desgraçada
(Paula se aproxima de Thais e dá um tapa na cara dela)
PAULA: Você não vale nada, sua bandida. Como você pôde fazer isso comigo? Eu sempre te tratei bem, sempre te amei por você ser minha irmã. Será mesmo que eu merecia tudo isso vindo de você, Thais?
THAIS: Você deveria deixar de ser egoísta e compartilhar teu sucesso comigo. Mas sempre foi assim, você conseguia as melhores coisas e eu tinha que me contentar com seus restos, suas sobras. Eu não agüentava mais isso.
PAULA: Invejosa. Descarada. Ordinária.
(Paula pega nos braços de Thais e a joga no chão. Ela sobe em cima da vilã e a estapeia)
THAIS: Socorro, socorro. Renato, me ajuda. Tira essa louca de cima de mim.
(Renato aparta a briga e Thais se levanta)
THAIS: Ela é louca, Renato. 
RENATO: Você acha mesmo que eu nunca iria desconfiar de que você não era a Paula? Até que ponto você pretendia chegar com essa farsa, Thais?
PAULA: Bandida. Você vai para a cadeia. Eu mesma, antes de aparecer aqui, já me encarreguei de chamar a polícia e te prender, criminosa.
THAIS: Eu, presa? Isso nunca.
(Thais corre em direção a porta da igreja. Paula corre logo atrás. Paula pisa no véu de Thais, que rasga, fazendo a vilã cair. Paula fica em cima dela e lhe dá uma bofetada. Duas viaturas da polícia chegam e cercam a portaria da igreja. Os policiais saem do carro, imobilizam Thais e a algema)
THAIS: Vocês me pagam; seus cretinos.
(Um policial coloca Thais dentro do carro e as viaturas partem)

Cena 2/ Hospital/ Interno/ Dia
(Bruno entra)
BRUNO: Dona Luciana, como está a Jéssica?
LUCIANA: Bruno? Não era para você estar na faculdade nesse momento?
BRUNO: E a senhora acha que eu tenho cabeça para pensar em faculdade com tudo isso que está acontecendo com a Jéssica, dona Luciana? E então, como ela está?
LUCIANA: Não tenho notícias agradáveis, Bruno. O estado da Jéssica piorou muito. Ela precisa fazer o transplante dentro do prazo de dois meses, senão o câncer não terá mais cura.

Cena 3/ Faculdade/ Recepção/ Interno/ Dia
ROBERTA: Você é louca? De onde já se viu alguém fazer uma proposta indecente como essa?
FÁTIMA: Indecente? Eu pensei que você odiasse a Juliana e estivesse disposta a prejudicá-la.
ROBERTA: Mas eu odeio a Juliana. Agora não é por isso, que eu irei usar a minha doença como uma arma para prejudicá-la. Sem falar, que eu sei muito bem quem é você e, inclusive, sei também que você e o pai da Juliana estão mais pobres que aquele mendigo da esquina. Então, não vem bancar a espertinha para cima de mim não, porque eu sou mais eu.
(Roberta sai)

Cena 4/ Casa de Paula/ Sala/ Interno/ Dia
(Renato, Paula e Luzia entram)
LUZIA: Irei até a cozinha, para deixar os pombinhos a sós.
(Luzia sai)
PAULA: Ai, como é bom sentir o ar dessa casa de novo.
RENATO: Você está bem?
PAULA: Estou ótima. Quem não deve estar bem é a Thais, depois dos tabefes que eu dei na cara dela. Ai meu Deus, sabe o que me entristece em relação a isso tudo? Minha mãe. Eu sei que ela deve estar sofrendo por dentro com tudo isso que aconteceu.
RENATO: Sério? Ela me pareceu tão satisfeita com a prisão da Thais.
PAULA: Satisfeita, ela está, afinal a Thais cometeu um crime, estelionato. Mas mamãe está morrendo por dentro por causa disso. A última coisa que uma mãe quer na vida é ver suas duas únicas filhas brigando no chão de uma igreja.
RENATO: Mas a Thais teve o que mereceu. Ela colheu o que plantou.
PAULA: Você tem razão.
(Paula dá um beijo em Renato)
RENATO: E então, para quando iremos remarcar o nosso casamento?
PAULA: Para o mais breve possível.
(O casal se beija)

Cena 5/ Apartamento de Guilherme/ Sala/ Interno/ Dia
GUILHERME: Eu já disse que não tem nada aqui que se ligue à morte do meu tio.
DELEGADO: Se não há nada mesmo, como você está afirmando, minha equipe irá descobrir.
(Malaquias se aproxima)
MALAQUIAS: Nada, delegado. 
GUILHERME: Eu não disse? Eu sou inocente. Eu não matei o tio Ramiro.
DELEGADO: Um dia, nós iremos saber se isso é verdade. Vamos embora, gente.
(O delegado e sua equipe saem.)

Cena 6/ Faculdade/ Sala de aula/ Interno/ Dia
(Juliana está sentada. Roberta se aproxima)
ROBERTA: Eu quero falar com você.
JULIANA: Já pensou sobre a palestra? Pensei que você iria trazer a resposta só amanhã.
ROBERTA: Pensei e eu aceito. Quem sabe, essa palestra não ajuda a amenizar esse preconceito, não é verdade?
JULIANA: É isso aí. Eu fico feliz por ter aceitado.
ROBERTA: Tenho outra coisa para te dizer. É sobre sua madrasta Fátima.
JULIANA: Ah não, Roberta. Ela ainda está na recepção?
ROBERTA: Parece que já foi embora. Juliana, a Fátima me fez uma proposta. Ela descobriu que eu tenho AIDS.
JULIANA: Roberta, eu juro que não fui eu. Primeiro, porque eu detesto a Fátima e segundo, porque já faz milhões de anos que eu não vou ao apartamento do meu pai.
ROBERTA: Eu não estou te acusando de nada. Continuando, a Fátima descobriu que eu tenho AIDS e disse também que estava disposta a pagar meu tratamento, caso eu transmitisse o vírus HIV para você.
JULIANA: Como é? Eu na acredito nisso. E você aceitou?
ROBERTA: Claro que não. Eu não vou te contaminar com o vírus, fica tranqüila. Eu só queria que você soubesse disso como recompensa à palestra que você vai oferecer sobre a minha doença.
JULIANA: Obrigada, então.
ROBERTA: Eu que agradeço pela sua ajuda. Quem diria, hein? Você, a garota que eu mais odeio na face da terra, sendo a única a me oferecer ajuda.

Cena 7/ Hospital/ Quarto de Jéssica/ Interno/ Dia
(Luciana entra)
LUCIANA: Com licença.
JÉSSICA: Madrinha. Que bom que você está aqui. O Bruno também está?
LUCIANA: Estava. Eu o aconselhei a ir a casa para comer alguma coisa, tomar um banho.
JÉSSICA: Que bom. Eu não queria que ele visse o que vai me acontecer agora.
LUCIANA: Do que você está falando?
(O médico aparece)
MÉDICO: Eu explico melhor. Dona Luciana, eu decidi cortar os cabelos da Jéssica para ajudar melhor na quimioterapia e retardar a dispersão do câncer.
LUCIANA: E você, Jéssica? Você quer mesmo cortar os cabelos?
JÉSSICA: É o que me resta, não é verdade? Afinal, é a minha vida que está em jogo. Você fica aqui comigo, dando a força que eu preciso?
LUCIANA: Claro.
MÉDICO: Preparada?
JÉSSICA: Preparada.
(Uma enfermeira aparece, acomoda Jéssica na cadeira e começa a cortar o cabelo da menina. Jéssica olha para Luciana, que olha para Jéssica. Jéssica dá um leve sorriso para a menina e seus olhos se enchem d’água. Os olhos de Luciana marejam)

Cena 8/ Cabana/ Interno/ Dia
LUCELIA: É aqui o esconderijo, nesse muquifo no meio do mato?
CÉSAR: Se não está satisfeita, pode ir embora.
LUCÉLIA: Claro que não. Por tua burrice, de suspeita virei a fugitiva da polícia. Sim, porque, agora, os policiais estão me enxergando como sua cúmplice com certeza.
CÉSAR: Falando nos policiais, será que eles já foram me procurar lá na favela?
LUCÉLIA: Pelas horas, eu tenho certeza que sim.

Cena 9/ Paisagens do Rio de Janeiro/ Noite

Cena 10/ Restaurante/ Interno/ Noite
GUILHERME: Fiquei bastante surpreso com a sua ligação e cm o convite.
JULIANA: Eu fiquei surpresa de o senhor não ter trazido a desprezível da Fátima a tiracolo. Ainda bem, né? Afinal, o assunto que eu quero ter com o senhor é sobre ela mesmo.
GUILHERME: Sobre a Fátima?
JULIANA: Sim. A Fátima foi à minha faculdade hoje para falar comigo.
GUILHERME: E o que ela queria?
JULIANA: Não sei. Eu não quis falar com ela. Mas uma colega de classe minha que tem AIDS foi falar com ela e a bomba vem aí. A Fátima propôs à Roberta, essa menina que tem AIDS, que ela transmitisse o vírus HIV para mim.
GUILHERME: A Fátima fez isso? Desgraçada.
JULIANA: Pai, o senhor tem que tomar alguma providência em relação à Fátima. Já estou começando a ficar com medo dela.

Cena 11/ Galpão/ Interno/ Noite
LARISSA: Tadinha da Paula. Pena que não posso visitá-la e dar a ela o meu apoio.
OTÁVIO: Quem diria, hein? A própria irmã gêmea cometer uma atrocidade dessas. Mas, mudando de assunto, você tem certeza que quer continuar aqui? Eu posso te hospedar em algum hotel.
LARISSA: Não, Otávio. Aqui chama menos atenção.
(Alguém bate na porta)
LARISSA: Quem será?
OTÁVIO: Fica tranqüila. Deve ser o Sérgio.
(Otávio abre a porta)
OTÁVIO: Sérgio?
SÉRGIO: Oi, pai.
LARISSA: Filho.
SÉRGIO: Mãe.
(Larissa e Sérgio se abraçam, emocionados)
OTÁVIO: Entra Alberto.
ALBERTO: Com licença.
LARISSA: Alberto, que bom que você veio. Tudo bem?
ALBERTO: Tudo e com você?
LARISSA: Estou ótima. Soube que você e o Sérgio passaram a se dar bem. Fiquei muito feliz com isso.

Cena 12/ Apartamento de Adriana/ Sala/ Interno/ Noite
(A campainha toca e Adriana atende)
ADRIANA: Quem é você?
HOMEM: Doutor Arlindo, advogado do Otávio. Eu vim tratar sobre o divórcio de vocês dois.
ADRIANA: Divórcio? Eu não vou me divorciar do Otávio.
HOMEM: Ele disse que você vai.
ADRIANA: O Otávio não decide as coisas por mim.
HOMEM: Nesse caso, eu acho que ele decidiu. Ele disse que, se você não aceitar a separação, ele vai mandar todas as provas que tem contra você para polícia. E então?

Cena 13/ Apartamento de Guilherme/ Sala/ Interno/ Noite
(Fátima está deitada, lendo uma revista. Guilherme chega, abrindo fortemente a porta e assustando Fátima)
GUILHERME: Ordinária. Vadia.
FÁTIMA: O que está acontecendo, Guilherme? Por que você está falando assim comigo?
(Guilherme avança em Fátima, enforcando-a)
GUILHERME: Eu te avisei para não mexer com a minha filha. Agora, você vai sofrer as devidas conseqüências. Eu vu te matar, Fátima.
FÁTIMA (falando com dificuldade): Você está me sufocando e me pressionando. Larga.
(Fátima consegue mover a cabeça e morde o braço de Guilherme, que grita de dor, soltando-a. Fátima se levanta do sofá, pega um vaso de vidro e atinge Guilherme. Fátima corre em direção as escadas. Guilherme vai logo atrás. Fátima desce as escadas e se dirige á portaria do prédio. Guilherme faz o mesmo caminho. Fátima atravessa uma rua movimentada e é atropelada por um carro. Da recepção, Guilherme vê a cena)
(Congela em Fátima, caída no chão da avenida, com o rosto ensangüentado)

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