segunda-feira, 22 de abril de 2013

Vida Fatal - Capítulo 56


Cena 1/ Delegacia/ Sala de visita/ Interno/ Dia
ADRIANA: Larga meu braço. Você está me machucando.
LARISSA: Confessa que você matou o Ramiro.
ADRIANA: Eu não matei ninguém. Desse crime, eu sou inocente. Se não quiser acreditar na minha palavra, não acredita. O problema é seu.
LARISSA: Você acha que alguém vai acreditar em alguma coisa que sai da boca de uma pessoa do teu nível, como você? Confessa vadia.
ADRIANA: Larga meu braço.
LARISSA: Eu sei que você é assassina do Ramiro e eu vou ouvir essa confissão da sua boca, nem que seja à base de pancada.
(Larissa dá vários tapas na cara de Adriana)
ADRIANA: Socorro. Guardas, policiais. Alguém tira essa maluca de cima de mim.
LARISSA: Confessa ordinária, assassina.
(Larissa segue estapeando Adriana. Um guarda abre a porta e entra na sala. O guarda segura Larissa. Adriana se levanta)
ADRIANA: Maluca
(Adriana sai)
LARISSA (sendo segurada pelo guarda): Foi ela; seu guarda. Foi ela que matou o seu Ramiro. Ela é a assassina. Não deixa ela  escapar. Pega ela. PEGA ELA!

Cena 2/ Apartamento de Luciana/ Sala/ Interno/ Dia
LUCIANA: Vai embora.
GUILHERME: Só com minha filha a tiracolo.
LUCIANA: A Juliana ainda não chegou da faculdade. Satisfeito?
GUILHERME: Eu não acredito em você.
LUCIANA: Se você der um passo com a pretensão de entrar na minha casa, eu ligo para a polícia e te denuncio por invasão.
GUILHERME: Peste maldita. Escuta bem o que eu vou te dizer: a Juliana é minha filha e vai ser comigo que ela ficar, como sempre foi.
(Guilherme sai)

Cena 3/ Paisagens do Rio de Janeiro/ Alternando entre Dia e Noite

Cena 4/ Delegacia/ Cela de César e Brutus/ Interno/ Dia
BRUTUS: Quando é mesmo que você vai pôr em prática esse plano de fuga?
CÉSAR: Calma. 
(Brutus pega no braço de César)
BRUTUS: Você não está pensando em tirar sarro da minha cara, não é?
CÉSAR: Claro que não, Brutus. Agora dá para largar meu braço ou ta muito difícil?
(Brutus larga o braço de César)

Cena 5/ Hospício/ Pátio/ Interno/ Dia
(Luzia e Sara estão sentadas em um banco. Paula se aproxima das duas)
PAULA: Estão preparadas?
LUZIA: Estamos.
PAULA: Maravilha.

Cena 6/ Delegacia/ Sala de visitas/ Interno/ Dia
(O guarda abre a porta da sala e Larissa entra.)
LARISSA: Alberto?
ALBERTO: Como você está?
LARISSA: Estou levando a vida.
ALBERTO: Estou morrendo de saudades de você. Na verdade, todos estão com saudades.
LARISSA: Tem notícias do Sérgio? Ele ainda não veio me visitar.
ALBERTO: Não tenho. Você sabe que ele me odeia, não é?
LARISSA: Não é assim, Alberto. Dê mais um tempo para o Sérgio se acostumar com a idéia.
ALBERTO: É o que eu mais faço: dar tempo para o Sérgio. Mas e você? Estão te tratando bem? 
LARISSA: Até que estão. Poderia ser bem pior, não é? Mas graças a Deus, ainda não arranjei nenhuma confusão com a Montanha.
ALBERTO: Quem?
LARISSA: A Montanha, minha companheira de cela.
ALBERTO: Ah sim. Estou me sentindo tão impotente em relação a isso.
LARISSA: Como assim?
ALBERTO: Eu queria estar fazendo alguma coisa para te tirar daqui, mas tudo o que eu faço não adianta, não dá certo.
LARISSA: Não se sinta assim, Alberto.
ALBERTO: Mas eu te prometo que você vai sair daqui o mais rápido possível. Eu vou te tirar daqui, meu amor.
(Alberto aproxima seu rosto para beijar Larissa, mas ela se esquiva)
ALBERTO: O que foi?
LARISSA: Eu estava esperando uma brecha na nossa conversa para eu te contar uma coisa. Algo que eu venho pensando desde que eu cheguei aqui.
ALBERTO: Do quê você está falando?
LARISSA: Da gente, Alberto. Eu sei que esse não é o lugar mais adequado para te dizer isso, mas, eu acho que acabou, Alberto. Eu acho que não existe mais eu e você.
ALBERTO: Como assim?
LARISSA: Eu quero terminar o nosso relacionamento, Alberto. 
ALBERTO: Não acredito nisso. Por quê?
LARISSA: Porque ele não tem mais futuro, mais planejamentos. Alberto, eu gosto muito de você, mas nós temos que ser realistas e racionais. Nosso namoro não vai mais decolar, e eu sinto que você sabe disso.
ALBERTO: Você ainda gosta do Otávio? Apesar de tudo, você ainda o ama, não é verdade?
LARISSA: É verdade.
ALBERTO: E você tem esperanças que ele apareça aqui com um plano mirabolante e te tire daqui?
LARISSA: Eu não espero nada dele, Alberto. Eu só não posso mais te enganar, me enganar. Por mais que eu queira, meu coração é do Otávio, só do Otávio.
ALBERTO: Larissa, o Otávio está com a Adriana agora.
LARISSA: E daí? O Otávio pode estar com qualquer uma, mas ele continuará sendo o único homem que fará meu coração bater mais rápido, minha respiração ficar aguçada. Desculpa ter que te dizer isso, mas é a verdade e eu não tenho esse direito de te iludir, de fazer você pensar que existe alguma possibilidade da gente construir uma família, olhar pra frente e se comportar como um casal detentor de um amor forte e poderoso, porque não vai ser assim. Eu sei, você sabe.
ALBERTO: Tudo bem. Já que você prefere assim. Mas, olha... (pausa) Guarda. Guarda.
(O guarda aparece no portão)
ALBERTO: Abra aqui pra mim, por favor.
(O guarda abre o portão. Alberto caminha em direção ao portão e pára no meio dele. Ele vira e olha para Larissa. Uma lágrima desce dos olhos de Alberto e ele dá um leve sorriso para Larissa. Alberto vira as costas para Larissa e sai)

Cena 7/ Casa de Paula/ Sala/ Interno/ Dia
 THAIS (fingindo ser Paula): Amor, eu estou pensando em fazer aquela torta de sardinha que você adora para o jantar. Que tal?
RENATO: Torta de sardinha, Paula? Você sabe mais do que ninguém que eu odeio torta.
THAIS: Ah, é verdade. Desculpa meu amor. Essa gravidez está me deixando maluca.
RENATO: Paula, cadê a dona Luzia?
THAIS: Minha mãe?
RENATO: Sim. 
THAIS: Você não sabia? Eu pensei que eu tinha te contado; amor.
RENATO: Contado o quê, Paula?
THAIS: Mamãe voltou para Ribeirão Preto.
RENATO: Pra Ribeirão Preto? Por que você a deixou fazer isso? Naquele dia que nós fomos até Ribeirão para vê-la, você disse que não ia mais deixar ela voltar para lá.
THAIS: Pois é, mas você sabe como é a mamãe, Renato. Ela quis tanto ir para Ribeirão Preto que foi. O que eu poderia fazer?
RENATO: Você já foi muito mais amorosa com sua mãe, Paula. O que está acontecendo?
THAIS: Eu já disse que não aconteceu nada, Renato. 

Cena 8/ Mansão Martins/ Sala/ Interno/ Dia
SÉRGIO: Diga-me, pai. O que nós vamos fazer para tirar minha mãe daquela cadeia?
OTÁVIO: Calma, Sérgio.
SÉRGIO: Calma? Eu não agüento mais ficar calmo, pai.  O senhor acha que está sendo fácil saber que minha mãe está presa e eu não posso fazer nada?
OTÁVIO: Confia em mim, Sérgio. Eu vou tirar sua mãe de lá. Você confia em mim? Confia ou não confia, hein?

Cena 9/ Hospício/ Pátio/ Interno/ Dia
(Paula, Sara e Luzia estão sentadas no banco. Paula levanta-se)
PAULA: É agora, gente. Sara, você sabe o que fazer, não sabe?
SARA: Sei.
PAULA: E você, mãe?
LUZIA: Também sei.
PAULA: Ótimo. Sara, vá para o centro do pátio e mãe, vá ficar perto do resistor. Quando a Sara fingir o ataque, a senhora já desliga a cerca elétrica.
LUZIA: Certo.
(Luzia se aproxima do resistor)
PAULA: Vai dar tudo certo.
SARA: Eu sei que vai
(Sara vai para o centro do pátio. Ela olha para Paula, que pisca para ela.)
SARA (com a mão na barriga e fingindo se tremer): Socorro. Alguém me ajuda. Socorro.
(Os enfermeiros se aproximam de Sara. Ela, tremendo, cai ao chão e diversas pessoas que estão no pátio formam um círculo ao redor dela. Paula olha para Luzia, que mexe no resistor e desliga a cerca elétrica)
LUZIA (olhando para Paula e fazendo um gesto de “tudo certo”): Bingo.
(Paula sobe no banco e pula o muro. Do lado de fora, numa calçada, Paula solta os cabelos e corre)

Cena 10/ Mansão Martins/ Sala/ Interno/ Dia
SÉRGIO: É claro que eu confio no senhor, pai.
OTÁVIO: Então. Eu te prometo que vou tirar a Larissa de lá.
(A campainha toca e Otávio atende)
OTÁVIO: Paula? O que aconteceu? Que roupa de hospício é essa?
PAULA: Oi Otávio. A Larissa está?
OTÁVIO: Como? Por que você está perguntando isso? Eu te avisei da prisão da Larissa ontem.
PAULA: A Larissa foi presa?
OTÁVIO: Paula, o que está acontecendo? Eu te avisei isso ontem.
PAULA: Não, Otávio. Você avisou para a Thais, minha irmã gêmea.
OTÁVIO: Nada disso. Eu avisei para você mesma, que você atendeu e disse que era você. Eu não estou ficando louco.
PAULA: Não era eu, Otávio. Era a Thais. Sabe por que não era eu? Por que eu passei essa semana inteira trancafiada em um hospício, enquanto a Thais está aí, livre, se passando por mim, fingindo ser eu.
OTÁVIO: Como é? A sua irmã gêmea está fingindo ser você?
PAULA: Isso mesmo. E para que isso desse certo, ela me jogou num hospício. Eu acabei de fugir de lá. E para piorar ainda mais, a Thais colocou minha mãe no sanatório também. Otávio, você precisa me ajudar a tirar minha mãe daquele lugar.
OTÁVIO: Claro. Do que você precisa?
PAULA: De roupas justíssimas, que grudem no meu corpo. Eu preciso se passar pela Thais para tirar minha mãe do hospício. Só assim, eu conseguirei tirá-la de lá.
(Congela em Paula)

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