segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Capitulo 1 de Pulo do Gato

CENA 01 / INTERIOR / CASA GILBERTO E TEREZINHA / SALA / MANHÃ.

Pés de Terezinha pondo o café da manhã na mesa. Ao pôr o café ali, é possível ver, no rádio relógio que são 5h30 da manhã. Pés de Gilberto, que acabou de sair do banho, na sala.

GILBERTO – Cadê minha cueca, Terezinha?
TEREZINHA – Cacete, Gilberto, tá molhando o chão todo!
GILBERTO – (ignorando) Hein, Terezinha, cadê minha cueca?
TEREZINHA – Por que você não se enrolou numa toalha?! Tá molhando tudo!
GILBERTO – Não tinha toalha lá dentro do banheiro, caramba. Além de esquecer a minha cueca, você esquece da toalha também.

Silêncio. Já é revelado o rosto e Terezinha, que está indignada com o comentário do irmão.

TEREZINHA – Quer dizer que além de eu ter que lavar tuas cuecas e fazer teu café, eu ainda tenho que me lembrar de colocar toalha no banheiro pra donzela?
GILBERTO – Anda Terezinha! Cadê minha cueca?! Tô com sono e ainda tenho que me arrumar pra descer o morro. Hoje o ônibus sai 6h15, cacete.
TEREZINHA – Quer a cueca?
GILBERTO – (implorando) Para de palhaçada, Tereza!

Terezinha pega a cueca, que estava debaixo de uma pilha de roupas limpas, toda limpinha e dobradinha. Em seguida, ela pega a roupa íntima e joga na poça que Gilberto acabou fazendo após sair do banho sem toalha.

GILBERTO – (atônito) Porra, Terezinha! Minha cueca!
TEREZINHA – (esfregando a cueca na poça) Porra é o cacete! Não sou tua escrava nem tua empregada muito menos as tuas mulheres! Sou a tua irmã!
GILBERTO – Mas que mulheres você tá falando, mulher? Não dormiu ninguém aqui essa noite.

Terezinha torce a cueca COMPLETAMENTE molhada em cima da cabeça de Gilberto.

TEREZINHA – E nem poderia. Quem dormiria com você já que pinto é desse tamanho?

Gilberto olha pro próprio pinto, envergonhado. Em seguida, Terezinha joga a toalha no meio das pernas do irmão.

TEREZINHA – Quer um conselho? Pratica sozinho. Agora quem precisa descer o morro pra trabalhar sou eu, querido.

Terezinha bate a porta e deixa Gilberto humilhado no meio da sala.

CORTA PARA:

CENA 02 / EXTERIOR / MORRO D’ÁGUA / MANHÃ.

Terezinha está descendo o morro. Enquanto vai passando, as pessoas cumprimentam a moça, que continua olhando para frente, esnobando os cumprimentos.

VIZINHA 1 – Mas que menina mal-educada!
LAURA DAGMAR – (um pouco mais atrás) É falta de homem!

TEREZINHA – (bate na bunda) Minha bunda é muito grande, querida! Sabe por quê? Absorve inveja de recalcadas que nem você! Aliás, se eu estou com falta de homem, é porque a Maria Papa-Macho dá pra todo mundo.

L. DAGMAR – Tá falando que eu sou vadia?
TEREZINHA – Lógico.

Terezinha deixa Laura Dagmar falando sozinha. Assim que está descendo a escada, encontra Calixto com uma mochila nas costas um pouco mais à sua frente. De surpresa e sem ninguém por perto, ela aperta as partes íntimas do amante. Calixto para, assustado, e quando vê a mão pintada com o esmalte vermelho, relaxa.

CALIXTO – Esmalte vermelho...
TEREZINHA – Vermelho cachorra, querido.
CALIXTO – Você não pode sair apertando meu pau por aí, Terezinha. Vai que alguém vê?

Os dois passam a descer a escada juntos.

TEREZINHA – (vê a mochila de Calixto) Vai pra onde, Maria?
CALIXTO – Arrumei um bico de marceneiro.
TEREZINHA – Aonde? Na Amazônia?
CALIXTO – Não, vou lustrar essa tua cara de pau.
TEREZINHA – Bem, hoje o plano não pode dar errado de jeito NENHUM!
CALIXTO – Fica tranquila, sou profissa já. Cadê teu irmão?           
TEREZINHA – Tá lá se arrumando pro trabalho dele.  E eu aqui: pobre e miserável. Tu vai ver, Calixto, um dia eu vou ficar rica e sair desse morro nojento. (cospe no chão).
CALIXTO – Acordou nervosinha hoje, viu? Faz o seguinte: no final do expediente, passa lá no meu barraco que eu te acalmo rapidinho.

Terezinha sorri e rouba um selinho de Calixto e começa a descer escada mais rápido do que ele.

CALIXTO – Ai, ai, Terezinha... Assim você me mata...

CORTA PARA:

CENA 03 / INTERIOR / CASA GILBERTO  E TEREZINHA / SALA / MANHÃ

Gilberto se arruma CORRENDO para o trabalho.

CORTA PARA:

CENA 04 / EXTERIOR / MORRO D’ÁGUA / MANHÃ

Gilberto desce CORRENDO o morro. Victor Hugo e Tom passam com umas caixas de verduras nas costas e até tentam falar com ele, mas sem sucesso.

CENA 05 / EXERIOR / MORRO D’ÁGUA / PONTO DE ÔNIBUS / BANHEIRO / MANHÃ

Gilberto chega correndo e cumprimenta todos os seus colegas de trabalho. Em seguida, sente uma vontade desesperada de ir ao banheiro. Lá, encontra Evanir, seu colega de trabalho, fazendo a mesma coisa. Os dois estão mijando quando Gilberto olha de rabo de olho para mictório do colega. Em seguida, olha para o seu próprio pinto e volta a olhar de rabo de olho para o pinto de Evanir.

GILBERTO – (tímido) Evanir, posso te fazer uma pergunta meio indiscreta?
EVANIR – Pode, cara! Nós somos amigos há mais de cinco anos, tu é meu brother! Manda a ver!
GILBERTO – (hesitando) É... Você acha meu peru pequeno?

Evanir olha para Gilberto com uma reação completamente estranha. Em seguida, fecha o zíper. Está pronto para ir embora quando Gilberto segura seu braço.

GILBERTO – Não vai não, cara! Não sou veado não, Evanir... É que hoje de manhã a Tere... uma gostosa que eu comi aí falou que eu não era grandes coisas e tal... Daí eu resolvi perguntar pra você, né?

Reação de Evanir, achando tudo aquilo BEM estranho.

GILBERTO – De homem pra homem...

Piora a reação de Evanir.

EVANIR – Cara... Você quer a verdade?

Gilberto assente com a cabeça. Evanir olha por dentro da calça e para o zíper de Gilberto, que está aberto.

EVANIR – Não que eu goste de macho, mas acho que essa mulher tá certa.

Reação de Gilberto, decepcionado.

GILBERTO – O.K. amigo, desculpa o transtorno...

Gilberto vai embora, desolado. Evanir olha de novo para o próprio pinto.

EVANIR – (para si mesmo) Essa mulher é exigente demais.

CORTA PARA:

CENA 06 / INTERIOR / MORRO D’AGUA / ÔNIBUS / MANHÃ

Os passageiros estão subindo. Evanir de cobrador e Gilberto de motorista. Ambos estão desejando “Bom Dia” aos passageiros que entram.

GILBERTO – (falando alto, meio que para si mesmo) Bora trabalhar, cacete!

Ele dá partida e o ônibus segue viagem.

CORTA PARA:

CENA 07 / EXTERIOR / SALÃO SAUDITA / MANHÃ

Selma e Sandreia estão esperando na porta do salão fechado. Terezinha aparece e Laura Dagmar vem logo atrás.

SELMA – Atrasada de novo, Terezinha.
TEREZINHA – (baixinho) Com essa tua cara de mocreia, ninguém vai querer chegar na hora.
SELMA – Que que você disse?
TEREZINHA – Desculpa, Selma.
SELMA – Pra você é Dona Selma, O.K.? Ótimo... E a senhorita Laura Dagmar também chegou atrasada.
L. DAGMAR – Desculpa, Selminha.
SELMA – Fique sabendo que não vou aturar atraso por causa de homem não, viu?
L. DAGMAR – Mas não foi por causa de homem...

CORTA PARA:

CENA 08 / FLASHBACK / JANELA DE UM QUARTO / MADRUGADA

Laura Dagmar está fugindo do quarto de hotel, pois a mulher do homem com quem estava apareceu e começou a jogar objetos nela. É quando ela cai da janela e cai num arbusto.

CORTA PARA:

CENA 09 / EXTERIOR / MORRO D’ÁGUA / SALÃO SAUDITA / MANHÃ

L. DAGMAR – (CONT.) Foi por causa de uma dorzinha na perna hoje de manhã...
SANDREIA – Bem, com dor ou sem dor vamos trabalhar, mulherada!
SELMA – Isso mesmo, Sandy!

Selma pega a chave na bolsa e abre o salão. Assim que abre, cinco homens armados e encapuzados aparecem apontando armas para as moças.

CALIXTO – Isso é um assalto! Passa a porra da grana, caralho!

Terezinha engole um seco.

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FIM DO CAPÍTULO 1

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