CENA 01 / INTERIOR /
CASA GILBERTO E TEREZINHA / SALA / MANHÃ.
Pés de Terezinha pondo o
café da manhã na mesa. Ao pôr o café ali, é possível ver, no rádio relógio que
são 5h30 da manhã. Pés de Gilberto, que acabou de sair do banho, na sala.
GILBERTO – Cadê minha
cueca, Terezinha?
TEREZINHA – Cacete,
Gilberto, tá molhando o chão todo!
GILBERTO – (ignorando)
Hein, Terezinha, cadê minha cueca?
TEREZINHA – Por que você
não se enrolou numa toalha?! Tá molhando tudo!
GILBERTO – Não tinha toalha
lá dentro do banheiro, caramba. Além de esquecer a minha cueca, você esquece da
toalha também.
Silêncio. Já é revelado o
rosto e Terezinha, que está indignada com o comentário do irmão.
TEREZINHA – Quer dizer que
além de eu ter que lavar tuas cuecas e fazer teu café, eu ainda tenho que me
lembrar de colocar toalha no banheiro pra donzela?
GILBERTO – Anda Terezinha!
Cadê minha cueca?! Tô com sono e ainda tenho que me arrumar pra descer o morro.
Hoje o ônibus sai 6h15, cacete.
TEREZINHA – Quer a cueca?
GILBERTO – (implorando)
Para de palhaçada, Tereza!
Terezinha pega a cueca, que
estava debaixo de uma pilha de roupas limpas, toda limpinha e dobradinha. Em
seguida, ela pega a roupa íntima e joga na poça que Gilberto acabou fazendo
após sair do banho sem toalha.
GILBERTO – (atônito) Porra,
Terezinha! Minha cueca!
TEREZINHA – (esfregando a
cueca na poça) Porra é o cacete! Não sou tua escrava nem tua empregada muito
menos as tuas mulheres! Sou a tua irmã!
GILBERTO – Mas que mulheres
você tá falando, mulher? Não dormiu ninguém aqui essa noite.
Terezinha torce a cueca
COMPLETAMENTE molhada em cima da cabeça de Gilberto.
TEREZINHA – E nem poderia.
Quem dormiria com você já que pinto é desse tamanho?
Gilberto olha pro próprio
pinto, envergonhado. Em seguida, Terezinha joga a toalha no meio das pernas do
irmão.
TEREZINHA – Quer um
conselho? Pratica sozinho. Agora quem precisa descer o morro pra trabalhar sou
eu, querido.
Terezinha bate a porta e
deixa Gilberto humilhado no meio da sala.
CORTA PARA:
CENA 02 / EXTERIOR /
MORRO D’ÁGUA / MANHÃ.
Terezinha está descendo o
morro. Enquanto vai passando, as pessoas cumprimentam a moça, que continua
olhando para frente, esnobando os cumprimentos.
VIZINHA 1 – Mas que menina
mal-educada!
LAURA DAGMAR – (um pouco
mais atrás) É falta de homem!
TEREZINHA – (bate na bunda)
Minha bunda é muito grande, querida! Sabe por quê? Absorve inveja de recalcadas
que nem você! Aliás, se eu estou com falta de homem, é porque a Maria
Papa-Macho dá pra todo mundo.
L. DAGMAR – Tá falando que
eu sou vadia?
TEREZINHA – Lógico.
Terezinha deixa Laura
Dagmar falando sozinha. Assim que está descendo a escada, encontra Calixto com
uma mochila nas costas um pouco mais à sua frente. De surpresa e sem ninguém
por perto, ela aperta as partes íntimas do amante. Calixto para, assustado, e
quando vê a mão pintada com o esmalte vermelho, relaxa.
CALIXTO – Esmalte
vermelho...
TEREZINHA – Vermelho
cachorra, querido.
CALIXTO – Você não pode
sair apertando meu pau por aí, Terezinha. Vai que alguém vê?
Os dois passam a descer a
escada juntos.
TEREZINHA – (vê a mochila
de Calixto) Vai pra onde, Maria?
CALIXTO – Arrumei um bico
de marceneiro.
TEREZINHA – Aonde? Na
Amazônia?
CALIXTO – Não, vou lustrar
essa tua cara de pau.
TEREZINHA – Bem, hoje o
plano não pode dar errado de jeito NENHUM!
CALIXTO – Fica tranquila,
sou profissa já. Cadê teu irmão?
TEREZINHA – Tá lá se
arrumando pro trabalho dele. E eu aqui:
pobre e miserável. Tu vai ver, Calixto, um dia eu vou ficar rica e sair desse
morro nojento. (cospe no chão).
CALIXTO – Acordou
nervosinha hoje, viu? Faz o seguinte: no final do expediente, passa lá no meu
barraco que eu te acalmo rapidinho.
Terezinha sorri e rouba um
selinho de Calixto e começa a descer escada mais rápido do que ele.
CALIXTO – Ai, ai,
Terezinha... Assim você me mata...
CORTA PARA:
CENA 03 / INTERIOR /
CASA GILBERTO E TEREZINHA / SALA / MANHÃ
Gilberto se arruma CORRENDO
para o trabalho.
CORTA PARA:
CENA 04 / EXTERIOR /
MORRO D’ÁGUA / MANHÃ
Gilberto desce CORRENDO o
morro. Victor Hugo e Tom passam com umas caixas de verduras nas costas e até
tentam falar com ele, mas sem sucesso.
CENA 05 / EXERIOR /
MORRO D’ÁGUA / PONTO DE ÔNIBUS / BANHEIRO / MANHÃ
Gilberto chega correndo e
cumprimenta todos os seus colegas de trabalho. Em seguida, sente uma vontade
desesperada de ir ao banheiro. Lá, encontra Evanir, seu colega de trabalho,
fazendo a mesma coisa. Os dois estão mijando quando Gilberto olha de rabo de
olho para mictório do colega. Em seguida, olha para o seu próprio pinto e volta
a olhar de rabo de olho para o pinto de Evanir.
GILBERTO – (tímido) Evanir,
posso te fazer uma pergunta meio indiscreta?
EVANIR – Pode, cara! Nós
somos amigos há mais de cinco anos, tu é meu brother! Manda a ver!
GILBERTO – (hesitando) É...
Você acha meu peru pequeno?
Evanir olha para Gilberto
com uma reação completamente estranha. Em seguida, fecha o zíper. Está pronto
para ir embora quando Gilberto segura seu braço.
GILBERTO – Não vai não,
cara! Não sou veado não, Evanir... É que hoje de manhã a Tere... uma gostosa
que eu comi aí falou que eu não era grandes coisas e tal... Daí eu resolvi
perguntar pra você, né?
Reação de Evanir, achando
tudo aquilo BEM estranho.
GILBERTO – De homem pra
homem...
Piora a reação de Evanir.
EVANIR – Cara... Você quer
a verdade?
Gilberto assente com a
cabeça. Evanir olha por dentro da calça e para o zíper de Gilberto, que está
aberto.
EVANIR – Não que eu goste
de macho, mas acho que essa mulher tá certa.
Reação de Gilberto,
decepcionado.
GILBERTO – O.K. amigo,
desculpa o transtorno...
Gilberto vai embora,
desolado. Evanir olha de novo para o próprio pinto.
EVANIR – (para si mesmo)
Essa mulher é exigente demais.
CORTA PARA:
CENA 06 / INTERIOR /
MORRO D’AGUA / ÔNIBUS / MANHÃ
Os passageiros estão
subindo. Evanir de cobrador e Gilberto de motorista. Ambos estão desejando “Bom
Dia” aos passageiros que entram.
GILBERTO – (falando alto,
meio que para si mesmo) Bora trabalhar, cacete!
Ele dá partida e o ônibus segue
viagem.
CORTA PARA:
CENA 07 / EXTERIOR /
SALÃO SAUDITA / MANHÃ
Selma e Sandreia estão
esperando na porta do salão fechado. Terezinha aparece e Laura Dagmar vem logo
atrás.
SELMA – Atrasada de novo,
Terezinha.
TEREZINHA – (baixinho) Com
essa tua cara de mocreia, ninguém vai querer chegar na hora.
SELMA – Que que você disse?
TEREZINHA – Desculpa,
Selma.
SELMA – Pra você é Dona
Selma, O.K.? Ótimo... E a senhorita Laura Dagmar também chegou atrasada.
L. DAGMAR – Desculpa, Selminha.
SELMA – Fique sabendo que
não vou aturar atraso por causa de homem não, viu?
L. DAGMAR – Mas não foi por
causa de homem...
CORTA PARA:
CENA 08 / FLASHBACK /
JANELA DE UM QUARTO / MADRUGADA
Laura Dagmar está fugindo
do quarto de hotel, pois a mulher do homem com quem estava apareceu e começou a
jogar objetos nela. É quando ela cai da janela e cai num arbusto.
CORTA PARA:
CENA 09 / EXTERIOR / MORRO D’ÁGUA / SALÃO SAUDITA /
MANHÃ
L. DAGMAR – (CONT.) Foi por
causa de uma dorzinha na perna hoje de manhã...
SANDREIA – Bem, com dor ou
sem dor vamos trabalhar, mulherada!
SELMA – Isso mesmo, Sandy!
Selma pega a chave na bolsa
e abre o salão. Assim que abre, cinco homens armados e encapuzados aparecem
apontando armas para as moças.
CALIXTO – Isso é um
assalto! Passa a porra da grana, caralho!
Terezinha engole um seco.
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FIM DO CAPÍTULO 1
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