quarta-feira, 6 de junho de 2012

Capitulo 23 de Batalha do Éden


CENA 01 / INTERIOR / HOSPITAL / MADRUGADA

Sandra começa a chorar.

SANDRA – Coma? Como assim?!
DOUTOR – Ele sofreu uma grave lesão na cabeça e vários escoramentos. É melhor que ele fique sedado para não      sentir tanta dor.

Sandra grita e começa a fazer um escândalo. Desesperada, ela desmaia e cai sob os braços dos enfermeiros. Entra narrativa:

                “O destino de Sandra estava no ‘fim do meio’, como podemos dizer. Logo, logo, seu sofrimento passaria e ela seria feliz novamente. Precisava sofrer para aprender a ser feliz”.

CORTA PARA:

CENA 02 / INTERIOR / CABARÉ DO CANIL / QUARTO 1 / MADRUGADA

Norma, Hermélia e Pomba-gira estão junto com Jussara e Petrus, em um quarto vago.

NORMA – Podem dormir aí o tempo que precisarem. Sei que não é muita coisa, mas é o que eu posso oferecer.
JUSSARA – Que isso, dona Norma?! Está ótimo. Pra quem sofreu um acidente de barco e dormiu em uma ilha, me        sinto no paraíso.
PETRUS – Eu também. Preciso descansar, e muito! Amanhã o dia será cheio.
POMBA-GIRA – Pois é, Petrus. Estou sabendo que os dois estão sendo procurados pelos militares.
PETRUS – Precisávamos fugir para fazer com que Jussara concluísse a sua vingança.
JUSSARA – Não é uma vingança... Só quero o que é meu, do meu pai e da minha avó de novo em nossas mãos.         Waleshka que se exploda... Ah, é: isso já aconteceu.

Todos riem.

HERMÉLIA – Agora precisamos nos preparar, porque os próximos meses serão muito complicados... Teremos que dar                 muitas explicações.
NORMA – Pode ficar tranquila que isso eu resolvo pra vocês. Agora, vamos deixar os dois dormirem, porque nós         também precisamos.

Pomba-gira, Hermélia e Norma saem do quarto. Petrus se joga em sua cama e Jussara, na sua.

JUSSARA – Muito obrigada por tudo, Petrus.
PETRUS – Tenho que me desculpar pelo sequestro... Sou pau mandado, garota. Faço o que mandam eu fazer.
JUSSARA – Você nunca teve família?
PETRUS – Acho que já está na hora de dormir.

Petrus se vira e Jussara, frustrada, apaga o abajur.

CORTA PARA:

CENA 03 / INTERIOR / CABARÉ DO CANIL / QUARTO 2 / MADRUGADA

Norma, Hermélia, Pomba-gira, Terezinha e Cacildes chegam ao segundo quarto vago do cabaré.

NORMA – Então, Terezinha, você foi abandonada pela Waleshka num orfanato pra bandidos no Maranhão?
TEREZINHA – (triste) Por aí...
NORMA – Mas como você e o Benoliel se sustentavam durante este tempo todo?

Todos olham para Terezinha, que pensam em uma resposta rápida.

TEREZINHA – Tínhamos nossas economias. O suficiente para voltar, montar uma bomba e acabar com aquela                             desgraça.

Entra flashback:

CAPÍTULO 14
CENA 06 / INTERIOR / QUARTINHO / NOITE

Benoliel, antes de sair, fecha a porta do quartinho.

BENOLIEL – Tá levando a princesa?
TEREZINHA – Cacete! Ainda bem que você me lembrou!

Terezinha vai correndo até o seu armário pegar a bomba caseira e enfia debaixo do casaco que está levando.

BENOLIEL – Cuidado pra isso não estourar, hem.
TEREZINHA – Só se for na cara da Waleshka.

Fim do flashback.

CORTA PARA:

INTERIOR / CABARÉ DO CANIL / QUARTO 2 / MADRUGADA

NORMA – Pois a desgraçada está acabada e não há possibilidade de volta. Terezinha, você dorme aqui, junto com     Hermélia e com Pomba-gira.
HERMÉLIA – E a Cacildes?
CACILDES – Bem, dona Hermélia, acho que já está na hora de eu sair de cena, não acha?
POMBA-GIRA – Como assim, mulher?
CACILDES – 99% das pessoas com que eu estou acompanhada estão sendo procuradas pela polícia. Como sou fugida               do FBI, não acho uma boa ficar perto de vocês. Adeus, foi bom enquanto durou.

Cacildes quebra a janela e foge dali.

TEREZINHA – (baixinho) Essa aí é das minhas...

Norma corre até a janela que está quebrada e fica parada, vendo a mulher fugir.

NORMA – (gritando) Vai ter que pagar, desgraçada!

Pomba-gira ri e começa a arruma a cama em que vai dormir junto com Hermélia. Terezinha, que vai dormir no chão, deita em seu colchão já feito ao lado da cama.

POMBA-GIRA – Vamos dormir, gente. Boa noite.

Todos se cumprimentam e Norma vai embora.

CORTA PARA:

Amanhece.

CENA 04 / INTERIOR / DELEGACIA / TARDE

Lucília termina de assinar uns papeis que garantem a sua liberação. Em seguida, ela pega seus pertences e vai embora. Entra narrativa:

“Lucília bem que tentou vingar seu antigo amor de infância, Leôncio, fazendo Waleshka ficar na miséria. Porém, pelo o que viu ontem, percebeu que a macabra bruxa tinha vários desafetos. Mas como iria adivinhar?! Quando Leôncio foi embora da vila onde moravam, no interior de Minas Gerais, sempre  sentiu saudades de seu amor de criança – um dos poucos que era puro daquele jeito.  
Em um dia qualquer, foi atropelada por um carrão (coisa de gente rica) e advinha quem o dirigia? Waleshka. Com medo de que o acidente caísse nas mãos da mídia, a perua acolheu Lucília e passou a dar uma mesada mensal a ela. Com o tempo, foi se aproximando da viúva e as duas viraram amigas – melhores amigas. A mesma passou a inventar segredos íntimos para continuar a ter a confiança de Waleshka, cuja contava seus segredos íntimos (e verdadeiros).
Quando soube que Leôncio era o marido da ‘amiga’, Lucília procurou investigar mais sobre o casamento e descobriu que tinham uma filha, que Waleshka matou a sangue frio na frente de todo um cruzeiro. Só não foi presa porque deu dois milhões de dólares para cada um dos sobreviventes. A Jazira só continuou bem financeiramente, pois desviavam dinheiro público com a ajuda de Roberto, sendo que até Lucília ajudava nas transações.
Disposta a vingar o sofrimento que seu amor de infância teve no passado, estava juntando provas para pôr Waleshka na cadeia. Se soubesse que ela se explodiria, ela mesma teria apressado o serviço.
Agora precisava fugir, e para bem longe, antes que descobrissem que ela tinha alguma coisa a ver com as transações ilegais feitas para a Jazira.”

CORTA PARA:

CENA 05 / INTERIOR / CABARÉ DO CANIL / SALA / TARDE

Norma, Jussara, Petrus, Hermélia, Terezinha e Pomba-gira estão comendo na sala junto com outras prostitutas.

POMBA-GIRA – Mas é lógico que vocês vão fazer um exame no hospital, isso é evidente!
PETRUS – Não acho seguro... Estamos sendo procurados e.../corta
HERMÉLIA – /Não só Petrus e Jussara como a Terezinha também está precisando de um check-up, afinal, descobri que              não tenho apenas ela de neta.
JUSSARA – Nossa, Terezinha, essa história que você me contou da Waleshka é dura, viu? Me sinto em dívida com você.
TEREZINHA – (triste) Não precisa de nada disso. Não quero nada da herança. Legalmente, nem sou filha dela...
NORMA – A situação legal de vocês precisa ser resolvida o quanto antes... Sabem, até fiz um curso de enfermagem,                 mas não tenho a capacidade de fazer os exames que precisam ser feitos.
PETRUS – O que você pensa em fazer com a Jazira, Jussara?
JUSSARA – Mal ou bem, aquilo é o patrimônio do meu pai... Pretendo colocar aquilo em ordem.
POMBA-GIRA – Falando em pai, e a Sandra e Eclésio?

Jussara engasga com um pedaço de carne.

JUSSARA – Pois é! Meu Deus, nem me liguei nisso! Preciso procura-los agora e.../corta
HERMÉLIA – /Vamos com calma, mocinha. Primeiro, você vai fazer os teus exames e depois você os procura, tudo      bem?
JUSSARA – Mas.../
HERMÉLIA – /Mas nós vamos nos arrumar e ir logo pra lá.

Todos saem da mesa e seguem em direção aos seus quartos para se arrumarem.

CORTA PARA:

CENA 06 / EXTERIOR / JARDINS DO ÉDEN / DESTROÇOS DA MANSÃO / TARDE

A equipe de bombeiros está averiguando os estragos feitos. Veem destroços, pés, mãos, roupas... enfim, várias coisas jogadas ali. No meio daquilo tudo, o corpo de Waleshka está debaixo dos destroços, com os olhos fechados e sem respirar. Quando um dos bombeiros chega perto, toma um susto, pois Waleshka abre os olhos e dá um longo suspiro.

WALESHKA – (ofegante) O inferno começou, queridinha.


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