Vida Fatal - Capítulo 65

Cena 1/ Apartamento de Guilherme/ Recepção/ Interno/ Noite
RECEPCIONISTA: Não é sua esposa que acabou de ser atropelada?
GUILHERME: Sim. Ligue para a ambulância agora.

Cena 2/ Galpão/ Interno/ Noite
(Sérgio e Larissa estão conversando. Ao longe, estão Alberto e Otávio)
OTÁVIO: Eu te chamei aqui para conversar. Eu quero te pedir desculpas pela minha grosseria quando eu te vi com a Larissa na festa do seu Ramiro.
ALBERTO: Sem problemas.
OTÁVIO: Eu fico muito feliz em saber que você e o Sérgio estão se dando bem.
ALBERTO: Eu também.
OTÁVIO: E eu quero que você saiba que eu e Larissa nos reconciliamos.
ALBERTO: Eu imaginei. Olha, Otávio, se você está me dizendo tudo com medo que eu tenha uma reação negativa, pode ficar tranqüilo. Eu sempre soube que a Larissa era apaixonada por você e eu não tenho o direito de empatar a felicidade de vocês dois.
OTÁVIO: Que bom que você pensa assim.
ALBERTO: Mas agora, eu quero que saiba que eu não vou sumir como eu fiz na primeira vez, na época da faculdade. Eu quero curtir esse momento com meu filho.
OTÁVIO: Claro. Você tem toda a razão.

Cena 3/ Cabana/ Interno/ Noite
LUCÉLIA: Essas velas não iluminam nada. Ódio.
(César permanece calado)
LUCÉLIA: César. CÉSAR.
CÉSAR: Oi. O que você quer?
LUCÉLIA: Estava pensando em que?
CÉSAR: No meu futuro. Sabe de uma coisa? Desisti do dinheiro do Ramiro e dessa vingança. Tudo isso só vem me causando problemas.
LUCÉLIA: E por que você não disse isso antes de pensar em roubar a mansão?
CÉSAR: Você sabe criticar e criticar. Que chatice.

Cena 4/ Casa de Roberta/ Quarto/ Interno/ Noite
CARLA: O quê? Você tem noção do que está me pedindo?
ROBERTA: Tenho e não vejo nada demais.
CARLA: Eu não vou contar a verdade para o Bruno nunca.
ROBERTA: Por quê? Acaba com essa mentira e salva a vida da Jéssica.
CARLA: Por que isso agora? Ontem mesmo, você me estimulou a permanecer mentindo e agora quer que eu conte a verdade.
ROBERTA: A Juliana está me ajudando, só isso. Amanhã terá uma palestra na faculdade sobre a AIDS e isso graças a Juliana. Eu não quero que ela sofra com a morte da Jéssica. Uma forma de recompensar essa ajuda.
CARLA: Eu não estou acreditando nisso. Está querendo se redimir com a Juliana. É isso?
ROBERTA: E se for? Você deveria fazer o mesmo e salvar a Jéssica.

Cena 5/ Hospital/ Quarto de Jéssica/ Interno/ Noite
(Alguém bate na porta e entra)
BRUNO: Com licença.
(Rapidamente, Jéssica pega um travesseiro e põe em frente ao rosto)
BRUNO: Ei, por que está escondendo o rosto... (Bruno tira o travesseiro) Você está careca?
JÉSSICA: Eu não queria que você me visse assim.
BRUNO: Mas você está linda com a cabeça raspada.
JÉSSICA: Eu sei que você está dizendo isso só para me deixar melhor.
BRUNO: Não. Estou dizendo isso porque você está linda mesmo.
JÉSSICA: Eu te amo, sabia?
BRUNO: Sabia. E eu te amo mais. Eu vou te salvar, tudo bem? Confia em mim. Eu vou te salvar.
(Bruno abraça Jéssica)

Cena 6/ Paisagens do Rio de Janeiro/ Dia

Cena 7/ Galpão/ Interno/ Dia
OTÁVIO: Que noite maravilhosa.
LARISSA: Também amei dormir ao seu lado. Eu me senti tão protegida.
(O telefone de Otávio toca e ele atende)
OTÁVIO: Alô? Adriana?

Cena 8/ Faculdade/ Auditório/ Interno/ Dia
JULIANA (ao microfone): Eu trouxe aqui o Dr. Pelagro para explicar melhor para vocês sobre a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, a tão conhecida AIDS. Aproveitem.
(Juliana desce do palco, senta-se na platéia e Dr. Pelagro assume o microfone)
PELAGRO: Bom dia
TODOS: Bom dia
PELAGRO: Vim explicar aqui como ocorre os modos de transmissão do HIV, O vírus causador da AIDS.
(A palestra continua fora de áudio)

Cena 9/ Apartamento de Adriana/ Sala/ Interno/ Dia
(A campainha toca e Adriana atende)
ADRIANA: Que bom que você veio. Entra.
OTÁVIO (entrando): Com licença.
ADRIANA: Eu recebi a visita do seu advogado. Como você foi baixo em me obrigar a dar esse maldito divórcio usando o meu passado.
OTÁVIO: Aprendi com você.
ADRIANA: Saiba que ele já passou aqui e eu assinei o documento da separação. Parabéns. Estamos divorciados. E agora, o que você vai fazer? Recasar com a Larissa?
OTÁVIO: A minha vida daqui para frente não é da sua conta. Se você me chamou aqui só para isso, eu já estou indo.
ADRIANA: Eu soube que a Larissa fugiu da cadeia. Algo me diz que você sabe onde ela está.
OTÁVIO: E se eu souber? Qual é o problema?
ADRIANA: Nenhum, mas se a polícia descobrir que você está escondendo uma fugitiva, você sabe que será visto como um cúmplice.
OTÁVIO: Não me importo. O que é relevante é o fato de eu estar ajudando a mulher que eu amo.
ADRIANA: Que meigo.
OTÁVIO: Vou indo porque já é previsível que essa conversa não tem mais futuro.
ADRIANA: Espera. Eu encontrei umas cuecas suas aqui no meu apartamento. Eu vou pegar.
(Adriana vai até a cozinha e Otávio vira-se de costas para ela. Adriana volta com um vaso na mão e atinge Otávio, que cai)


Cena 10/ Galpão/ Interno/ Dia
(Sérgio entra)
SÉRGIO: Mãe?
LARISSA: Sérgio? O que você está fazendo aqui? Não era para estar na faculdade?
SÉRGIO: Resolvi passar aqui antes para ver a senhora. Está tudo bem?
LARISSA: Para falar a verdade, não. A Adriana ligou para o seu pai e ele foi até o apartamento dela. Eu tenho medo que ela faça alguma coisa ruim com seu pai, Sérgio.
SÉRGIO: E agora?
LARISSA: Eu tenho uma idéia. Liga para a polícia e diga ao delegado Paredes que o Otávio foi se encontrar com a Adriana no apartamento dela.
SÉRGIO: Claro.

Cena 11/ Apartamento de Adriana/ Sala/ Interno/ Dia
(Adriana anda em volta de Otávio, que está desacordado. Adriana se agacha e olha para Otávio)
ADRIANA: Otário. (rindo): Ah, Otávio, seu burro. Você assinou sua sentença de morte quando atendeu o meu telefonema e resolveu aparecer aqui na minha casa. Eu sei que eu sou uma gênia. Eu vou acabar com você agora e depois vou acabar com a Larissa e, quem sabe, vocês voltem a se encontrar no Paraíso e formem uma família de anjinhos. Falando em anjos, eu vou te levar para voar, meu amor. Voar bem aqui, no alto do prédio. Eu tenho certeza que você vai adorar.
(Adriana levanta-se, abre a porta, pega Otávio e o arrasta até o corredor)

Cena 12/ Corredor/ Interno/ Dia
(Adriana fecha a porta e arrasta Otávio até ao elevador. Adriana aperta o botão do elevador. Das escadas, surge uma mulher)
MULHER: Ai meu Deus, o que aconteceu com ele?
ADRIANA: É meu marido. Ele desmaiou. Acho que foi a pressão que baixou, mas não precisa se preocupar. Eu já estou levando-o ao médico. Meu carro está estacionado lá embaixo.
MULHER: Nossa. Qualquer coisa pode me chamar aqui, no meu apartamento, ok?
ADRIANA: Claro.
(A mulher entra no apartamento dela. Adriana, ao lado de Otávio, deitado e desacordado, continua na frente do elevador.)
ADRIANA: Droga de elevador. Que demora.
(A porta do elevador abre e Adriana se depara com delegado Paredes, com mais dois policiais)
DELEGADO: Mas o que é isso?
ADRIANA: Meu marido desmaiou. Mas eu já estou levando-o ao médico.
DELEGADO: Você é Adriana Ferreira?
ADRIANA: Sim, sou eu.
DELEGADO: Você não está me reconhecendo?
ADRIANA: Não. Por acaso, eu deveria?
DELEGADO: Sou delegado Paredes. Estou investigando o assassinato do Ramiro. Eu recebi uma ligação de que o Otávio veio encontrar você aqui. Parece que eu cheguei na hora certa.
ADRIANA: Eu não estou entendendo.
DELEGADO: Adriana Ferreira, você está presa por estelionato e tentativa de homicídio.
ADRIANA: Eu, presa?
DELEGADO: Guardas; algemem-na... Agora!
(Congela em Adriana)