Vida Fatal - Capítulo 35

Cena 1/ Áureo Mineração/ Sala de Otávio/ Interno/ Dia
GUILHERME: E então? Demito ou não te demito?
OTÁVIO: Faça o que você quiser.
GUILHERME: Implora pelo teu emprego.
OTÁVIO: Nunca. Eu nunca irei me humilhar para você.
GUILHERME: Então, rua.
OTÁVIO: Eu tenho pena dessa empresa daqui para frente.
GUILHERME: Eu tenho pena de você daqui para frente.
(Otávio abre a porta)
GUILHERME: Ah, tem mais uma coisa. Desocupa a minha mansão.
(Otávio sai e bate a porta)

Cena 2/ Faculdade/ Sala de aula/ Interno/ Dia
SÉRGIO: Topa jantar comigo e com minha mãe?
JULIANA: Será mesmo uma boa idéia?
SÉRGIO: Uma ótima idéia. Fica tranqüila. Minha mãe não vai contar nada. Eu juro isso para você.
JULIANA: Ok. Eu aceito.
Cena 3/ Áureo Mineração/ Sala da presidência/ Interno/ Dia
(Renato entra)
RENATO: Com licença, seu Otá... Guilherme?
GUILHERME: Seu Guilherme.
RENATO: Cadê o Otávio?
GUILHERME: Não trabalha mais aqui. Eu o demiti.
RENATO: Você não pode fazer isso.
GUILHERME: Tanto posso como eu fiz. Agora, o presidente dessa empresa sou eu.
RENATO: Mas como?
GUILHERME: Não é da sua conta. Sabe de uma coisa, Renato? Agora que o Pedrosa viajou, não vejo problema nenhum em deixar você ocupar esse cargo de vice-presidente.
RENATO: Obrigado.
GUILHERME: Não agradeça. Agora, pare de me amolar e vá trabalhar.
RENATO: Sim senhor. 
GUILHERME: E quando quiser entrar na minha sala, me avise com antecedência e bata na porta.
RENATO: Desculpe.
(Renato sai)

Cena 4/ Mansão Martins/ Sala/ Interno/ Dia
ALBERTO: Obrigado.
LARISSA: Pelo o quê? Que feito eu pratiquei?
ALBERTO: Obrigado por me deixar perto do Sérgio, por eu me comunicar com ele. Eu adorei poder me apresentar a ele como seu namorado.
LARISSA: Ah, Alberto. Você pretende falar a verdade para ele?
ALBERTO: Claro que não. Eu sei que essa revelação iria dificultar bastante sua vida. Fique tranqüila. 

Cena 5/ Faculdade/ Escadaria/ Interno/ Dia
(Bruno está subindo, enquanto Roberta está descendo)
ROBERTA: Já viu o visual da sua namoradinha tosca?
BRUNO: Não fale assim da Jéssica.
ROBERTA: Falo do jeito que eu quiser. Cuidado para não se assustar. A mudança foi radical. Estou pensando até em criar uma enquete. Qual visual da capivara você prefere: a sertaneja caipira ou a gótica roedora?
(Roberta desce a escada rindo)

Cena 6/ Faculdade/ Sala de aula/ Interno/ Dia
(Bruno entra na sala e, pasmo, vê Jéssica – com o novo visual – conversando com Juliana e Sérgio)
BRUNO: Posso roubar a minha namorada de vocês? É rápido.
(Bruno afasta Jéssica de Sérgio e Juliana)
BRUNO: O que é isso?
JÉSSICA: Meu visual novo. Está aprovado?
BRUNO: Está ridículo. Não combinou com você.
JÉSSICA: Nossa. Você poderia ser mais delicado na hora de dizer que não gostou do meu visual.
BRUNO: Desculpa amor, mas está horrível. Volta a ser a Jéssica de antes, por favor.

Cena 7/ Paisagens do Rio de Janeiro/ Noite

Cena 8/ Apartamento de Guilherme/ Sala/ Interno/ Noite
(Juliana entra e vê Guilherme e Fátima guardando alguns objetos em caixotes)
JULIANA: O que é isso? Estamos de mudança?
GUILHERME: Sim. Vamos morar na mansão que era do tio Ramiro.
JULIANA: Mas não era o Otávio que estava morando lá?
GUILHERME: Ele me vendeu.
JULIANA: O quê? Mas por quê?
GUILHERME: Eu não sei. Só sei que ele me vendeu, eu comprei e estamos indo de mudança para lá. Vá arrumar suas coisas.
JULIANA: Pai, eu quero ficar aqui.
GUILHERME: Nada disso. Você vem com a gente. Aliás, eu e Fátima marcamos a data do nosso casamento. Vai ser no próximo final de semana.
JULIANA: O quê?
FÁTIMA: Isso mesmo. Vou virar sua madrasta oficial, querida.
JULIANA: Ódio.
GUILHERME: Não se esqueça de arrumar suas malas.
(Juliana sai)
GUILHERME: Continua a arrumar as coisas. Eu vou dar uma saída para verificar se o Otávio desocupou a mansão.
FÁTIMA: Ok.
(Guilherme sai)

Cena 9/ Apartamento de Guilherme/ Quarto de Juliana/ Interno/ Noite
JULIANA (para si): Droga, droga, droga. Se minha mãe não tivesse me abandonado, nada disso estaria acontecendo. Mas eu não vou ceder às ordens e decisões precipitadas do meu pai nem me render à companhia da Fátima. Não gostei dessa mulher e vou continuar sem gostar. Eu vou descobrir quem é minha mãe, vou procurar entender o que fez ela me abandonar e vou morar com ela. Essa será minha filosofia de vida daqui em diante.

Cena 10/ Mansão Albuquerque/ Sala/ Interno/ Noite
ADRIANA: Demitido? Desempregado? Mas como isso foi acontecer?
OTÁVIO: Pode me crucificar. Eu sofri um golpe armado pelo Guilherme. Agora, a mineradora é dele. Bem como, essa casa e o dinheiro que era do seu Ramiro.
ADRIANA: E nós teremos que desocupar essa mansão?
OTÁVIO: Sim
ADRIANA: Eu não acredito; Otávio.
OTÁVIO: Tenta entender a situação. Nós voltamos para o seu apartamento e pronto.
ADRIANA: Que ódio. Muito ódio.
(Adriana sobe. Celina se aproxima de Otávio)
CELINA: Eu sinto muito, meu filho. Sinto por você perder a empresa e por trocar a Larissa por uma mulher fútil e arrogante como essa Adriana.
OTÁVIO: Oh, mãe. A Adriana é uma pessoa muito boa. A senhora só não teve chances de conhecer esse lado bom dela. Bom, agora tenho que arrumar minhas coisas.
CELINA: Será que o Guilherme vai me despedir?
OTÁVIO: Não sei, mãe. Mas esteja preparada para o que vier.

Cena 11/ Rua/ Noite
(Guilherme sai da farmácia e, de longe, vê Luciana sair de um táxi. Ele atravessa a avenida e se aproxima de Luciana)
GUILHERME: Achei você.
LUCIANA: Guilherme?
GUILHERME: O EUA não estava bom o bastante para você? Por que você voltou?
LUCIANA: Porque eu quis.
GUILHERME: Nem pense em querer se aproximar da minha filha Juliana.
LUCIANA: Nossa filha Juliana.
GUILHERME: A filha que você abandonou anos atrás, quando ela era apenas uma criança de cinco anos de idade.
LUCIANA: A filha que eu fui obrigada a abandonar por você. Eu me lembro de cada ameaça que você usou para me afastar da minha filha. Você teve coragem de usar o fato da Adriana ser uma prostituta para me intimidar.
GUILHERME: A minha filha não precisava saber que a tia dela era uma rapariga e que a mãe tinha fortes indícios para se enveredar por esse caminho.
LUCIANA: Deixe de ser patético. Você sempre soube que eu nunca ia virar prostituta.
GUILHERME: A sua família ia manchar a minha família e a integridade da Juliana. Eu não queria que a minha filha ficasse conhecida como a sobrinha da rapariga e a filha da quenga.
(Luciana dá um tapa em Guilherme)
LUCIANA: Você não tinha o direito de usar os erros da Adriana para me culpar e me fazer abandonar a Juliana.
GUILHERME: Eu sei. Acusar você por ser promíscua na presença da Juliana, dizer que ia me matar e depois dá a entender que a Juliana ia parar em um orfanato foi uma jogada de mestre que eu usei para te intimidar.
LUCIANA: Mas acabou, Guilherme. Acabou, porque eu estou de volta e suas ameaças não têm validade nenhuma agora.
GUILHERME: Luciana.
LUCIANA: Se eu quiser conhecer a Juliana, eu irei conhecer e não vai ser você nem ninguém que irá me impedir de abraçar minha filha e me apresentar como a mãe dela.
(Congela em Guilherme)