segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Estrela do Mar - Capítulo 1


CENA 1: TARDE – CEARÁ   – CAMOCIM – VILA DE PESCADORES

Imagem da vila de pescadores na cidade de Camocim, litoral do Ceará.

CENA 2 – TARDE – VILA DE PESCADORES – CASA DE JÚLIO - COZINHA

Julio entra na cozinha e encontra sua esposa Malena sentada à mesa bordando em um pano de prato.
JÚLIO: Olha o que eu trouxe
Júlio coloca uma sacola sobre a mesa. Malena larga o bordado.
MALENA: Hum, com esse cheirinho só podem ser os pães da dona Rosa.
JULIO: Exatamente, fui a casa dela falar com o Pedro e acabei não resistindo a esses pãezinhos.
MALENA: São os melhores da vila. Vou preparar um café agora mesmo
Malena se levanta e coloca uma panela de água para ferver
JÚLIO:Cadê o Danilo?
MALENA: Foi na casa da Larissa
JULIO: Esse namoro dos dois está sério mesmo né?
MALENA: Parece que sim
JULIO: Mas espero que ele volte logo, vamos sair daqui a pouco
Malena segue até a janela e observa o céu
MALENA: Tem certeza que vai pescar hoje? Não estou gostando desse tempo, acho que vai chover.
JULIO: Que nada. Deve chover só amanhã
MALENA: Mesmo assim, acho que não é uma boa idéia ir para alto mar hoje.
JULIO: Não se preocupe, não vamos para alto mar. Hoje vamos pescar no estuário,nessa época muitas espécies migram para a desova.
MALENA: Ainda assim eu me preocupo.
JULIO: Mulheres sempre se preocupam demais.  Acho que a água já ferveu
Malena pega a água para passar o café.

CENA 3: TARDE – RIO DE JANEIRO  – CONSTRUTORA  – SALA DE CÉSAR

César, Diogo e Rogerio estão em reunião.
CÉSAR: Não. De jeito nenhum vamos alterar o projeto
DIOGO: Mas o doutor Arnaldo quer que reduzamos os custos
ROGERIO: Ele disse que o preço dos materiais que o senhor propõe é alto demais
CESAR: É o preço justo por um material de qualidade
DIOGO: O doutor Arnaldo insiste que o senhor use o material de uma marca mais em conta
CESAR: E colocar em risco toda a obra? De jeito nenhum
ROGERIO: Mas...
CESAR: Olha, construir um edifício não é algo barato, o doutor Arnaldo deveria ter pensando bem antes de iniciar o projeto.
DIOGO: Tudo bem, vamos falar com ele e dizer que é impossível fazer qualquer mudança nos materiais.
CESAR: Ótimo, se ele quiser vir falar comigo, estou à disposição
Diogo e Rogerio saem.

CENA 4: TARDE – VILA DE PESCADORES  – CASA DE LARISSA

Danilo e Larissa estão sentados na cozinha comendo bolo.
DANILO: Esta delicioso. Você cozinha muito bem
LARISSA: Você não sabe por que eu fiz esse bolo não é?
Danilo fica pensativo
DANILO: Por que você me ama e sabe que eu adoro bolo de fubá?
LARISSA: Também, mas você não sabe que dia é hoje?
DANILO: Hmm! Quinta feira?
LARISSA: Nossa!Como os garotos são desligados. Hoje faz seis meses que estamos namorando
DANILO: Sério? Poxa desculpa, eu nem lembrava, sou meio esquecido com essas coisas de datas
LARISSA: Tudo bem, você é igual a 99% dos homens
Danilo dá um beijo em Larissa
LARISSA: Vamos sair à noite para comemorar? Podemos dar uma volta na praia
DANILO: Desculpe, mas hoje eu não posso, vou pescar com meu pai.
LARISSA: Ah que chato!
DANILO: Não fique com essa cara. Você sabe que tiramos nosso sustento do mar e eu preciso ajudar meu pai, você entende não é?
LARISSA: Claro
Danilo olha parao relógio
DANILO: Falando nisso, eu preciso ir, já esta tarde.
Danilo e Larissa se beijam
DANILO: Nos vemos amanhã
LARISSA: Tudo bem. Te levo ate a porta
Larissa abre a porta e Danilo sai.
Denise chama por Larissa
LARISSA: Oi prima, vem aqui
Denise entra na casa de Larissa

CENA 5: TARDE – VILA DE PESCADORES  – CASA DE JÚLIO

Danilo chega em casa e encontra Júlio no quintal arrumando as coisas para a pesca
JÚLIO:Até que enfim, achei que ia ter que te buscar
DANILO: Foi mal, perdi a noção da hora
JULIO: Imagino, o que o amor não faz não é? (risos)
DANILO: Ah! Para de zoar
Danilo ajuda o pai a arrumar as coisas.
Uma garotinha entra carregando uma boneca
CATARINA: Oi papai
JULIO: Oi querida, onde você estava?
CATARINA: Brincando na casa da Ana. Vocês vão sair para pescar hoje?
JULIO: Vamos sim
CATARINA: Posso ir com vocês?
JULIO: Hoje não querida, deixa para outro dia
CATARINA: Por favor, papai. Eu prometo que não vou mais ficar com pena dos peixinhos e solta-los de volta no mar
DANILO: Nem me lembre disso Catarina. Uma tarde inteira de pesca desperdiçada
CATARINA: Não vou soltar nenhum peixe, prometo.
Catarina olha para o pai
JULIO: Desculpe, mas hoje não dá. Vamos pescar a noite toda e vai fazer frio
CATARINA: Eu me agasalho
DANILO: Catarina acorda, a mamãe não vai deixar você ir
CATARINA: Se o papai disser que pode, ela vai deixar
Julio se aproxima de Catarina
JULIO: Vamos fazer o seguinte, amanhã à tarde saímos para pescar só nos dois esta bem?
CATARINA: O senhor promete?
JULIO: Sim eu prometo. Agora por que não vai ajudar a mamãe a preparar nosso lanche
CATARINA: Está bem, vou fazer uns sanduíches caprichados para vocês
Catarina entra correndo em casa
DANILO: Espero que ela não invente aqueles sanduíches malucos de novo, se lembra do de mortadela com creme de chocolate?
JULIO: Minha barriga dói só de lembrar (risos)
Julio e Danilo continuam preparando tudo para a pesca.

CENA 6: TARDE – VILA DE PESCADORES  – CASA DE LARISSA

Larissa e Denise estão conversando na sala
DENISE: O seu namoro está firme mesmo né?
LARISSA: Sim, estou completamente apaixonada pelo Danilo, e hoje completamos seis meses de namoro
DENISE: Parabéns. Vocês vão comemorar mais tarde? Podia fazer um jantar romântico o que acha?
LARISSA: Não vai dar, ele está indo pescar com o pai
DENISE: Ah que pena. Você não tem medo quando ele sai para o mar à noite? Quero dizer, eu sei que aqui é uma vila de pescadores, mas depois do que aconteceu com o seu pai você não fica preocupada?
LARISSA: Claro que fico. Eu realmente queria que o Danilo tivesse outra profissão, não quero ser como minha mãe que ficava com o coração na mão toda vez que meu pai saía para pescar.
DENISE: Ah, mas o Danilo é muito jovem, talvez ele ainda se interesse por outra coisa, quem sabe vocês não se mudam para a cidade, eu adorava morar lá
LARISSA: Ia ser ótimo, mas não acho que o Danilo queira deixar a vila. De qualquer forma, hoje ele não vai para o mar, vai para o estuário e lá não tem muito perigo
DENISE: O que é ume estuário?
LARISSA: É um local onde as águas do rio se juntam as águas do mar. A mistura da água doce com a água salgada é o ambiente ideal para alguns tipos de peixe nessa época do ano.
DENISE: Hmm.
LARISSA: E como quase não há ondas e não é mar aberto, não é um lugar perigoso.
DENISE: Entendi
LARISSA: Quer bolo de fubá? Eu que fiz
DENISE: Claro.
Denise e Larissa seguem para cozinha.

CENA 7: TARDE – RIO DE JANEIRO  – EMPRESA GOLTZ – SALA DE ARNALDO

Diogo está na sala de Arnaldo
ARNALDO: Como assim ele não quer mudar o projeto?
DIOGO: Desculpe senhor, mas ele insiste que trocar o material por um mais em conta, está fora de cogitação
ARNALDO: Ele é um incompetente. Eu falei com o Osvaldo ele acabou de inaugurar um edifício com o material comprado por aquela empresa chinesa que te falei, custa metade do preço e a qualidade é a mesma
DIOGO: Eu disse isso, mas ele insiste que para esse tipo de projeto o material chinês não serve
ARNALDO: Bobagem, esses engenheiros sempre cismam em usar o material mais caro, claro o dinheiro não vem do bolso deles
DIOGO: O que pretende fazer doutor? Vai falar com ele?
ARNALDO: Não sei, não quero discutir com aquele idiota, mas uma coisa é certa eu vou reduzir os custos de um jeito ou de outro.
DIOGO: Como?
ARNALDO: Se eu não posso reduzir os custos do material, vou reduzir os damão de obra.
DIOGO: O senhor está dizendo que vai reduzir o salário dos operários?
ARNALDO: Sim, e não só dos operários, vou reduzir o salário de todo mundo inclusive o seu. Essa obra está saindo cara demais e não posso arriscar me endividar.
DIOGO: O senhor não pode fazer isso
ARNALDO: É claro que posso, eu sou o patrão não sou? Quem não estiver satisfeito que peça demissão, agora saia, tenho muito o que fazer.

CENA 8: NOITE – VILA DE PESCADORES – BARCO

Júlio e Danilo chegam ao estuário e jogam as redes ao mar.
Júlio abre uma cesta com uns lanches que Malena preparou e paga um sanduíche
JULIO: Quer um?
DANILO: Agora não, eu me enchi de bolo de fubá que a Larissa fez
JULIO: A Larissa sabe cozinhar? Se deu bem filhão.
DANILO: Sim, ela cozinha muito bem e esse bolo foi especial, é nosso aniversario de seis meses de namoro
JULIO: Seis meses já? Daqui a pouco estão casando
DANILO: Não, eu ainda sou novo para casar
JULIO: Bobagem, eu casei com sua mãe quando tinha a sua idade
DANILO: Ah, mas os tempos mudaram.  Agora que terminei a escola, acho que devia procurar um emprego fixo.
JULIO: Achei que quisesse ser pescador como eu
DANILO: Eu não sei se é isso que quero como profissão, além disso, a Larissa não gosta que eu saia para pescar
JULIO: Ela ainda esta impressionada pelo o que aconteceu com o pai dela, mas o que você realmente quer?
DANILO: Não sei. Eu gosto de pescar, navegar por esse mar é incrível, mas acho que um emprego fixo me daria uma vida melhor
JULIO: Você terá o meu apoio no que decidir fazer
DANILO: Obrigada pai.
Começa a chover. Danilo e Júlio seguem para a parte coberta do barco
JULIO: Que droga, achei que não ia chover hoje, bem que sua mãe avisou
DANILO: Mamãetem um sexto sentido pra chuva impressionante
JULIO: Mas eu acho que essa chuva vai até ser boa
DANILO: Por quê?
JULIO: Ela vai aumentar a correnteza do rio e facilitar o ingresso dos peixes no mar
DANILO: Legal, então esperamos a chuva acalmar e puxamos a rede.
JÚLIO: Exatamente. Enquanto isso acho que vou tirar um cochilo
Júlio se deita no banco do barco.

CENA 9: NOITE – RIO DE JANEIRO – EMPRESA GOLTZ  – CORREDOR

Diogo esta saindo da empresa e encontra Rogerio no corredor
ROGERIO: Falou com o doutor Arnaldo?
DIOGO: Sim, e como eu previa, ele ficou furioso
ROGERIO: O que ele disse exatamente?
DIOGO: Que vai reduzir os custos de qualquer jeito, se não for com os materiais será com a mão de obra
ROGERIO: Os trabalhadores não vão aceitar isso, vamos ter problemas
DIOGO: O problema é muito maior meu caro.
ROGERIO: Como assim?
DIOGO: Quando ele diz que vai reduzir o salário, não está falando somente dos operários da obra, mas do salário de todo mundo da empresa inclusive o nosso.

CENA 10: MADRUGADA -VILA DE PESCADORES  – BARCO

Danilo acorda e percebe que parou de chover.
DANILO: Pai acho que podemos puxar a rede, a chuva passou. Pai?
Danilo vê que Julio ainda está dormindo. Danilo se levanta e segue para frente do barco, onde começa a puxar a rede.
Danilo olha para o mar e avista alguma coisa estranha. Danilo volta para a cabine e procura uma lanterna.
Julio acorda
JULIO: O que aconteceu?
DANILO: Acho que vi alguma coisa no mar. Cadê a lanterna?
JÚLIO: Na bolsa, embaixo do banco. Que tipo de coisa você viu?
DANILO: Não sei direito
Danilo pega a lanterna e segue para frente do barco. Julio o segue.
Danilo ilumina o mar
DANILO: Está vendo? Ali na frente
JULIO: Sim, parece uma espécie de jangada
DANILO: Mas tem alguma coisa em cima
JULIO: Vou ligar o barco e me aproximar
Julio volta para cabine e liga o barco.
Danilo continua iluminando o mar. Eles se aproximam da jangada
DANILO: Meu Deus!
JULIO: O que foi? Descobriu o que é?
DANIELA: Sim, é uma pessoa
Danilo pula no mar.

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