Continuação
imediata do capítulo anterior.
CENA
1 /FLORESTA /EXTERIOR /DIA
Evandro
– Jussara? É você, mesma? Não acredito!
Evandro
desmaia. Grande Matriarca fica com lágrimas nos olhos ao ver
novamente o grande amor de sua vida. Yuri não entende nada do que tá
acontecendo.
Yuri
– Mim não entende! O que tá acontecendo, Grande Matriarca?
Grande
Matriarca – Não me faça perguntas agora, Yuri. Chame alguns
índios e vamos levá-lo para minha oca!
Yuri
– Grande Matriarca, para oca? Homem branco pode ser perigoso!
Grande
Matriarca – (gritando) Não discuta, Yuri! Faça o que estou
mandando!
Yuri
– Mim desculpa, Grande Matriarca.
Yuri
corre para chamar alguns índios que estão mais afastados e não
perceberam o que aconteceu.
CENA
2 /TRIBO NAPOINARA /OCA PRINCIPAL /INTERIOR /DIA
Yuri,
alguns índios, Grande Matriarca, Luana e Cauã estão na oca
principal, onde deixaram Evandro deitado após ele ter desmaiado na
floresta.
Luana
– Índio Yuri, mim não entende. O que tá acontecendo? Quem é
homem branco? Ele é perigoso? Índio Yuri matou ele?
Yuri
– Índia Luana não precisa ficar preocupada. Homem branco tá
vivo. Lá na rua mim te explica. Vem, índia Luana.
Yuri
e Luana saem da oca pra conversar.
Luana
– Mim quer saber o que tá acontecendo! Mim tá preocupada!
Yuri
– Calma, índia Luana! Mim explica tudo!
Luana
– Explica pra mim então índio Yuri!
Yuri
– Mim encontrou homem branco na floresta. Mim quis saber o que
homem branco tava espiando índios. Então homem branco viu
correntinha de índio e disse que homem branco é pai de mim!
Luana
– (assustada) Homem branco pai de índio Yuri?
Yuri
– Mim não entendeu! Depois Grande Matriarca chegou, homem branco
viu Grande Matriarca e passou mal.
Luana
– Mim não tá entendendo nada! Grande Matriarca conhece homem
branco?
Yuri
– Parece que conhece. Homem branco até chamou Grande Matriarca por
outro nome. Jussara!
Luana
– Jussara? Quem é Jussara?
Yuri
– Mim não sabe, mas parece que homem branco tava falando de Grande
Matriarca!
Ambos
não percebem, mas Cauã estava escondido e ouviu toda a conversa.
CENA
3 /MANSÃO FELISBERTO /COZINHA /INTERIOR /DIA
Gregório,
após estuprar Mariana, a deixa ali desmaiada e vai para seu quarto,
como se nada tivesse acontecido.
Gregório
– Ah, empregadinha gostosa! Quero repetir isso mais vezes... E ai
de você se alguém ficar sabendo! Hahaha.
CENA
4 /CASA RANDONE /SALA /INTERIOR /DIA
Ana
e Felício se despedem depois de mais um encontro misterioso.
Ana
– Então tá, Felício. Vou lá agora! Foi muito bom passar esse
tempo aqui.
Felício
– Digo o mesmo, Ana! Ainda vamos nos ver muito.
Ana
– Com certeza! Agora tenho que ir, você sabe fazer o que né? Haha
Felício
– Vá, Ana! Boa sorte!
CENA
5 /MANSÃO FELISBERTO /QUARTO DE EVANDRO /INTERIOR /DIA
Gregório
está passando pelo quarto de Evandro e vê seu paletó no chão.
Resolve entrar.
Gregório
– Depois eu é que sou bagunceiro! Hahaha.
Gregório
percebe que um papel caiu no chão.
Gregório
– (curioso) Ei, o que é isso?
Gregório
pega o papel e lê.
Gregório
– (lendo) “Evandro, seja bem vindo de
volta! Você precisa saber da verdade. Jussara lhe deixou um filho!”
- (gritando) Mas que merda é essa? Então era verdade essa história
de filho? Evandro me disse que não era nada, que não passava de uma
brincadeira de criança. Nem me deixou ler o bilhete!
Gregório
chuta a porta de tanta raiva.
Gregório
– (irritado) Então aquela vadia deixou um filho mesmo? Mas como
será possível? Não entendo! Só sei que isso não vai ficar assim!
Evandro nunca vai encontrar esse filho! Vou fazer de tudo pra impedir
que isso aconteça! Toda a fortuna que nosso pai nos deixou, vai ser
toda minha! Não é um bastardo que apareceu agora, filho de uma
vadia qualquer que vai tirar meu dinheiro! Hahaha. Prepare-se
bastardo!
CENA
6 /TRIBO NAPOINARA /OCA PRINCIPAL /INTERIOR /DIA
Evandro
recobra os sentidos.
Grande
Matriarca – (aliviada) Evandro, que bom que você acordou!
Evandro
– (tonto) O que aconteceu? Onde eu to? Jussara? É você mesma?
Como pode?
Grande
Matriarca – Sim, Evandro. Sou eu!
Evandro
– (surpreso) Mas, mas... Você morreu!
Grande
Matriarca – Não morri, Evandro! Senão como é que eu estaria aqui
com você?
Evandro
– Eu não entendo...
Grande
Matriarca – Vou lhe contar como tudo aconteceu.
CENA
7 /FLORESTA /EXTERIOR /DIA
Entra
Flash Back:
Letreiro:
1992
Entra
narrativa: “Os dois capangas estão levando Jussara amarrada pela
floresta, em direção ao rio, onde pretendem matá-la e jogar o
corpo.”
Capanga
1 – Ei, companheiro! Segura a vadia aí que eu to precisando me
aliviar! Não dá pra aguentar mais!
Capanga
2 – Pode deixar!
Um
dos capangas se afasta pela floresta, enquanto outro fica aguardando
com Jussara, que se mexe muito, fazendo força pra falar. O capanga,
que apesar de tudo, ainda tem um pingo de sentimento, resolve tirar a
mordaça da boca de Jussara para ver o que ela quer falar.
Jussara
– Não faça isso, por favor! Não me mate!
Capanga
2 – Ah, cale a boca! Era isso que você queria dizer? Não adianta!
Seu Gregório ordenou e vamos acabar com você!
Jussara
– Não, por favor! Você não pode fazer isso comigo!
Capanga
2 – Hahaha. Acha que só porque a vadia tá pedindo, eu vou
aceitar?
Jussara
– Você não pode me matar! Eu sou sua mãe!
O
capanga leva um susto.
Capanga
2 – Como? Que história é essa?
Jussara
– O nome do seu pai não é Nestor?
Capanga
2 – É... é sim!
Jussara
– Ele foi muito lá na Casa das Pombinhas! Tivemos um caso
escondido.
Capanga
2 – Eu não acredito!
Jussara
– Pode acreditar! Você nunca conheceu sua mãe, não é mesmo?
Capanga
2 – (emocionado) Ela morreu quando eu nasci!
Jussara
– Eu e seu pai combinamos de ele inventar essa história! Não
podiam descobrir que eu e ele mantinhamos um caso! Você não pode me
matar!
O
capanga fica estupefato com a história.
Capanga
2 – Olha aqui, ainda vou verificar essa história. Mas, de qualquer
forma, pode ser verdade, então, vou lhe soltar! Não diga a ninguém
que eu lhe soltei! Pra todos os efeitos, você fugiu.
Jussara
– Muito obrigada, meu filho! Agora, quero lhe pedir mais um favor.
Capanga
2 – Ai ai! Já tá abusando da minha paciência! Mas, diga! Qual?
Jussara
– Escreva um bilhete ao Evandro Felisberto, dizendo que eu não o
abandonei.
Capanga
2 – Ok! Agora suma, antes que meu parceiro chegue!
Jussara
sai correndo. Pouco tempo depois o outro capanga volta, se irrita por
perceber que Jussara fugiu, mas não há o que fazer. Resolvem dizer
para Gregório que mataram Jussara.
Letreiro:
Pouco tempo depois...
Jussara
– Acho que dessa eu me livrei! Que idiota esse capanga! Acreditou
mesmo na história que eu contei! Haha. Agora tenho que sair da
cidade.
Entra
narrativa: “E assim, Jussara sumiu por uns tempos da cidade.
Descobriu que estava grávida de Evandro. Acabou entregando a
criança, por temer seu futuro. Antes, porém, lhe deixou uma
correntinha escrita “Vida nas Mãos”. Voltou para a cidade e
conheceu a tribo Napoinara. Conheceu a história de Yuri, que foi
deixado na tribo e acabou ficando por ali, assumindo o lugar de
Grande Matriarca.”
Fim
do Flash Back.
CENA
8 /TRIBO NAPOINARA /OCA PRINCIPAL /INTERIOR /DIA
Grande
Matriarca termina de contar a história para Evandro, de como
sobreviveu.
Grande
Matriarca – E foi assim, Evandro...
Evandro
– Nossa! Estou assustado! Meu próprio irmão foi capaz de fazer
uma coisa dessas? Não é possível!
Grande
Matriarca – Pois é, Evandro. Ele nunca foi quem você pensa.
Evandro
– Ainda não estou conseguindo acreditar! Não é possível!
Grande
Matriarca – Pode acreditar! É verdade!
Evandro
– Mas, então... As cartas...
Grande
Matriarca – Aquela informando que eu havia morrido, foi enviada
pelo capanga, a meu pedido. As outras, falando sobre nosso filho e
sobre a correntinha foi eu quem escrevi!
Evandro
– Então... esse índio... o Yuri... É nosso filho!
Grande
Matriarca – Não! Não é ele! Acredita em mim!
Evandro
– Como? Eu vi a correntinha que você falou na carta!
Grande
Matriarca – Não importa! Yuri não é seu filho!
Evandro
– Eu não acredito! Ele é meu filho sim! Eu sinto isso! E vou
levá-lo comigo!
Grande
Matriarca – Não, Evandro! Não faça isso! Ele não é seu filho!
Evandro
levanta e sai da oca apressado.
CENA
9 /CAFUNDONÓPOLIS DO NORTE /BAR /INTERIOR /DIA
Sabrina
e Evaristo se despedem.
Sabrina/Carlão
– Então tá, Evaristo! Nos vemos amanhã na construtora. Obrigado
pela bebida!
Evaristo
– Eu que agradeço pela companhia! - sorri
Sabrina
sai. Evaristo fica por um tempo ali, pensativo.
Evaristo
– (pensando) Meu Deus! O que tá acontecendo comigo? Eu estou
gostando do Carlão? Não pode! Eu sou homem! Não... Ele é só meu
amigo! Que isso! Não... Eu gosto dele de verdade! Ai, meu Deus! Será
que sou gay?
Evaristo
começa a chorar e pede mais uma bebida.
CENA
10 /CASA RANDONE /SALA /INTERIOR /DIA
Felício
está assistindo televisão, quando Mariana chega, toda machucada.
Felício salta do sofá e vai correndo ao encontro e Mariana.
Felício
– (assustado) Minha filha! Mariana! O que houve? O que aconteceu
com você?
Mariana
não consegue parar de chorar.
Felício
– (nervoso) Vamos, minha filha! O que houve? Conta pro seu pai!
Mariana
– (chorando) Pai.... foi... seu Gregório... Ele... me violentou!
Felício
sai porta a fora, muito irritado.
Felício
– (gritando) Isso não vai ficar assim! Minha paciência acabou!
Chega! Vou resolver isso!
CENA
11 /MANSÃO FELISBERTO /SALA /INTERIOR /DIA
Gregório
está ainda lendo o bilhete, pela enésima vez, pensando em como fará
para impedir que Evandro encontre o herdeiro. Carolina entra em casa
correndo.
Gregório
– (gritando) Carolina! Venha cá! Onde você estava? Já não lhe
disse pra não sair sozinha aqui nesse lugar?
Carolina
– (desesperada) Pai, o tio Evandro...
Gregório
– O que tem ele? O que aconteceu?
Carolina
– (gritando) Ele tem um filho!
Gregório
– É, minha filha... Acabei de ficar sabendo disso... mas, não se
preocupe... Ele não vai conseguir encontrar esse filho! Não vai
chegar nenhum bastardo pra nossa família! Hahaha.
Carolina
– (gritando) Ele já encontrou! É um índio!
Gregório
– Como é? Já encontrou? Um índio?
Congela
em Gregório assustado e irritado.
FIM
DO CAPÍTULO.
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