terça-feira, 14 de agosto de 2012

Capitulo 27 de Vida nas Mãos


Continuação imediata do capítulo anterior.

CENA 1 /FLORESTA /EXTERIOR /DIA

Evandro – Jussara? É você, mesma? Não acredito!

Evandro desmaia. Grande Matriarca fica com lágrimas nos olhos ao ver novamente o grande amor de sua vida. Yuri não entende nada do que tá acontecendo.

Yuri – Mim não entende! O que tá acontecendo, Grande Matriarca?
Grande Matriarca – Não me faça perguntas agora, Yuri. Chame alguns índios e vamos levá-lo para minha oca!
Yuri – Grande Matriarca, para oca? Homem branco pode ser perigoso!
Grande Matriarca – (gritando) Não discuta, Yuri! Faça o que estou mandando!
Yuri – Mim desculpa, Grande Matriarca.

Yuri corre para chamar alguns índios que estão mais afastados e não perceberam o que aconteceu.


CENA 2 /TRIBO NAPOINARA /OCA PRINCIPAL /INTERIOR /DIA

Yuri, alguns índios, Grande Matriarca, Luana e Cauã estão na oca principal, onde deixaram Evandro deitado após ele ter desmaiado na floresta.


Luana – Índio Yuri, mim não entende. O que tá acontecendo? Quem é homem branco? Ele é perigoso? Índio Yuri matou ele?
Yuri – Índia Luana não precisa ficar preocupada. Homem branco tá vivo. Lá na rua mim te explica. Vem, índia Luana.

Yuri e Luana saem da oca pra conversar.

Luana – Mim quer saber o que tá acontecendo! Mim tá preocupada!
Yuri – Calma, índia Luana! Mim explica tudo!
Luana – Explica pra mim então índio Yuri!
Yuri – Mim encontrou homem branco na floresta. Mim quis saber o que homem branco tava espiando índios. Então homem branco viu correntinha de índio e disse que homem branco é pai de mim!
Luana – (assustada) Homem branco pai de índio Yuri?
Yuri – Mim não entendeu! Depois Grande Matriarca chegou, homem branco viu Grande Matriarca e passou mal.
Luana – Mim não tá entendendo nada! Grande Matriarca conhece homem branco?
Yuri – Parece que conhece. Homem branco até chamou Grande Matriarca por outro nome. Jussara!
Luana – Jussara? Quem é Jussara?
Yuri – Mim não sabe, mas parece que homem branco tava falando de Grande Matriarca!

Ambos não percebem, mas Cauã estava escondido e ouviu toda a conversa.


CENA 3 /MANSÃO FELISBERTO /COZINHA /INTERIOR /DIA

Gregório, após estuprar Mariana, a deixa ali desmaiada e vai para seu quarto, como se nada tivesse acontecido.

Gregório – Ah, empregadinha gostosa! Quero repetir isso mais vezes... E ai de você se alguém ficar sabendo! Hahaha.


CENA 4 /CASA RANDONE /SALA /INTERIOR /DIA

Ana e Felício se despedem depois de mais um encontro misterioso.

Ana – Então tá, Felício. Vou lá agora! Foi muito bom passar esse tempo aqui.
Felício – Digo o mesmo, Ana! Ainda vamos nos ver muito.
Ana – Com certeza! Agora tenho que ir, você sabe fazer o que né? Haha
Felício – Vá, Ana! Boa sorte!


CENA 5 /MANSÃO FELISBERTO /QUARTO DE EVANDRO /INTERIOR /DIA

Gregório está passando pelo quarto de Evandro e vê seu paletó no chão. Resolve entrar.

Gregório – Depois eu é que sou bagunceiro! Hahaha.

Gregório percebe que um papel caiu no chão.

Gregório – (curioso) Ei, o que é isso?

Gregório pega o papel e lê.

Gregório – (lendo) “Evandro, seja bem vindo de volta! Você precisa saber da verdade. Jussara lhe deixou um filho!” - (gritando) Mas que merda é essa? Então era verdade essa história de filho? Evandro me disse que não era nada, que não passava de uma brincadeira de criança. Nem me deixou ler o bilhete!

Gregório chuta a porta de tanta raiva.

Gregório – (irritado) Então aquela vadia deixou um filho mesmo? Mas como será possível? Não entendo! Só sei que isso não vai ficar assim! Evandro nunca vai encontrar esse filho! Vou fazer de tudo pra impedir que isso aconteça! Toda a fortuna que nosso pai nos deixou, vai ser toda minha! Não é um bastardo que apareceu agora, filho de uma vadia qualquer que vai tirar meu dinheiro! Hahaha. Prepare-se bastardo!


CENA 6 /TRIBO NAPOINARA /OCA PRINCIPAL /INTERIOR /DIA

Evandro recobra os sentidos.

Grande Matriarca – (aliviada) Evandro, que bom que você acordou!
Evandro – (tonto) O que aconteceu? Onde eu to? Jussara? É você mesma? Como pode?
Grande Matriarca – Sim, Evandro. Sou eu!
Evandro – (surpreso) Mas, mas... Você morreu!
Grande Matriarca – Não morri, Evandro! Senão como é que eu estaria aqui com você?
Evandro – Eu não entendo...
Grande Matriarca – Vou lhe contar como tudo aconteceu.


CENA 7 /FLORESTA /EXTERIOR /DIA

Entra Flash Back:

Letreiro: 1992
Entra narrativa: “Os dois capangas estão levando Jussara amarrada pela floresta, em direção ao rio, onde pretendem matá-la e jogar o corpo.”

Capanga 1 – Ei, companheiro! Segura a vadia aí que eu to precisando me aliviar! Não dá pra aguentar mais!
Capanga 2 – Pode deixar!

Um dos capangas se afasta pela floresta, enquanto outro fica aguardando com Jussara, que se mexe muito, fazendo força pra falar. O capanga, que apesar de tudo, ainda tem um pingo de sentimento, resolve tirar a mordaça da boca de Jussara para ver o que ela quer falar.

Jussara – Não faça isso, por favor! Não me mate!
Capanga 2 – Ah, cale a boca! Era isso que você queria dizer? Não adianta! Seu Gregório ordenou e vamos acabar com você!
Jussara – Não, por favor! Você não pode fazer isso comigo!
Capanga 2 – Hahaha. Acha que só porque a vadia tá pedindo, eu vou aceitar?
Jussara – Você não pode me matar! Eu sou sua mãe!

O capanga leva um susto.

Capanga 2 – Como? Que história é essa?
Jussara – O nome do seu pai não é Nestor?
Capanga 2 – É... é sim!
Jussara – Ele foi muito lá na Casa das Pombinhas! Tivemos um caso escondido.
Capanga 2 – Eu não acredito!
Jussara – Pode acreditar! Você nunca conheceu sua mãe, não é mesmo?
Capanga 2 – (emocionado) Ela morreu quando eu nasci!
Jussara – Eu e seu pai combinamos de ele inventar essa história! Não podiam descobrir que eu e ele mantinhamos um caso! Você não pode me matar!

O capanga fica estupefato com a história.

Capanga 2 – Olha aqui, ainda vou verificar essa história. Mas, de qualquer forma, pode ser verdade, então, vou lhe soltar! Não diga a ninguém que eu lhe soltei! Pra todos os efeitos, você fugiu.
Jussara – Muito obrigada, meu filho! Agora, quero lhe pedir mais um favor.
Capanga 2 – Ai ai! Já tá abusando da minha paciência! Mas, diga! Qual?
Jussara – Escreva um bilhete ao Evandro Felisberto, dizendo que eu não o abandonei.
Capanga 2 – Ok! Agora suma, antes que meu parceiro chegue!

Jussara sai correndo. Pouco tempo depois o outro capanga volta, se irrita por perceber que Jussara fugiu, mas não há o que fazer. Resolvem dizer para Gregório que mataram Jussara.

Letreiro: Pouco tempo depois...

Jussara – Acho que dessa eu me livrei! Que idiota esse capanga! Acreditou mesmo na história que eu contei! Haha. Agora tenho que sair da cidade.

Entra narrativa: “E assim, Jussara sumiu por uns tempos da cidade. Descobriu que estava grávida de Evandro. Acabou entregando a criança, por temer seu futuro. Antes, porém, lhe deixou uma correntinha escrita “Vida nas Mãos”. Voltou para a cidade e conheceu a tribo Napoinara. Conheceu a história de Yuri, que foi deixado na tribo e acabou ficando por ali, assumindo o lugar de Grande Matriarca.”

Fim do Flash Back.


CENA 8 /TRIBO NAPOINARA /OCA PRINCIPAL /INTERIOR /DIA

Grande Matriarca termina de contar a história para Evandro, de como sobreviveu.

Grande Matriarca – E foi assim, Evandro...
Evandro – Nossa! Estou assustado! Meu próprio irmão foi capaz de fazer uma coisa dessas? Não é possível!
Grande Matriarca – Pois é, Evandro. Ele nunca foi quem você pensa.
Evandro – Ainda não estou conseguindo acreditar! Não é possível!
Grande Matriarca – Pode acreditar! É verdade!
Evandro – Mas, então... As cartas...
Grande Matriarca – Aquela informando que eu havia morrido, foi enviada pelo capanga, a meu pedido. As outras, falando sobre nosso filho e sobre a correntinha foi eu quem escrevi!
Evandro – Então... esse índio... o Yuri... É nosso filho!
Grande Matriarca – Não! Não é ele! Acredita em mim!
Evandro – Como? Eu vi a correntinha que você falou na carta!
Grande Matriarca – Não importa! Yuri não é seu filho!
Evandro – Eu não acredito! Ele é meu filho sim! Eu sinto isso! E vou levá-lo comigo!
Grande Matriarca – Não, Evandro! Não faça isso! Ele não é seu filho!

Evandro levanta e sai da oca apressado.


CENA 9 /CAFUNDONÓPOLIS DO NORTE /BAR /INTERIOR /DIA

Sabrina e Evaristo se despedem.

Sabrina/Carlão – Então tá, Evaristo! Nos vemos amanhã na construtora. Obrigado pela bebida!
Evaristo – Eu que agradeço pela companhia! - sorri

Sabrina sai. Evaristo fica por um tempo ali, pensativo.

Evaristo – (pensando) Meu Deus! O que tá acontecendo comigo? Eu estou gostando do Carlão? Não pode! Eu sou homem! Não... Ele é só meu amigo! Que isso! Não... Eu gosto dele de verdade! Ai, meu Deus! Será que sou gay?

Evaristo começa a chorar e pede mais uma bebida.


CENA 10 /CASA RANDONE /SALA /INTERIOR /DIA

Felício está assistindo televisão, quando Mariana chega, toda machucada. Felício salta do sofá e vai correndo ao encontro e Mariana.

Felício – (assustado) Minha filha! Mariana! O que houve? O que aconteceu com você?

Mariana não consegue parar de chorar.

Felício – (nervoso) Vamos, minha filha! O que houve? Conta pro seu pai!
Mariana – (chorando) Pai.... foi... seu Gregório... Ele... me violentou!

Felício sai porta a fora, muito irritado.

Felício – (gritando) Isso não vai ficar assim! Minha paciência acabou! Chega! Vou resolver isso!


CENA 11 /MANSÃO FELISBERTO /SALA /INTERIOR /DIA

Gregório está ainda lendo o bilhete, pela enésima vez, pensando em como fará para impedir que Evandro encontre o herdeiro. Carolina entra em casa correndo.

Gregório – (gritando) Carolina! Venha cá! Onde você estava? Já não lhe disse pra não sair sozinha aqui nesse lugar?
Carolina – (desesperada) Pai, o tio Evandro...
Gregório – O que tem ele? O que aconteceu?
Carolina – (gritando) Ele tem um filho!
Gregório – É, minha filha... Acabei de ficar sabendo disso... mas, não se preocupe... Ele não vai conseguir encontrar esse filho! Não vai chegar nenhum bastardo pra nossa família! Hahaha.
Carolina – (gritando) Ele já encontrou! É um índio!
Gregório – Como é? Já encontrou? Um índio?

Congela em Gregório assustado e irritado.

FIM DO CAPÍTULO.

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