quinta-feira, 9 de maio de 2013

Vida Fatal - Capítulo 69


Cena 1/ Mansão Martins/ Sala/ Interno/ Dia
CELINA: Eu matei o Ramiro.
OTÁVIO: Isso não pode ser verdade. Eu não posso acreditar nisso. Eu não sei nem como me expressar diante dessa situação.
CELINA: Filho, você perdoa sua mãe? Imagino como deve ser difícil para você saber que eu matei seu próprio pai.
DELEGADO: Por que você fez isso, Celina? Devido as coisas que ele fez com você no passado? Pelo fato de ele ter te abandonado grávida para se casar com uma mulher rica?
CELINA: Por incrível que pareça, não. Eu matei o Ramiro em respeito a Gisele, que foi a única que estendeu a mão no momento mais difícil da minha vida.
(INÍCIO DO FLASHBACK – Gisele, após descobrir a traição de Ramiro, chega enfurecida em casa)
GISELE: Desgraçado. Cachorro. Canalha.
CELINA: Não me diga que...
GISELE: Eu vi; Celina. Eu vi o Ramiro e a ninfetinha dele juntos, aos beijos e nus. Vagabundo. Ele não podia fazer isso comigo. Não podia.
CELINA: A senhora está muito nervosa. Vou fazer um chá de camomila para a senhora.
GISELE: Eu não quero nada, Celina. Eu só quero que aquele vagabundo passe por aquela porta. Eu vou despejar um monte na cara dele. Celina, fui eu que transformei o Ramiro nesse empresário conhecido nacionalmente. Eu. E olha como ele me recompensa: com uma traição, com um belo par de chifres na minha cabeça. Desgraçado. Eu dei fama a ele, dei prestígio, orgulho, eu dei aquela mineradora para ele, eu dei tudo a ele e para quê? Para eu passar por isso. Aquele verme me paga. Eu quero vê-lo na fossa, Celina. Eu quero me vingar do Ramiro.
CELINA: Dona Gisele, a sua saúde já é debilitada. Não é melhor a senhora se acalmar um pouco?
GISELE: É aí que eu tenho medo, Celina. Da minha saúde. Eu tenho medo de eu não conseguir me vingar do monstro do Ramiro. Celina, você seria capaz de se vingar do Ramiro por mim? Você faria esse favor por mim?
CELINA: Eu não posso negar nada a senhora, dona Gisele. A senhora foi a única que me ajudou. A senhora me tirou daquela favela, proporcionou uma educação digna para o Otávio. Eu faço o que a senhora quiser.
GISELE: Eu fico feliz em poder contar com você. Eu quero que você pegue aquele frasco de neocicuta que eu tenho lá no fundo da minha última gaveta do criado mudo. Eu quero que você pegue esse frasco de veneno e despeje todo o conteúdo dele na bebida ou na comida do Ramiro, mas faça isso em um momento em que todas as pessoas que o Ramiro prestigia estejam ao lado dele, em uma festa, por exemplo. Eu quero que todos vejam de camarote o declínio, o fracasso, a derrocada da vida de Ramiro Albuquerque.
(FIM DO FLASHBACK)
CELINA: E eu fiz o que ela me pediu. Aproveitei a festa da empresa e o envenenei. Fiz tudo isso pela Gisele, porque se dependesse do Ramiro, hoje eu estaria pedindo esmola debaixo de um viaduto.
OTÁVIO: Eu não acredito no que eu estou ouvindo.
CELINA: Filho, seu pai não é esse homem santo que você acha que é. Muitas vezes, o Ramiro não se importou com você.
OTÁVIO: Mas chegar a matá-lo?
CELINA: A Gisele me pediu. Eu não poderia negar isso a ela. E vocês querem saber de uma coisa? Eu não me arrependo. Se eu tivesse outra oportunidade, eu faria tudo de novo. Filho, você, um dia será capaz de me perdoar?
OTÁVIO: Mãe.
CELINA: Não precisa responder agora. Bom, agora que eu confessei tudo, o que será de mim? Vou parar em alguma penitenciária para idosos?
DELEGADO: Sim, dona Celina. Mas não se preocupe. Eu irei falar ao juiz que a senhora assumiu a autoria do crime por livre espontânea vontade. Isso vai ajudar na redução da sua pena.
CELINA: Não vai me algemar?
DELEGADO: Acho que não será preciso. Eu acho que a senhora tem consciência do que fez e sabe que será punida por isso, de qualquer forma.
CELINA: Perdão, meu filho. Perdão.
(Celina se aproxima do Delegado)
CELINA: Se quiser me prender, esteja à disposição.
OTÁVIO: Espera. Mãe; é claro que eu te perdôo.
(Otávio abraça Celina)
CELINA: Desculpe pelo que eu fiz, por ter te decepcionado, por ter quebrado sua confiança dessa maneira.
OTÁVIO: Não pensa nisso. Tudo vai ficar bem, certo?
CELINA: Certo.
DELEGADO: Vamos, dona Celina?
CELINA: Vamos.
OTÁVIO: Eu vou com a senhora.
CELINA: Eu prefiro que não. Eu não queria que você me visse dessa maneira, filho.
OTÁVIO: Eu irei te visitar, ok?
CELINA: Estarei aguardando. Adeus.
(Celina e o delegado saem)

Cena 2/ Cabana/ Interno/ Dia
CÉSAR: Calma Lucélia. Já que você insiste tanto, eu aceito tua companhia. Você vai para a Amazônia comigo.
LUCÉLIA: Isso não é nenhuma jogada sua não, né?
CÉSAR: Claro que não. Agora larga essa arma e vai arrumar tuas coisas, porque o ônibus tem horário para sair.
LUCÉLIA: Eu vou deixar a arma em cima dessa mesa e eu irei pegar minha mala. Se eu perceber que você fez algum tipo de movimento ou que saiu dessa cabana sem mim, eu vou atrás de você com a arma em punho e atiro na sua cabeça sem dó nem piedade.
(Lucélia põe a arma na mesa)
CÉSAR: Deixa de ser boba e vai logo arrumar tuas coisas.
(Lucélia vira de costas para César. Ele corre em direção a mesa, pega a arma e aponta para Lucélia. César faz um barulho no revólver e Lucélia vira, ficando de frente para César)
CÉSAR: Agora quem está com a arma na mão sou eu.
LUCÉLIA: Larga isso agora.
CÉSAR: Nada disso. Eu não quero sua companhia, Lucélia, e eu irei a Amazônia sem ela. Eu só quero que você saiba que tudo isso que está acontecendo é culpa sua.
(César atira em Lucélia, que cai)
CÉSAR: Vai para o Inferno.
(César dá mais dois tiros em Lucélia e dá um sorriso irônico)

Cena 3/ Cabana / Externo/ Dia
(César caminha e, logo atrás, está a cabana, que explode)

Cena 4/ Casa de Paula/ Sala/ Interno/ Dia
RENATO: Como está a dona Luzia?
PAULA: Está melhor depois de tomar o calmante.
RENATO: Para espairecer um pouco, que tal falarmos do nosso casamento?
PAULA: Acho uma boa idéia. Eu fiquei pensando em uma coisa. A Larissa me contou que ela e o Otávio irão se casar novamente. Por que nós não fazemos um casamento duplo? O nosso e o deles?
RENATO: Eu acho uma ótima idéia. E eles? Será que eles topam?

Cena 5/ Mansão Martins/ Sala/ Interno/ Dia
LARISSA: Não fica assim, amor. Eu sei o quanto está difícil para você, mas você tem que ser forte.
OTÁVIO: Você tem razão. E o nosso casamento. Já pensou em algo?
LARISSA: Sim. Eu e a Paula tivemos a idéia de nós nos casarmos no mesmo dia, fazer uma espécie de casamento duplo. O que você acha?
OTÁVIO: Por mim tudo bem. Amor, eu vou até a delegacia saber da minha mãe.
LARISSA: Claro, vai lá. Eu sei que você não está com cabeça agora para qualquer outro tipo de conversa.

Cena 6/ Rodoviária/ Interno/ Dia
(César entrega a passagem dele, que é carimbada. Ele se dirige ao ônibus e entra. O ônibus parte)

Cena 7/ Paisagens do Rio de Janeiro
DIAS DEPOIS
Cena 8/ Hospital/ Quarto de Jéssica/ Interno/ Dia
(O médico e duas enfermeiras entram rapidamente no quarto. Eles vêem Jéssica, que está tendo uma convulsão)
MÉDICO: Reanimador. Reanimador.

Cena 9/ Hospital/ Sala de espera/ Interno/ Dia
BRUNO: Ai meu Deus, será que está dando certo? Será que eles conseguiram conter a convulsão?
LUCIANA: Calma Bruno. Mantenha a calma. Vai dar tudo certo.
(O Médico se aproxima)
MÉDICO: Com licença.
BRUNO: E então, doutor?
MÉDICO: Ocorreu uma coisa inesperada com a Jéssica. A convulsão, que ainda não sabemos informar com clareza a origem, tomou proporções maiores. Sinto muito, mas a Jéssica não resistiu.
BRUNO (com os olhos marejados): O quê? Isso não pode ser verdade. Diz pra mim que isso não é verdade, que vocês não estão mentindo. Não. A Jéssica não.
LUCIANA: Bruno.
BRUNO (chorando e abraçando Luciana): Não. A Jéssica não. Ela é tão nova, ta bondosa. Por quê? Por que você a condenou dessa maneira, Deus? Por quê? (deixa de abraçar Luciana e corre em direção ao quarto de Jéssica)

Cena 10/ Hospital/ Quarto de Jéssica/ Interno/ Dia
(Bruno entra e vê Jéssica deitada e desacordada. Morrendo de chorar, Bruno se aproxima de Jéssica e pega nela)
BRUNO: Não, não, não. Fica comigo, meu amor. Não me deixa. Eu te amo tanto. Não faz isso comigo.
(Bruno beija Jéssica)
BRUNO: Jéssica. Volta pra mim.
(O médico, com o reanimador nas mãos, e Luciana entram, chorosos. O médico se aproxima de Bruno)
MÉDICO: Não adianta mais. Nós já tentamos o reanimador e nada.
BRUNO: Eu prometi a Jéssica que iria salvá-la e vou.
(Bruno pega o reanimador e aciona em Jéssica)
MÉDICO: Pare com isso. Você não sabe controlar o reanimador.
BRUNO: Não me impeça. Jéssica, meu amor, volta para mim. Fica comigo. Abre os olhos, respira, fala alguma coisa, mas volta para mim.
(O médico pega o reanimador das mãos de Bruno, que abraça o corpo de Jéssica e chora ainda mais)
BRUNO: Eu te amo, meu amor. Eu te amo.
(Luciana se aproxima de Bruno e tenta levantá-lo)
LUCIANA: Bruno, bruno.
(Bruno abraça Luciana e continua a chorar)

Cena 11/ Faculdade/ Corredor/ Interno/ Dia
CARLA: Morta?
ROBERTA: Isso mesmo. Eu ouvi a moça da recepção comentando. O pior de tudo é que você poderia ter evitado isso.
CARLA: E o Bruno?
ROBERTA: Sofrendo, óbvio.
CARLA: Eu irei até o hospital consolá-lo.
ROBERTA: Se eu fosse você, iria contar toda a verdade para ele.
CARLA: Se eu fizer isso, o Bruno vai me odiar para sempre.
ROBERTA: Carla, ou você conta toda a verdade ou eu conto.

Cena 12/ Igreja/ Interno/ Dia
(Todos os convidados estão sentados. Ao centro, no altar, estão posicionados Paula e Renato e Otávio e Larissa.)
PADRE: Os noivos podem beijar suas respectivas noivas. E que Deus ilumine esses novos dois casais que se formam.
(Paula beija Renato e Larissa beija Otávio. Todos os convidados levantam-se)

Cena 13/ Hospital/ Sala de visitas/ Interno/ Dia
(Bruno está cabisbaixo e sentado. Carla e Roberta entram e vêem o garoto. Carla se aproxima de Bruno)
CARLA: Oi. Você está bem?
BRUNO: Não. Ela não resistiu, Carla.
CARLA: Eu soube. Bruno, eu não gosto de te ver triste. Eu sei o quanto a Jéssica foi importante para você, mas você tem uma vida para tocar em frente. Erga a cabeça e siga em frente.
BRUNO: Sem a Jéssica? Impossível. Ela era tudo para mim, Carla. Eu me divertia ao lado dela, eu sorria ao lado dela. A Jéssica foi a única que me fez feliz por completo.
CARLA: Desculpa se o nosso namoro não foi tão marcante assim para você. Eu só não quero te ver assim. Isso me entristece, sabia?
(Roberta se aproxima)
ROBERTA: Com licença. Meus pêsames, Bruno.
BRUNO: Incrível esse mundo, não? Vocês duas odiavam a Jéssica, mas foram as primeiras a aparecer para me dar os pêsames.
ROBERTA: A gente sente muito. E eu aprendi a respeitar a Jéssica depois da ajuda da Juliana.
BRUNO: Pena que fez isso tarde demais.
ROBERTA: Ela morreu devido ao câncer mesmo?
BRUNO: Não. Segundo o médico, isso aconteceu devido a uma convulsão inesperada que não tinha nada a ver com a leucemia.
ROBERTA: Bruno, eu posso falar com você?
CARLA: Que falta de educação, Roberta. Eu cheguei aqui primeiro.
ROBERTA: Ou eu falo ou você fala. Esqueceu disso?
BRUNO: O que está acontecendo? Do que vocês estão falando?
ROBERTA: Do egoísmo da Carla, Bruno.
CARLA: Para com isso, Roberta.
BRUNO: Egoísmo?
ROBERTA: Sim. A verdade é que a Carla poderia doar medula para a Jéssica. Ela mentiu para você por maldade, porque queria ver a Jéssica morta para depois te consolar e te seduzir.
BRUNO: O quê?
CARLA: Isso é mentira, bruno. Não acredita nela, por favor.
ROBERTA: É a verdade, bruno. Resta você acreditar ou não.
(Carla pega no braço de Bruno, mas ele se esquiva)
BRUNO: Não toca em mim, sua maluca.

Cena 14/ Calçada/ Dia
JULIANA: Você não vai para a festa de casamento dos seus pais?
SÉRGIO: Daqui a pouco. Eu quero curtir a gente a sós.
(Guilherme se aproxima do casal em um carro. Ele sai do carro e pega Juliana)
JULIANA: Mas o que é isso, pai? Que carro é esse?
GUILHERME: Não interessa. Você vem comigo.
JULIANA: Solta meu braço.
SÉRGIO: Solta o braço dela agora.
GUILHERME: Cala essa boca. Moleque.
(Guilherme dá um soco em Sérgio, que cai no chão. Guilherme pega Juliana e a coloca dentro do carro. Ele entra e parte)
SÉRGIO: Juliana. Juliana.
(Sérgio levanta-se e pega o celular)
SÉRGIO (ligando a sua moto): Alô; é da polícia? Minha namorada acabou de ser seqüestrada.
(Sérgio liga a moto e parte)

Cena 15/ Carro/ Interno/ Dia
JULIANA: Para com isso, pai. Para esse carro e me deixa sair.
GUILHERME: Para quê? Para você voltar para os braços do Sérgio? Nada disso. Eu não quero ver você com aquele garoto.
JULIANA: Para onde o senhor está me levando?
GUILHERME: Para um lugar bem longe daquele moleque, da sua mãe, de toda essa corja. Para um lugar em que só tenha eu e você, filha.
(O celular de Juliana toca. Ela pega e vê que é Luciana)
JULIANA: É minha mãe.
GUILHERME: Me dá esse celular.
JULIANA: Ele é meu e minha mãe quer falar comigo.
GUILHERME: Eu disse para você me dar esse celular.
(Guilherme pega o celular da mão de Juliana e o joga na estrada. Ele vê a moto de Sérgio pelo retrovisor)
GUILHERME: Droga. Seu namoradinho está atrás de nós.

Cena 16/ Paisagens do Rio de Janeiro/ Noite

Cena 17/ Mansão Martins/ Sala/ Interno/ Noite
(Todos os convidados estão dançando ao som de uma música dance. Renato e Paula chegam. Eles se aproximam de Otávio)
RENATO: Pronto. Levei a Paula em casa e ela já está vestida a caráter para a festa.
PAULA: Cadê a Larissa?
OTÁVIO: Está no quarto. Foi trocar de roupa. Vocês querem um drinque? Afinal, essa festa é de vocês também.

Cena 18/ Mansão Martins/ Quarto de Larissa/ Interno/ Noite
(Larissa sai do banheiro e se direciona a sua penteadeira. Ela fica em frente ao espelho, tira os brincos e abaixa para guardá-los em uma gaveta. Ao se levantar e olhar para o espelho, Larissa vê o reflexo de Adriana com uma arma apontada em sua direção)
LARISSA: Adriana?
(Larissa vira-se para Adriana)
ADRIANA: Boa noite, querida.
LARISSA: Você na está...
ADRIANA: Morta? (soltando uma gargalhada): BU!
(Congela em Larissa)

Nenhum comentário:

Postar um comentário