segunda-feira, 18 de março de 2013

Fera Solta - Primeiro Capítulo



Cena 01 – Torre, Quarto, Noite.
(Elizabeth senta-se numa cadeira diante de um espelho e começa a pentear os seus cabelos, ela escuta um barulho vindo do lado de fora e corre para abrir a janela, ela sorri ao ver Charles).
ELIZABETH – Charles? Estás louco? O que veio fazer aqui? Alguém pode te ver!
CHARLES – Eu não podia dormir sem ao menos te ver meu amor!
ELIZABETH – Pois é melhor dormir sem me ver do que me ver e morrer!
(Eles se olham apaixonados)
CHARLES – Eu te amo, minha Elizabeth!
ELIZABETH – Eu também te amo e sofro por não poder estar agora ao teu lado!
CHARLES – Foge comigo!
(Elizabeth dá um susto em Charles que estava pensativo)
ELIZABETH – EU ME RECUSO!
CHARLES – Elizabeth, eu estava a pensar!
ELIZABETH – Pois pense depois, só digo uma coisa, Charles, eu vou lançar o meu livro e ninguém vai me impedir!
(Ele se aproxima dela)
CHARLES – Você pode lançar o livro em outro momento, fazer uma novela baseada na sua história seria uma grande chance!
ELIZABETH – A novela seria um spoiler fatal e meu livro não venderia nada! Eu me recuso, eu me recuso!
(Elizabeth acende um cigarro e observa à janela, ele senta-se na cama e ela vira pra ele).
CHARLES – E ai?
ELIZABETH – Sua mala já está pronta?
(Charles sorri)
CHARLES – Eu sabia!
ELIZABETH – Espero não me arrepender!

Cena 02 – Cidade de Urucubaca, Praça, Dia.
(Delegada Mangabeira estaciona sua viatura na praça da igreja, um grupo de beatas vão em direção à igreja e de repente aparece o Padre correndo atrás de Paulo).
PADRE – Prendam este meliante!
(Paulo tropeça e olha pra Mangabeira de baixo pra cima)
DELEGADA MANGABEIRA – Mas o que está acontecendo?
PAULO – Eu sou inocente!
PADRE – Este meliante roubou a minha igreja!
(Paulo olha pra ele)
DELEGADA MANGABEIRA – Está preso!
PAULO – Eu estava com fome!
(Delegada algema Paulo, ele entra na viatura e Irineu chega de carro, sai e confronta a Delegada).
IRINEU – Mas o que é isso?
DELEGADA MANGABEIRA – Isso o que?
IRINEU – A senhora está impedindo a minha passagem e eu exijo que retire a viatura para me dar passagem!
DELEGADA MANGABEIRA – Quem o senhor pensa que é?
IRINEU – Sou o prefeito desta cidade e eu exijo que me dê passagem!
(A delegada se aproxima dele)
DELEGADA MANGABEIRA – Prefeitinho de merda!
IRINEU – O que disse?
DELEGADA MANGABEIRA – Ficou surdo? Pois olhe aqui, não banque o macho pra cima de mim, pode ser prefeito e o escambau, mas não me intimido não, me retiro quando eu quiser!

Cena 03 – Mansão de Kate, Banheiro, Dia.
(Kate sai do banho e se enrola numa toalha, ela ouve um barulho na janela e corre pra vê, é Augusto, sem perceber que só está de toalha, ela desce as escadas apressada e abre a porta ficando diante do amado).
KATE – Augusto! Eu estou tão feliz em vê-lo!
AUGUSTO – Kate!
KATE – Faz tempo que chegou? Eu estava morrendo de saudades!
AUGUSTO – Cheguei agora, fiz questão de vê-la primeiro!
KATE – Meu amor!
(Eles se beijam, quando se afasta ele percebe que ela está de toalha).
AUGUSTO – Você está nua!
(Kate olha e percebe que está de toalha, enquanto Dona Eulália observa do outro lado da rua).
EULÁLIA – Quanta pouca vergonha!
KATE – Ai meu deus! Eu estava no banho, preciso por uma roupa...
(Ela recua desesperada para a porta, mas Augusto a impede).
AUGUSTO – Espera!
(Ele pega o braço dela e ela vira olhando direto para os olhos dele)
KATE – O que?
AUGUSTO – Quer casar comigo?
KATE – Espera... Eu ouvi direito?
AUGUSTO – Eu passei dois meses longe de você e não quero passar mais um dia longe, tu casa comigo?
KATE – Mas é claro que eu caso!
(Eles se beijam apaixonados)

Cena 04 – Delegacia, Sala, Dia.
(A Delegada entra junto com o preso)
DELEGADA MANGABEIRA – Mas que prefeitinho petulante, mas comigo ele come farinha!
(Ela bebe água e senta-se em sua cadeira)
PAULO – Eu vou ficar preso?
DELEGADA MANGABEIRA – Pois trate de se sentar que eu quero um esclarecimento!
PAULO – Eu estava com fome e quando entrei na igreja...
(Um menino entra na delegacia e entrega um bilhete a delegada)
DELEGADA MANGABEIRA – Não acredito, o meu filho voltou! Ai, meu deus!
(Ela se levanta e pega a bolsa, lembra-se do preso e volta).
PAULO – E eu?
DELEGADA MANGABEIRA – Vai passar a noite no xilindró!

Cena 05 – Mansão de Kate, Sala, Dia.
(Joana serve chá para Kate e Odete)
ODETE – Ele te pediu em casamento?
KATE – Com todas as letras, eu não estou acreditando, sou a mulher mais feliz desse mundo!
(Joana vai pra cozinha e encontra Pedro)
JOANA – Que tu ta fazendo aqui Pedro?
PEDRO – Consegui, consegui nossa casinha!
JOANA – Que tu disse?
PEDRO – É isso mesmo minha flor, nós já podemos nos juntar e viver junto!
JOANA – Surtei de emoção agora!
PEDRO – Pega suas coisas, arruma tua trouxa e vamos!
JOANA – Calma meu amor, eu tenho que falar com Dona Clarita, eu tenho que falar tudo o que eu penso pra jararaca da perna fina, esse prazer eu ei de ter, vou esfregar a buxa na cara dela!
PEDRO – Eu espero!
(Eles se beijam)

Cena 06 – Casa de Mangabeira, Sala, Noite.
(Mangabeira janta com seu filho Augusto)
MANGABEIRA – Como foi à viagem meu filho?
AUGUSTO – Um pouco cansativa pra não dizer muito!
MANGABEIRA – Agora eu tenho um filho médico, estou muito feliz, Urucubaca precisava de um médico, o prefeitinho de quinta não mexe uma palha quando o assunto é a saúde do povo!
AUGUSTO – Se depender de mim, esse povo não vai mais sofrer como antes!
(Delegada sorri orgulhosa)
MANGABEIRA – Estou muito orgulhosa de você, meu filho! Eu soube que visitaste a Kate?
AUGUSTO – Eu pedi a Kate em casamento!

Cena 07 – Casa do Prefeito, Sala, Noite.
(Heleninha entra e Irineu lhe surpreende)
IRINEU – Posso saber onde a senhorita estava?
HELENINHA – Meu marido?
IRINEU – Não enrole e diga logo!
(Ela tira o escapulário do bolso e segura com força)
HELENINHA – Eu fui rezar meu amor, fui rezar pela alma de nosso menino morto!
IRINEU – Tu foi rezar?
HELENINHA – Eu rezo todos os dias pelo nosso menino!
(Ele abraça a esposa)
IRINEU – Não chore!
HELENINHA – (Em pensamento) Ele voltou, ele voltou!


Cena 08 – Urucubaca, Cachoeira, Dia.
(Kate espera sorridente pelo amado numa pedra diante da cachoeira, Augusto chega por trás e venda os olhos dela com as mãos).
AUGUSTO – Um beijo se adivinhar!
(Kate abre um imenso sorriso)
KATE – Augusto, o homem que amo!
(Ele tira as mãos e ela se vira pra ele que logo a beija, depois de muito tempo eles se desgrudam).
AUGUSTO – Eu disse que voltaria pra você!
KATE – Eu sofri, eu sofri muito com a tua ausência e chorei por diversas noites pensando que nunca mais iria vê-lo novamente!
AUGUSTO – Você acha mesmo que deixaria escapar o amor da minha vida?
KATE – Não!
(Eles se beijam)

Cena 09 – Igreja, Altar, Dia.
(Augusto entra na igreja e vai em direção a uma mulher de preto, ela vira pra ele revelando seu rosto).
HELENINHA – Pensei que tu não vinhas mais!
AUGUSTO – Eu estou aqui, não estou?
(Ela toca o rosto dele)
HELENINHA – Não sabe como eu sofri por todo esse tempo!
AUGUSTO – Você está bem?
HELENINHA – Agora que você está aqui, eu estou bem, não vai me beijar?

Cena 10 – Estrada, dia.
 (Um carro vem de longe, aproximando-se percebe Charles dirigindo enquanto Elizabeth lê um livro, ela tira o chapéu que cai no banco de trás e se espreguiça).
ELIZABETH – Vai demorar muito? (Olha pra ele)
CHARLES – Já começou a perguntar, ainda faltam uns 60 km! 120! Enganei-me! Já esta cansada? Não acredito!
(Ele olha pra ela e ri)
ELIZABETH – Eu quero tomar um banho, eu estou com fome, com sono, com tédio principalmente e você ainda diz que faltam 120 km! Eu me recuso!
CHARLES – Calma meu amor, estamos chegando, falta pouco, breve vamos gravar a nossa novela...
ELIZABETH – Não me fale sobre essa novela, ainda vamos discutir muito sobre esse assunto, estamos indo para essa cidadezinha porque perdemos a nossa casa!
CHARLES – Devia ficar contente que herdou uma casa, Urucubaca, vamos lá!
(Ouve-se um barulho, o carro deles quebra no meio da estrada).
ELIZABETH – Meu deus! E agora o que será que foi isso?
CHARLES – Droga!
(Charles sai do carro e vê a fumaça saindo da traseira do carro)
ELIZABETH – É alguma coisa grave? (Põe a cabeça pra fora)
CHARLES – Nada demais! SÓ ACHO QUE FUDEU TUDO! A LATA VELHA JÁ ERA!
(Elizabeth sai do carro)
ELIZABETH – O que? Quer dizer que estamos perdidos aqui?... No meio do mato! Eu me recuso a ficar no meio do mato!
(Um carro se aproxima e Charles faz sinal)
CHARLES – Ajuda! Ajuda!
(Clarice vê os dois fazendo sinal, mas ela não para o carro e passa direto).
CLARITA – Por mim vocês morrem nessa estrada vítima de algum animal!
ELIZABETH – Eu me recuso a acreditar que passaremos o resto no dia nessa estrada!
CHARLES – Agora é esperar por alguém que nos ajude!
(Charles olha pra trás e vê o carro voltando, ele sorri e Elizabeth vibra, Clarita desce do carro e vai até eles).
CLARITA – Precisam de ajuda? (Sorri)


A SEGUIR
CENAS DO PRÓXIMO CAPÍTULO

JOANA – Eu esperei engasgada por muito tempo e agora eu vou despejar cobras e lagartos na senhora!
(Joana parece estar decidida)
ELIZABETH – Mas que casebre horrendo, eu me recuso a ficar aqui!
(E Elizabeth parece não gostar da nova moradia)

Nenhum comentário:

Postar um comentário