quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

ESTRELA DO MAR – CAPITULO 23


CENA 1: MANHÃ – FORTALEZA – DELEGACIA – SALA DE RAMIREZ

O delegado Ramirez acaba de perguntar a Yuri se ele sabia que sua antiga casa tinha um quarto subterrâneo
YURI: Sim, sabia. Foi meu pai quem construiu aquela casa
RAMIREZ: Qual a finalidade daquele quarto?
YURI: Meus pais eram japoneses, eles vieram para o Brasil ainda jovens, na década de 50, pouco tempo depois da segunda guerra mundial. 
RAMIREZ: Eles testemunharam a guerra?
YURI: Sim, meu avô e minha avó paterna morreram no ataque nuclear lançado pelos EUA em Hiroshima. Meu pai tinha apenas 12 anos e ficou sozinho 
RAMIREZ: Nossa, sinto muito.
YURI: Meu pai me contou que o Japão ficou completamente destruído e muitos decidiram ir embora. Foi então que ele conheceu Sária, uma jovem que também tinha perdido os pais na guerra, e estava sendo enviada ao Brasil para viver com uma tia. Os dois ficaram muito amigos e ele decidiu vir com ela
RAMIREZ: Essa Sária é a sua mãe?
YURI: Isso mesmo. A principio eles foram para Bahia, mas minha mãe não se deu muito bem com a tal tia, por isso ela e meu pai resolveram se mudar e vieram para Fortaleza. Eles trabalharam duro e chegaram a morar na rua, mas enfim conseguiram comprar um terreno e construir uma casinha
RAMIREZ: Ainda não entendi o motivo do quarto subterrâneo
YURI: Ah claro, desculpe se falo demais. Bom, meu pai foi um sobrevivente da guerra, por isso era meio traumatizado e decidiu construir aquele quarto para servir de abrigo em caso de um ataque nuclear aqui. Felizmente nunca precisamos usa-lo.
RAMIREZ: Agora faz sentido. 
YURI: Aquele quarto vivia fechado, eu mesmo fui lá poucas vezes, mas porque está perguntando isso?
RAMIREZ: Por que suspeito que ele tenha sido usado como cativeiro por anos
YURI: Nossa que horror
RAMIREZ: Bom, eu não tenho mais perguntas, o senhor esta liberado.
YURI: Obrigado. Escuta, será que eu ainda tenho algum direto sobre a casa?
RAMIREZ: Acho que sim, afinal legalmente ela nunca foi vendida. 
YURI: Eu sempre me arrependi de ter me desfeito da casa que meus pais construíram com o suor de seus rostos
RAMIREZ: Procure um advogado e ele te orientará
YURI: Vou fazer isso. Obrigado
Yuri sai.

CENA2:  MANHÃ – VILA DE PESCADORES – CASA DE JULIO – SALA

Estrela está na sala tentando ler um livro de Catarina. Malena entra.
ESTRELA: Olha, consegui ler um pagina inteira sozinha.
MALENA: Parabéns. Você aprende rápido
ESTRELA: É que o Danilo ensina direitinho
MALENA: Sei. 
Malena olha para o relógio
MALENA: Cadê o Júlio que não chega, eu tenho que sair, tenho uma consulta daqui a quinze minutos
ESTRELA: Ele deve estar chegando, mas se quiser pode ir
MALENA: Não quero te deixar sozinha
ESTRELA: Você não confia em mim né?
MALENA: Não é isso, é que eu me preocupo.
Malena vai até a janela
MALENA: OJúlio só ia entregar os peixes no mercado, porque essa demora toda, ele sabia que eu tinha médico marcado.
ESTRELA: Pode ir, é serio. Eu prometo que vou ficar aqui sentada lendo, não farei nenhuma besteira.
Malena olha para o relógio novamente.
MALENA: Está bem, se eu perder essa consulta sabe-se lá quando conseguirei remarcar. Promete que ficara ai quietinha?
ESTRELA: Prometo
MALENA: Então eu vou, o Júlio já deve estar chegando, e o Danilo também. Se comporta.
Malina dá um beijinho em Estrela e sai
Estrela continua lendo.

CENA 3: MANHÃ -  RIO DE JANEIRO – AEROPORTO

Cesar e Beatriz desembarcam. Cesar nota que Bia está triste
CESAR: O que foi?
BEATRIZ: É que quando saímos daqui eu sonhei em voltar para casa com a Isabela
CESAR: Nós vamos encontra-la querida, sei que vamos
Cesar abraça Beatriz, e eles caminham juntos até o ponto de taxi.

CENA 4: MANHÃ  – VILA DE PESCADORES – CASA DE JULIO – SALA

Danilo entra correndo em casa. Estrela está sentada lendo
DANILO: Estrela, precisamos sair daqui.
ESTRELA: O que?
Danilo pega Estrela pelo braço 
DANILO: Anda, pega umas roupas e coloca naquela mochila velha da Catarina.
ESTRELA: Por que? O que esta acontecendo?
DANILO: Nós vamos fugir
ESTRELA: Como assim? Fugir para onde? Por quê?
DANILO: Não tenho tempo de explicar agora, só coloca as roupas na mochila, só o básico ok.
Estrela corre para o quarto.

CENA 5: MANHÃ – VILA DE PESCADORES – CASA DE JULIO – QUARTO DE CATARINA

Estrela pega uma mochila em cima do guarda roupa e começa a colocar algumas roupas, e sua tiara de princesa.
Danilo entra com uma mochila nas costas.
DANILO: Pronto peguei umas roupas, comida e dinheiro. Esta pronta?
ESTRELA: Não estou entendendo nada
DANILO: Eu te explico depois.
Estrela coloca a mochila nas costas 
DANILO: Vamos logo
Estrela começa a andar atrás de Danilo, mas pára de repente.
ESTRELA: Eu não posso ir
DANILO: O que?
ESTRELA: Prometi a sua mãe que não iria a lugar nenhum
DANILO: Estrela, o caso é serio
ESTRELA: Mas você me disse que não é certo quebrar uma promessa
DANILO: Tudo tem um exceção, vamos logo.
Danilo pega na mão de Estrela e a puxa
ESTRELA: Mas Danilo espera, o que significa exceção?
Danilo e Estrela saem

CENA 6: MANHÃ – VILA DE PESCADORES – ESCOLA – SALA DE AULA

Denise entra na sala de aula e senta-se ao lado de Larissa
LARISSA: Conseguiu comprar o compasso?
DENISE: Oi? Ah! Sim. Comprei sim
Larissa observa Denise
LARISSA: O que foi? Você está com uma cara estranha
DENISE: Não é nada, só estou cansada. Vim correndo da papelaria
LARISSA: Tem certeza de que é só isso?
DENISE: Sim, estou bem

CENA 7: MANHÃ – VILA DE PESCADORES – CASA DE JULIO – SALA

Malena chega e casa. Catarina esta na sala vendo TV
MALENA: Oi querida, seu pai foi te buscar direitinho?
CATARINA: Foi.  Sabia que eu fiquei com zero no trabalho da escola
MALENA: Por que?
CATARINA: Por que o Danilo não levou o material que pedi, eu passei a maior vergonha com a professora.
MALENA: Que estranho, ele saiu daqui cedo dizendo que ia à papelaria e depois direto pra sua escola
CATARINA: Mas não foi e eu não tive material para fazer o cartaz. O Danilo me paga.
Julio entra
JULIO: Ainda que você chegou, eu estou morrendo de fome
MALENA: A consulta demorou, mas já vou preparar o almoço. Cadê a Estrela?
JULIO: Sei lá. Ela não foi ao médico com você?
MALENA: Não, eu a deixei aqui.
JULIO: Sozinha?
MALENA: Sim, você estava demorando muito e ela disse que ficaria sentada lendo
JULIO: Quando eu cheguei não tinha ninguém aqui
MALENA: Ai meu Deus, onde essa menina se meteu?

CENA 8: MANHÃ – FORTALEA – DOCERIA SABOR DE MEL – COZINHA

Jaqueline está na cozinha preparando uns doces. Gabriela, a dona da loja entra
GABRIELA: Parabéns. Aqueles cupcakes que você fez venderam feito água no deserto
JAQUELINE: Que bom os clientes gostaram, já tem mais no forno.
GABRIELA: Você tem muito talento, tem certeza que nunca fez um curso de culinária?
JAQUELINE: Não. Aprendi tudo com a minha avó, ela era uma ótima cozinheira.
GABRIELA: Mais uma vez parabéns. Vou voltar para o balcão
Gabriela sai. Jaqueline continua batendo a massa de um bolo

CENA 9: TARDE  – RIO DE JANEIRO – CONSTRUTORA  –  SALA DE CESAR

Cesar entra em sua sala com Rubens um funcionário
CESAR: Problemas enquanto estive fora?
RUBENS: Não, mas o mestre de obras do edifício da Arnaldo esteve te procurando, ele diz que o senhor abandonou a obra.
CESAR: Ora, eu tenho outros empreendimentos para cuidar, alem de uma vida pessoal. Mas ele disse se tem algum problema na obra?
RUBENS: Ele reclamou sobre os novos materiais, mas não entendi direito
CESAR: Que novos materiais? Eu não mudei nada
RUBENS: Bom, eu não sei, mas ele estava irritado
CESAR: Está bem, amanhã cedo passo na obra e vejo o que esta havendo. Agora vamos ver o projeto dos Vasconcelos
RUBENS: Estão aqui na mesa
Rubens mostra uns papeis a Cesar

CENA 10: TARDE – VILA DE PESCADORES – CASA DE JULIO – SALA

Julio entra em casa. Malena está apreensiva
MALENA: Então, achou ela?
JULIO: Não. Pior é que o Danilo também sumiu, eles devem estar juntos
MALENA: Eu sabia que esse negocio de namoro não ia dar certo, o Danilo vai me ouvir
JULIO: Mas eu estou achando isso muito estranho, o Danilo é um menino muito responsável
MALENA: Eu sei, e isso esta me angustiando. Será que aconteceu alguma coisa com eles?
Julio abraça Malena
JULIO: Não se preocupe, daqui a pouco eles aparecem

CENA 11: TARDE – ÔNIBUS

Danilo e Estrela estão no ônibus
ESTRELA: Para onde estamos indo?
DANILO: Para cidade
ESTRELA: Serio? Que legal eu sempre quis ir lá, mas vocês nunca me levavam
DANILO: Mas agora você vai
ESTRELA: Eu ainda não entendi por que saímos correndo daquele jeito
DANILO: A Larissa falou para a policia que estamos com você
ESTRELA: E o que tem isso?
DANILO: Bem, é que quando alguém encontra uma pessoa perdida deve avisar a policia e nos não fizemos isso. E para piorar você é menor de idade
ESTRELA: Então porque vocês não avisaram a policia sobre mim?
DANILO: Porque nos apegamos a você. Se avisássemos, a policia ia levar você.
ESTRELA: Levar pra onde?
DANILO: Para um abrigo. É uma casa com outras pessoas que também estão sem a família, você ia ficar lá ate encontrarem sua família.
ESTRELA: E quando a pessoa não tem família?
DANILO: Nesse caso elas ficam no abrigo até ser maior de idade
ESTRELA: Eu não quero ir para esse lugar, quero ficar com você.
DANILO: Por isso tivemos que fugir, você entende agora?
ESTRELA: Acho que sim
Danilo abraça Estrela

CENA 12: TARDE – DELEGACIA – SALA DE RAMIREZ

O delegado Ramirez e o policial Gilberto estão conversando. 
GILBERTO: Ai o cara veio fazer uma denuncia que o vizinho estava tirando fotos da mulher dele pegando sol na laje. Disse que era invasão de privacidade
RAMIREZ: Mas uma mulher que faz topless na laje quer tudo menos privacidade.
A secretaria entra avisando que Ramirez tem uma ligação. O delegado atende ao telefone
RAMIREZ: Sim, eu estou cuidando desse caso, pode falar
Gilberto percebe uma expressão de surpresa em Ramires
RAMIREZ: Está bem, avisem assim que a pegarem
Ramirez desliga o telefone
GILBERTO: O que foi?
RAMIREZ: Era o delegado de Camocim uma cidade do interior, ele disse que recebeu uma denuncia de uma garota encontrada no mar e sem memória
GILBERTO: Deve ter sofrido um acidente, mas o que isso tem a ver conosco?
RAMIREZ: Bom, a pessoa que informou sobre o caso disse que a tal garota não conhece nada do mundo e tem uma aparência e comportamento estranhos, como se nunca tivesse tido contato com ninguém antes.
GILBERTO: Ainda não entendo o que... Espere você acha que pode ser a garota que ficou presa naquele cativeiro?
RAMIREZ: Talvez. O delegado de lá soube do caso e pensou na mesma hipótese por isso ligou.
GILBERTO: E onde está a garota?
RAMIREZ: Um policial e uma assistente social foram a vila onde ela está. Vão levá-la para o abrigo de Camocim e  interrogá-la
GILBERTO: O que vamos fazer?
RAMIREZ: Pegar o carro e ir para lá verificar isso.

CENA 13: TARDE – VILA DE PESCADORES – CASA DE JULIO – QUINTAL

Catarina está no quintal brincando e vê um carro se aproximando. A menina entra e chama a mãe
Malena chega ao quintal e uma mulher vem cumprimentá-la
AMANDA: Boa tarde, meu nome é Amanda e sou assistente social, a senhora é Malena Andrade?
MALENA: Sim, sou eu. O que deseja?
AMANDA: Podemos entrar e conversar?
MALENA: Claro
As duas entram.

CENA 14: TARDE – VILA DE PESCADORES – CASA DE JULIO – SALA

MALENA: Catarina, vai brincar no quarto
CATARINA: Ah mãe, deixa eu ficar aqui
MALENA: Catarina obedeça
Catarina segue para o quarto emburrada
AMANDA: É sua filha?
MALENA: Sim. Sente-se
AMANDA: Obrigada
Amanda se senta
AMANDA: O motivo da minha vinda, é que soube que vocês encontraram uma criança perdida e a estão mantendo aqui
Malena olha para Amanda com uma expressão de surpresa.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo blog! Vou seguir ele. Vou colocar vocês na elite "afiliados" do meu. Twitter para contato @CarmenDoCaribe >> http://minhatvveia.blogspot.com

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