terça-feira, 27 de novembro de 2012

Estrela do Mar - Capítulo 17



CENA 1: MANHÃ – FORTALEZA – OFICINA -  DEPOSITO

Jaqueline começou a descer pela passagem secreta no chão e o alçapão acaba de se fechar sobre ela.
JAQUELINE: Socorro
Valéria puxa a tampa do alçapão para abri-lo
VALERIA: Você está bem?
JAQUELINE: Sim, mas me assustei. Por que fechou a tampa?
VALERIA: Eu não fechei, só soltei e ela fechou sozinha.
Valeria observa a tampa do alçapão que é disfarçada por um tapete
VALERIA: Tem uma mola aqui, quando eu solto ela se fecha automaticamente.
JAQUELINE: Então fica segurando, por favor
VALERIA: Pode deixar
Jaquelinecontinua descendo e chega ao fundo
VALERIA: O que tem ai?
JAQUELINE: Acho que é uma porta
Jaqueline empurra a porta e percebe que está aberta
JAQUELINE: Está aberta
VALERIA: E o quem dentro?
JAQUELINE: Não sei, mas vou descobrir agora.
Jaqueline empurra a porta com força, que se abre completamente.
Jaqueline olha horrorizada para o interior
JAQUELINE: Meu Deus! O que é isso?

CENA 2: MANHÃ – VILA DE PESCADORES – CASA DE DONA FILOMENA – QUINTAL

Danilo tenta acalmar Estrela que está muito agitada
ESTRELA: Esse cheiro. Eu reconheço esse cheiro
DANILO: Mas que cheiro?
Estrela aponta para as tábuas que Danilo estava serrando
DANILO: Da madeira? Você reconhece o cheiro da madeira?
Estrela afirma com a cabeça
DANILO: Você se lembra d alguma coisa? Sabe de onde veio?
ESTRELA: Não, mas eu lembro do cheiro
Estrela começa a chorar
DANILO: Calma é melhor irmos pra casa, você está muito nervosa.

CENA3: MANHÃ – RIO DE JANEIRO – EMPRESA GOLTZ  – SALA DE DIOGO

Rogerio entra na sala de Diogo
DIOGO: E a obra?
ROGERIO: Acabei de vir de lá, está tudo certo.
DIOGO: Os trabalhadores notaram a troca do material
ROGERIO: Os mais experientes sim, mas eu expliquei que houve uma troca de fornecedores e eles não criaram caso.
DIOGO: Melhor assim.
ROGERIO: Quando o Cesar volta de São Paulo
DIOGO: Deve voltar hoje. Falei com o Mauricio e ele disse que o Cesar ficou meio chateado por terem o feito ir a São Paulo para falar de um projeto que nem sabem se vai mesmo sair
ROGERIO: Será que ele desconfiou que essa viagem era só para afastá-lo daqui?
DIOGO: Não, acho que isso nem passou pela cabeça dele.
ROGERIO: Melhor assim. Vou pata sala, qualquer coisa me chama
Rogerio sai

CENA 4: MANHÃ – FORTALEZA – OFICINA -  DEPOSITO

Jaqueline acaba de entrar no quarto subterrâneo. Valeria a espera na parte de cima
VALERIA: O que é? O que você esta vendo?
JAQUELINE: É um quarto
Jaqueline caminha pelo quarto, ele está com a luz acesa e tem algumas caixas de papelão com algumas roupas e coisas espalhadas pelo chão. Há uma cama bagunçada e uma parte com uma cortina.
VALERIA: Um quarto? Mas que tipo de quarto?
JAQUELINE: Eu não sei, mas o tem um forte cheiro de mofo e está muito bagunçado
VALERIA: Vou descer ai
JAQUELINE: Não. Fique segurando o alçapão, tenho medo de ficarmos presas aqui.
Jaqueline continua andando pelo quarto, ela pega uma das roupas e nota alguns poucos brinquedos no chão. Jaqueline olha as paredes rabiscadas formando desenhos sem nenhum sentido
JAQUELINE: Será que tinha alguma criança aqui?
VALERIA: É melhor você subir, o cheiro de mofo está vindo aqui em cima
JAQUELINE: Está bem, estou indo
Jaqueline começa a subir as escadas de volta ao deposito

CENA5 : MANHÃ - VILA DE PESCADORES – CASA DE JULIO – SALA

Danilo e Estrela chegam em casa
DANILO: Está melhor?
ESTRELA: Sim
Estrela se senta no sofá
DANILO: Me diga do que você se lembrou?
ESTRELA: Eu não sei, aquele cheiro, eu não sei de onde mas reconheço aquele cheiro
DANILO: Era o cheiro da madeira, será que você veio de algum lugar com uma floresta por perto ou algo parecido?
ESTRELA: Eu não consigo me lembrardireito, as coisas vem muito confusas na minha cabeça.
DANILO: Tudo bem, não se esforce é melhor vocêdescansar um pouco.
ESTRELA: É acho que vou deitar
Estrela se levanta e segue para o quarto
DANILO: Eu vou ficar aqui, se precisar de alguma coisa é só chamar.
ESTRELA: Obrigada

CENA 6: MANHÃ – FORTALEZA – OFICINA -  DEPOSITO

Jaqueline volta ao deposito.
VALERIA: E então?
JAQUELINE: É tudo muito estranho lá embaixo. Eu acho que tinha alguém morando lá
VALERIA: Como assim?
JAQUELINE: É que tem uma cama, e um pequeno banheiro coberto por uma cortina de plástico.
VALERIA: Pode ser que alguém usasse esse quartinho, mas há anos atrás.
JAQUELINE: Acho que não. O lugar não está tão empoeirado assim, a luz estava acesa e tem roupas limpas em uma caixa.
VALERIA: Que tipo de roupas?
JAQUELINE: Acho que são de uma criança, uma menina. Também vi uns poucos brinquedos espelhados, a maioria feito de madeira
VALERIA: Por que uma criança estaria vivendo em um quarto subterrâneo?
JAQUELINE: Talvez aquilo não seja somente um quarto, talvez aquilo fosse um cativeiro.
Valéria olha assusta para Jaqueline.
VALÉRIA: Como assim um cativeiro?
JAQUELINE: Ah, sei lá foi o que me passou pela cabeça enquanto estava lá embaixo.
Valeria aparenta estar chocada
VALERIA: Você acha que o Matias podia estar mantendo uma criança presa lá em baixo?
JAQUELINE: Não consigo imaginar meu Matias fazendo uma coisa dessas
VALERIA: Eu acho que devíamos chamar a policia
JAQUELINE: A policia?
VALERIA: Sim, isso está muito estranho, se tinha uma criança vivendo ali temos que saber quem é, para onde ela foi e se o Matias...
JAQUELINE: Eu entendi
VALERIA: Acho que temos que fazer isso agora
JAQUELINE: E a moça que vai vir ver a oficina?
VALERIA: É melhor ligar para Maria e avisar que ela não pode vir hoje
JAQUELINE: Está bem
VALERIA: Vamos sair desse lugar
Jaqueline e Valeria saem, ainda chocadas.

CENA 7: TARDE – VILA DE PESCADORES – CASA DE JULIO – COZINHA

Estrela entra na cozinha e vê Danilo preparando um sanduíche
ESTRELA: Oi. Que horas são?
DANILO: Já passa das duas. Conseguiu dormir?
ESTRELA: Um pouco
DANILO: Se lembrou de alguma coisa?
ESTRELA: Mais ou e menos
Danilo se entusiasma
DANILO: Com assim? Do que você lembrou?
ESTRELA: De como cheguei até aquela jangada, mas está tudo muito confuso
DANILO: Me conte mesmo assim
ESTRELA: Eu me lembro de estar no chão, não sei onde, mas o chão era de terra e estava molhado. Eu estava tonta e acho que fui me arrastando, eu queria sair daquele chão úmido.
DANILO: E o que aconteceu?
Estrela coloca as mãos na cabeça
ESTRELA: Está tudo tão confuso. Eu acho que me arrasei pela terra até chegar numa parte de madeira, que estava seca, então me deitei e não me lembro de mais nada, quando acordei estava aqui na sua casa
DANILO: Esse chão de madeira que você diz deve ser a jangada em que te encontramos
ESTRELA: Eu não sei
DANILO: Tudo bem, não se esforce. Coma um sanduíche
ESTRELA: Isso é o almoço?
DANILO: É (risos). Esqueceu que estamos sem fogão
ESTRELA: Tudo bem, eu gosto de sanduiche.
Danilo entrega o sanduiche para Estrela e a observa comer.

CENA 8: TARDE – SÃO PAULO – HOTEL

Cesar, Beatriz e Carla se arrumam para deixar o hotel.
CARLA: Que chato que já temos que ir embora
CESAR: Queria ficar mais?
CARLA: Claro, aqui o senhor não precisa trabalhar e a gente pode se divertir.
BEATRIZ: Não seja ingrata Carla, sempre que pode seu pai tira uma folga do serviço para ficar com você.
CARLA: Eu sei.
CESAR: Prometo que assim que puder eu tiro férias e a gente passa o mês todo se divertindo
CARLA: Oba, a gente pode viajar.
BEATRIZ: Desde que seja no mês em que vocêtambém estiver de férias na escola
CARLA: Ai mãe para de ser estraga prazeres
CESAR: Dessa vez ela esta certa amor, você não pode faltar um mês inteiro de aula
CARLA: Ai que droga, a escola sempre estraga tudo.
Cesar abraça Carla
CESAR: Deixa de reclamar e vamos até recepção fechar a conta
Cesar e Carla saem. Beatriz termina de se maquiar

CENA 9: TARDE – FORTALEZA – DELEGACIA DE POLICIA – SALA DO DELEGADO

Valeria e Jaqueline entram na sala do delegado Raimundo
RAIMUNDO: Boa Tarde. Sentem-se por favor.
Jaqueline e Valeria se sentam nervosas
RAIMUNDO: Vieram fazer uma denuncia?
JAQUELINE: Sim, mais ou menos.
RAIMUNDO: Como assim mais ou menos?
JAQUELINE: Bom, meu marido morreu há alguns dias. Ele era carpinteiro e tinha uma oficina onde confeccionava seus móveis, hoje estive lá, pois planejava alugar o lugar e...
RAIMUNDO: E...
Jaqueline começa a chorar.
VALERIA: Desculpe, ela está nervosa. O fato é que num quartinho que servia de deposito da oficina, encontramos uma espécie passagem secreta que leva a um quarto subterrâneo.
RAIMUNDO: E o que há nesse quarto?
VALERIA: Quem desceu foi a Jaqueline mas...
JAQUELINE: Esse quarto parece um cativeiro, eu acho que tinha uma criança vivendo ali e não faz muito tempo.
O delegado fica sério
RAIMUNDO: Isso que estão me contando é muito grave
JAQUELINE: Eu sei, não acredito que eu marido possa ter mantido ninguém preso naquele lugar, mas achei que devia investigar.
RAIMUNDO: Fez muito bem. Vou mandar meus homens lá imediatamente para investigar
JAQUELINE: Obrigada
RAIMUNDO: Preciso pesquisar a ficha de seu marido, para saber se ele tem antecedentes. Qual o nome dele?
JAQUELINE: Matias Vasconcelos
VALÉRIA: Na verdade não sabemos se esse é mesmo o nome dele
RAIMUNDO: Como assim?
Valeria entrega ao delegado a carteira de motorista que encontraram
VALERIA: Encontramos essa carteira na oficina, é a foto do Matias, mas o nome está diferente.
RAIMUNDO: Fernando Rodrigues Maia. Certo, vou investigar os dois nomes. Aviso quando descobrir alguma coisa
VALERIA: Obrigada

CENA 10: TARDE – VILA DE PESCADORES – CASA DE JULIO – SALA

Estrela e Danilo estão na sala assistindo TV, quando ouvem o barulho de uma caminhonete. Danilo vai à janela
DANILO: Papai e mamãe chegaram com um fogão novo
ESTRELA: Oba. Nada mais de sanduíches
DANILO: Poxa, você disse que tinha gostado do sanduíche que eu fiz
ESTRELA: Eu gostei, mas a comida da sua mãe é melhor.
DANILO: Tenho que concordar
Malena entra.
MALENA: Boa tarde. Como está tudo por aqui?
DANILO: Tudo bem.
Danilo corre para ajudar Júlio a levar o fogão para cozinha.
DANILO: Arrasou no fogão mãe
MALENA: É lindo não é? Danilo me faz um favor e busca a Catarina na casa da Ana, já está ficando tarde.
DANILO: Claro
Danilo sai
Malena senta-se ao lado de Estrela
MALENA: E ai? Terminaram a cerca da dona Filomena?
ESTRELA: Não. Eu não me senti bem e o Danilo me trouxe para casa e ficou aqui comigo
MALENA: Como assim não se sentiu bem? O que você tem?
ESTRELA: Nada, já estou melhor.
MALENA: Está bem mesmo?
ESTRELA: Sim
MALENA: Ok, quando o Danilo voltar eu pergunto o que aconteceu

CENA11 : TARDE  – VILA DE PESCADORES – PRAÇA
Danilo está indo buscar Catarina na casa da amiga, quando avista Larissa e Denise na praça tomando sorvete. Danilo se aproxima
DANILO: Preciso falar com você
LARISSA: Oi amor, não te vi o dia todo.
Larissa tenta beijar Danilo, mas ele se afasta.
LARISSA: O que foi?
DANILO: Precisamos conversar
DENISE: Já vi que é particular. Fui
Denise sai
LARISSA: O que aconteceu?
DANILO: Por que você colocou fogo na minha casa e deixou a Estrela levar a culpa?
 

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