Cena 1/
Quartinho de Marieta/ Interno/ Dia
MARIANA: Não
pode ser. A senhora só pode estar brincando com a minha cara.
MARIETA: Eu
não brincaria com uma coisa dessas. O Daniel é meu filho. Você são irmãos
MARIANA: Não
pode ser. Não dá para acreditar. Eu e o Daniel nos amamos muito para sermos
irmãos. Eu não acredito em você.
MARIETA:
Você quer que eu faça um exame de DNA? Eu faço sem problema algum.
MARIANA:
Você não tem noção do que você está dizendo? Você está destruindo o amor que eu
sinto pelo Daniel com essa notícia horrível.
MARIETA:
Desculpa, filha. Eu não queria te ver sofrer dessa maneira, mas eu não posso
ser leviana o bastante para permitir que vocês fiquem juntos.
MARIANA: Eu
não acredito em nenhuma palavra que sai da tua boca.
MARIETA:
Filha.
MARIANA:
Quer saber de uma coisa? Eu preferia que a senhora estivesse morta. Quem sabe
assim, eu não estaria sofrendo tanto como agora.
(Mariana
sai. Marieta começa a chorar.)
Cena 2/
Mansão de Antonio/ Quarto de Antonio/ Interno/ Dia
(Antonio
entra)
ANTONIO: O
que é isso, Diana?
DIANA: São
minhas malas. Estou indo embora.
ANTONIO: Não
acredito que você vai fazer isso mesmo.
DIANA: Não
dá para eu ficar vivendo debaixo do mesmo teto que o homem que me apontou como
a responsável pela morte da mãe dele.
ANTONIO:
Desculpa. Eu falei aquilo, porque eu estava muito nervoso. Agora, eu sei que
tudo não passou de um acidente. Você não pode ir embora. Você é o eixo, o
controle dessa família. Fica. Por mim, pelo Daniel.
DIANA: Não
sei. Quem garante que você não vai fazer com que eu me sinta culpada pelo o que
aconteceu com a Yolanda?
ANTONIO: Eu
garanto. Eu te amo, Diana. Fica, por favor.
DIANA:
Certo, eu vou ficar.
(Antonio
beija Diana)
Cena 3/
Favela da Portelinha/ Dia
(Debora para
o carro na entrada da favela. Ela sai do carro e começa a andar pelas ruas da
favela, expressando nojo.)
Cena 4/
Favela da Portelinha/ Casa de Leonardo/ Interno/ Dia
(Alguém bate
na porta e Leonardo atende)
LEONARDO:
Dona Débora? Aconteceu alguma coisa na empresa?
DEBORA: Você
acha mesmo que eu viria até essa favela fedorenta para te dizer algo sobre a
empresa? Eu vim falar sobre o testamento do Medeiros.
LEONARDO: O
que, mais especificamente?
DEBORA: Eu
vim te dizer que você não vai ganhar nada desse testamento. Você vai sair dessa
história da mesma forma que entrou: com as mãos abanando.
LEONARDO: A
senhora jura que veio até aqui para dar esse recado? Não, porque eu jurava que
a senhora, agora mesmo, iria sacar um revólver, apontá-lo na minha cabeça e
atirar bem no meio do meu cérebro. Acertei?
DEBORA: Você
está louco, moleque? Você está me julgando muito mal.
LEONARDO: O
que eu sei sobre a senhora é o bastante para poder ter a certeza de que você é
capaz das coisas mais frias e ardilosas para conseguir o que quer, até mesmo
matar um inocente.
DEBORA: Está
enganado.
LEONARDO: É
por isso que te digo: não tente nada contra mim. A minha morte não vai fazer
com que a senhora ganhe todo o patrimônio do Medeiros.
DEBORA:
Estou vendo que perdi meu tempo.
LEONARDO:
Com certeza, a senhora perdeu. Passe bem.
(Debora sai)
Cena 5/
Cristo Redentor/ Interno/ Dia
(Amanda sobe
as escadas e esbarra com Lucas)
AMANDA:
Desculpa, eu não vi. Espera, eu te conheço.
LUCAS: Eu te
salvei de um assalto ontem.
AMANDA: É
verdade. Tudo bem?
LUCAS: Tudo.
Curtindo o Cristo?
AMANDA: É a
primeira vez que estou vindo aqui. E você?
LUCAS: É a
minha primeira vez também. Para falar a verdade, eu não sou daqui. Sou
pernambucano.
AMANDA: Percebi pelo seu sotaque. Já eu estou aproveitando
esse momento de folga para aproveitar os pontos turísticos do Rio. Estou
passando por diversos problemas.
LUCAS: Quais? Desculpa a intromissão. Se não quiser falar,
sem problemas.
AMANDA: Fica tranqüilo, eu vou falar sim. As vezes, é bom
desabafar. Eu me separei recentemente e minha filha está sob responsabilidade
do meu ex-marido.
LUCAS: Judicialmente?
AMANDA: Não, mas eu quero a guarda da Juliana, minha filha.
Tudo indica que vai acabar tendo justiça no meio. Eu sempre fui muito submissa
a ele, entende?
LUCAS: Sim. Olha, eu sou formado em Direito e estou a procura
de um escritório para eu começar a advogar. Caso você esteja precisando de um
advogado, estou as ordens.
AMANDA: Nossa, vou adorar. Parabéns, você acabou de ganhar
sua primeira cliente.
(Amanda e Lucas riem)
Cena 6/ Mansão de Debora/ Sala/ Interno/ Dia
(Nathalia está ao telefone)
NATHALIA: Certo.
(Pausa.)
NATHALIA: Estou satisfeita com essa notícia. Melhor
impossível.
(Pausa. Debora entra)
NATHALIA: Obrigada por avisar. Beijo.
(Nathalia desliga o telefone)
DEBORA: Quem era ao telefone?
NATHALIA: Minha tia. Estava dizendo que o Daniel está mega
preocupado com a Mariana. Parece que aquela biscate tomou o rumo dela.
DEBORA: Parabéns pelo seu plano ter sido um sucesso.
NATHALIA: Nossa, que elogio mais seco. O que a senhora tem?
DEBORA: Nada. Coisa minha.
NATHALIA: Com a Mariana fora de circulação, vou a casa do
Daniel oferecer apoio. Beijos.
(Nathalia sai)
Cena 7/ Restaurante/ Interno/ Dia
AMANDA: E como funciona esse processo de guarda?
LUCAS: Bem, primeiro, eu e o advogado do Guilherme devemos ir
até o Tribunal da Vara da Família para recorrer a justiça o pedido de guarda da
Juliana. Depois disso, uma assistente social do próprio Tribunal irá analisar
as condições de vida do Guilherme e as suas. Por fim, ela ouvirá a opinião da
Ju para saber com quem ela prefere ficar: se é com você ou com o pai.
AMANDA: Quanto a opinião da Juliana, eu sei que ela vai dizer
que prefere ficar comigo.
LUCAS: Isso é bom, porque a opinião dela pesa muito nesses
casos.
AMANDA: Mas em contrapartida, as minhas novas condições de
vida não serão tão propícias assim. O Guilherme poderá mantê-la muito melhor do
que eu.
LUCAS: Isso já é um fator positivo para o seu ex-marido. Mas
não se preocupe, porque vai dar tudo certo. Eu vou dar tudo de mim para fazer
você vencer essa luta.
(PAUSA)
AMANDA: Sabe o que é engraçado? Eu ainda não sei o seu nome.
LUCAS: Que engraçado mesmo. Prazer, sou Lucas.
AMANDA: Prazer, Amanda.
(Lucas e Amanda se cumprimentam)
Cena 8/ Mansão de Antonio/ Sala/ Interno/ Dia
(A campainha toca. Severina atende)
SEVERINA: Bom dia, Nathalia.
NATHALIA: Bom dia. O Daniel está?
SEVERINA: Sim. Irei chamá-lo. Fique a vontade.
(Severina sobe as escadas. Nathalia fica de costas para a
porta. Ela ouve uma voz)
MARIANA: Querendo falar com o meu Daniel, Nathalia?
(Nathalia vira-se para Mariana)
MARIANA: Pensou que iria se livrar de mim tão fácil, é?
NATHALIA: Eu fui clara com você. Vai embora.
MARIANA: Nunca. Eu não fiquei com medo da sua ameaça
ridícula. Já que você diz que vai me matar, me mata logo. Está esperando o que?
NATHALIA: Sua maluca.
MARIANA: Você não tem coragem. Você não consegue matar uma
mosca, vai querer me matar? (Mariana dá um sorriso irônico): Mas, eu sim, sou
capaz.
NATHALIA: De que? De me matar?
MARIANA: De te matar, não, mas de te dar uma surra, sim, sua
cachorra.
(Mariana dá um tapa em Nathalia)
FIM DO CAPITULO
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