quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Capitulo 3 de Pulo do Gato


CENA 01 / EXTERIOR / ALTO DA BOA VISTA / TARDE

Terezinha e Calixto veem o carro pegando fogo.

TEREZINHA – Acho melhor você fugir com os teus caras pra bem longe.
CALIXTO – Mas e se a tal Selma desconfiar que fui eu quem assaltou o salão.
TEREZINHA – Ela não te conhece, nunca falou contigo. Portanto, nunca vai descobrir.
CALIXTO – Mas o tamanho, porte físico...
TERZINHA – Não complica Calixto! Agora foge e volta lá pras 18h00, anda!

Calixto está indo embora quando um dos bandidos o para no meio do caminho.

BANDIDO 1 – E a nossa grana, garota?

Terezinha e Calixto se olham, assustados.

TEREZINHA – Fica tranqüilo, que ela vai pro seu bolso dentro de alguns dias...
BANDIDO 2 – Acho bom, se não você estará mais do que ferrada.

Os bandidos fogem junto com Calixto. Depois de um tempo, ela desce o alto e começa a implorar ajuda para alguns carros que passam. Um dos motoristas vê Terezinha toda machucada e a ajuda.

MOTORISTA – Ta indo pra onde, moça?
TEREZINHA – (dissimulada) Pra qualquer lugar longe daqui, pelo amor de Deus!

Terezinha entra no carro e vai embora.

CORTA PARA:

CENA 02 / EXTERIOR / OBRA / TARDE

Estevão está se matando de trabalhar, colocando cimento nos tijolos, levando carrinho de um lado para o outro, carregando sacos e mais sacos de areia e pedra. Quando resolve dar uma descansada para beber uma água, Valmir aparece.

VALMIR – Ué? A moça cansou, foi?
ESTEVÃO – (impaciente) To só bebendo água, Seu Valmir. Num pode também, não, é?
VALMIR – Enquanto não tivermos cumprido 50%, não. E se depender de gente lerda que nem você não vai sair dos 25% tão cedo. E vê se toma um banho melhor porque não gosto de trabalhar com peão fedendo a boi.

MENTE DE ESTEVEÃO
Valmir vai embora e Estevão dá uma chave de braço no patrão. Todos os outros peões veem a cena e começa a gritar, excitados com a briga. Estevão larga Valmir no chão, prende suas pernas e dá uma série de socos na cara do patrão. No final, cospe na cara dele.

REALIDADE

Estevão respira fundo e continua o seu trabalho.
CORTA PARA:

CENA 03 / INTERIOR / MORRO D’ÁGUA / SALÃO SAUDITA / TARDE

Selma, Sandreia e Laura Dagmar estão trabalhando junto com outras cabeleireiras do salão. É quando dois policiais entram, deixando Laura toda ouriçada. Ela vai atendê-los.

L. DAGMAR – (oferecida) Posso ajudar?
POLICIAL  1 – É sobre um roubo seguido de seqüestro que ocorreu hoje de manhã.
L. DAGMAR – Eu sou “tistimunha”, Seu polícia! Tava lá e vi a minha colega ser seqüestrada por um bonde de ladrão! Quer me levar pra delegacia pra prestar meu depoimento?

Reação do policial, que fica sem entender nada.

POLICIAL 2 – Venha conosco, senhorita.../
SANDREIA – /Eu e ela (aponta pra Selma) somos testemunhas. Inclusive, minha amiga até apanhou na cara.
SELMA – (constrangida) Sandreia!...
POLICIAL 1 – Queremos as três pra prestar depoimento. Já que a senhorita apanhou, faz um exame de corpo de delito. Já acionamos as viaturas e.../

Terezinha aparece junto com o motorista que a resgatou.

TEREZINHA – Acho que vou ter que fazer um exame de corpo de delito também.

Todos do salão ficam chocados com o estado de Terezinha.

POLICIAL 1 – Fecha essa porra e todo mundo pra delegacia!

CORTA PARA:

CENA 04 / INTERIOR / MORRO D’ÁGUA / HORTIFRUTI / TARDE

Tom e Victor Hugo estão terminando de empilhar as caixas com verduras.

VICTOR HUGO – Já ta sabendo do seqüestro da Terezinha?
TOM – Aquela garota metida, irmã do Gilberto?
V. HUGO – Pois é... De manhã uns ladrões vieram pra assaltar o salão da Selma. Como a coitada não deu o dinheiro que eles queriam, levaram a Terezinha e ainda deram uma bofetada na cara da mulher.
TOM – Cacete! Mas ninguém viu isso?
V. HUGO – Sim... o marido da Selma. Estevão tava descendo pra ir pro trabalho, pegou um cano jogado no meio da calçada e tacou na cabeça do bandido. O coitado levou uns socos, mas foi pro trabalho assim mesmo.
TOM – Valentão ele, hem....
V. HUGO – Mas tomou surra de bandido.

Os dois riem. Tom vê a hora no relógio e toma um susto.

TOM – Victo Hugor, preciso te pedir um favor...
V. HUGO – Que favor?
TOM – Ér...(se desvencilhando do amigo) É que eu preciso ir pra um teste aí...
V. HUGO – Teste?
TOM – É, cara... Um teste... Acoberta minha saída com o chefe aí, quebra meu galho...
V. HUGO – O cacete que eu vou!

Tom sai correndo.

V. HUGO – Tom, volta aqui!

CORTA PARA:

CENA 05 / EXTERIOR / TEATRO LENDÁRIO / TARDE

Um monte de gente está do lado de fora do teatro esperando para serem chamados e fazer o teste para a peça “Monte Carlo”. Tom desce do ônibus e entra no meio do povo. Ele encontra uma menina e resolve investir.

TOM – Está tentando teste também?
MOÇA – Sim. Vou tentar pra Vírginia.
TOM – A prostituta lésbica que se apaixona por um travesti?
MOÇA – Isso mesmo! E você, vai fazer pra quem?
TOM – Eu?...

FLASHBACK / INTERIOR / TEATRO LENDÁRIO / RECEPÇÃO

Na cena estão Tom e uma secretária qualquer.

SECRETÁRIA – Então, só sobrou estes personagens aqui (aponta com a caneta): O travesti, o cachorro e a árvore.
TOM – Quero o travesti. Tem destaque!
SECRETÁRIA – Não, querido, esse é outro travesti.
TOM – Mas pensei que só tinha um travesti na peça.
SECRETÁRIA – Há dois: o protagonista e o confidente do amigo do primo da tia avó da prima da amiga da protagonista.
TOM – Pelo menos tem alguma fala?
SECRETÁRIA – Na verdade, não. Só é citado.
TOM – Bem, e o cachorro?
SECRETÁRIA – Faz au-au.
TOM – Me põe como árvore.

CORTA PARA:

REALIDADE

TOM – (cont.) Vou fazer pro... pro... para aquele cara...
MOÇA – O Lucas?
TOM – Lucas...
MOÇA – O vilão! Que ótimo... (se aproximando) Qual é seu nome mesmo?

Quando ele abre a boca pra falar, a secretária aparece na porta do teatro.

SECRETÁRIA – (gritando) número 9.364: Tomásvaldo Josetônyo das Cruzes!

Tom fica MUITO constrangido com o nome. Algumas pessoas riem, mas ele vai lentamente.

SECRETÁRIA – (gritando) número 9.364: Tomásvaldo Josetônyo das CRU-ZES!

Tom corre para dentro do teatro, deixando a moça para trás.

CORTA PARA:

CENA 06 / INTERIOR / TEATRO LENDÁRIO / TARDE

O diretor está esperando impaciente quando Tom entra no palco.

DIRETOR – Qual o seu nome?
TOM – Tom Cruzes.
DIRETOR – Você parece o Tom Cruise.
TOM – Não diga, vadia...
DIRETOR – QUÊ?!
TOM – Nada...
DIRETOR – Vai fazer teste pra quê?
TOM – Pra árvore...
DIRETOR – O.K.. Levante os braços como se fosse o Cristo Redentor e junte as pernas.

Tom faz o que o diretor manda. Este logo fica com uma cara de nojo.

DIRETOR – Não passou no teste.
TOM – Por quê?
DIRETOR – Respire fundo.

Tom respira.

DIRETOR – Seu sovaco fede a caviar! Não posso colocar uma árvore fedida na minha peça! Agora, saia daqui antes que você infecte o teatro inteiro!
TOM – É que eu vim correndo e.../
DIRETOR - /PRÓXIMO!

Tom vai embora desolado e fedido.

CORTA PARA:

CENA 07 / INTERIOR / AEROPORTO / TARDE

Laura e Lurdinha estão esperando por Antônio, que chega junto com Beto.

LURDINHA – Papai!

Lurdinha abraça Antônio e cumprimenta Beto. Já Laura, faz o oposto: abraça Beto e cumprimenta Antônio.

ANTÔNIO – Vamos, porque eu estava morrendo de saudade do Brasil!
Eles seguem para a mansão.

CORTA PARA:

CENA 08 / INTERIOR / HOSPITAL / TARDINHA

Terezinha sai do consultório cheia de curativos. Por coincidência, encontra Selma no corredor.

SELMA – Você está bem, Terezinha?
TEREZINHA – Pra quem foi sequestrada, até que dou pro gasto.
SELMA – Ainda bem. Vim fazer exame de corpo de delito. Aqui neste hospital tem uma ala apenas para isso.
TEREZINHA – Tinha que fazer exame pra cara de pau também.
SELMA – (espantada) Como assim?
TEREZINHA – Como você teve coragem de trabalhar mesmo com o meu sequestro?

Selma fica constrangida.

CORTA PARA:

CENA 09 / MORRO D’ÁGUA / PONTO DE ÔNIBUS / TARDINHA

Gilberto e Evanir descem do ônibus e cumprimentam os amigos. É quando Victor Hugo, que está subindo com algumas caixas, encontra o amigo no trabalho e vai falar com ele.

GILBERTO – Beleza, Victor Hugo?
V. HUGO – Pô, beleza Gilberto. E você? Tá melhor?
GILBERTO – Não estive mal antes pra estar melhor agora.
V. HUGO – Nossa cara, como você é insensível!
GILBERTO – Hã?
V. HUGO – Como você não fica mal com o sequestro da tua própria irmã?
GILBERTO – (estupefato) A Terezinha foi sequestrada?!

FIM DO CAPÍTULO 3

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