quinta-feira, 14 de junho de 2012

Capitulo 4 de Lua Negra


CENA 1: Manhã – Fórum – Salão de Julgamento

O Juiz autoriza Augusto a colocar o DVD.
Inicia-se um vídeo com um bebê ficando de pé e tentando andar. Ouve-se a voz de uma garota.
EMILY: Mãe, onde está meu boné?
LÍVIA: Querida, venha ver seu irmão andando
EMILY: Mãe preciso do boné.
LÍVIA: Acho que você deixou na varanda. Você vai sair?
EMILY: Sim, vou treinar
LÍVIA: Mas é feriado. É sexta feira santa esqueceu?
EMILY: Eu sei, mas a competição estadual é mês que vem, preciso estar preparada
LÍVIA: Onde vai treinar? A escola não abre hoje
EMILY: O Eric tem a chave, vamos treinar na escola mesmo.
LÍVIA: Querida, esqueça os treinos pelo menos por hoje
EMILY: Não dá mãe.Tchau volto para o almoço.
Ouve-se passos e a porta batendo.

O vídeo é desligado, e Lívia está chorando.

AUGUSTO: O que aconteceu depois disso?
LÍVIA: Ela não chegou na hora do almoço e comecei a me preocupar. Liguei para escola e para o celular do Eric, mas ninguém atendeu
AUGUSTO: Você ligou para a casa de Eric?
LÍVIA: Eu não tenho o numero da casa dele, apenas o celular
AUGUSTO: Continue
LÍVIA: Por volta das quatro da tarde, eu já estava muito preocupada, fui até a escola, mas estava fechada. Isso aumentou minha preocupação então fui a polícia.
Lívia chora novamente
LÍVIA: Por volta das dez da noite recebi a noticia de que tinham encontrado minha Emily afogada na piscina da escola.
Lívia chora desesperadamente, e o juiz anuncia um intervalo.

CENA2: Tarde – Escola

Glória chega à escola correndo e não vê Felipe. Ela procura pelo pátio, mas não o encontra, então segue ate o porteiro
GLÓRIA: Você sabe onde o Felipe está?
PORTEIRO: Não está na sala dele?
GLÓRIA: Não, ele é do turno da manhã
PORTEIO: Acho que todos os alunos da manhã já foram embora
GLÓRIA: Droga, onde esse menino se meteu?
PORTEIRO: Não acha que é meio tarde para vir buscá-lo?
GLÓRIA: Eu sei, mas bateram no meu carro enquanto eu estava vindo para cá, então tive que esperar a policia e foi um transtorno. Tentei ligar para ele, mas o celular estava desligado.
PORTEIRO: Talvez ele tenha pegado carona com algum amigo
GLÓRIA: Não, ele não tem muitos amigos, além disso, moramos em um bairro mais afastado. Obrigada de qualquer forma.
Glória sai e começa a procurar Felipe pelos arredores da escola
GLÓRIA: Bom, é impossível ele ir para casa a pé, e certamente ele não tem dinheiro para um taxi, mas talvez tenha para o ônibus.
Glória corre até o ponto de ônibus, mas o encontra vazio
GLÓRIA: Céus, a Suzana vai me matar.


CENA 3: Tarde – Rua

Cláudia estaciona o carro em frente a um mercado.
CLÁUDIA: Vamos logo comprar essa pipoca
Cláudia e Emma descem do carro. Alex continua jogando em seu vídeo game portátil.
CLÁUDIA: Vamos logo Alex
ALEX: Eu vou esperar aqui mesmo
CLÁUDIA: Não pode ficar sozinho aqui no carro
ALEX: Por que não? Eu não sou mais bebê, já tenho sete anos e vocês vão ser rápidas não vão?
CLÁUDIA: Está bem, mas não saia do carro
Cláudia e Emma entram no mercado. Alex fica no carro jogando.
Alex vê um menino parar em frente ao mercado aparentando estar muito cansado e desorientado. Alex abaixa o vidro do carro e o chama
ALEX: Ei! Você está perdido?
O menino (Felipe) olha para Alex e balança a cabeça negativamente
ALEX: Para onde você está indo?
FELIPE: Para casa, em Vista Bela
ALEX: Eu também estou indo para lá, é onde minha avó mora. Você quer uma carona?
FELIPE: Não, consigo me virar sozinho
ALEX: Você está indo a pé?
FELIPE: Sim
ALEX: Está doido, é muito longe. Esse bairro fica do outro lado da cidade
FELIPE: Eu consigo, só preciso descansar um pouco
Cláudia e Emma voltam com uma sacola.
ALEX: Mãe, esse menino está indo para Vista Bela a pé, não é doido?
Cláudia vira-se para Felipe
CLÁUDIA: Isso é verdade? Onde está a sua mãe?
FELIPE: Trabalhando. Bom, eu já vou
CLÁUDIA: Espera você não pode ir pé é muito longe
ALEX: A gente pode dar uma carona para ele mãe? Estamos indo para lá também.
FELIPE: Já disse que não quero
CLÁUDIA: Olha, sei que você não deve entrar no carro de um estranho, mas acho que é mais perigoso você tentar ir a pé
Felipe passa as mãos em seu rosto que está suado
FELIPE: Tudo bem, eu aceito a carona.
Felipe entra no carro

CENA 4: Tarde – Fórum – Salão de Julgamento

Lívia volta a ser chamada para depor. Suzana fica diante dela.
SUZANA: Por que acredita que Eric assassinou sua filha?
LÍVIA: Ele era o único que estava com ela naquele dia
SUZANA: Não há provas disso
LÍVIA: Você não viu o vídeo?
SUZANA: Isso não prova nada, ela pode ter mentido
LÍVIA: Minha filha não mentia
SUZANA: O que ela fez no sábado anterior a aquela sexta feira?
LÍVIA: O que? Eu não sei, acho que... Ah, ela foi ao aniversario de uma amiga
SUZANA: Foi isso o que ela disse?
LÍVIA: Como assim?
SUZANA: Meritíssimo, naquele sábado houve o aniversario de 15 anos de uma colega de classe, toda a turma esteve presente, menos Emily
LÍVIA: Isso é mentira. Ela foi ao aniversario. Eu mesma fui com ela comprar um vestido, e a ajudei a arrumar o cabelo
Suzana apresenta fotos do aniversario da menina, onde aparece toda a turma reunida, menos Emily
SUZANA: Ela não foi à festa, e podemos confirmar com a aniversariante e toda a turma.
LÍVIA: Impossível
SUZANA: Você afirma que sua filha não mentia, mas ela mentiu quando saiu dizendo que ia a um aniversario no qual ela não foi.
Lívia fica em silêncio.
SUZANA: Então ela pode ter mentido ao dizer que ia treinar com Eric
LÍVIA: Não. Ela foi treinar, afinal a encontraram na piscina não foi?
SUZANA: Mas não pode garantir que Eric estava lá
LÍVIA: Ela não treinaria sozinha
SUZANA: Por que não? A senhora mesma disse que ela só pensava em ganhar a competição. Como Eric se recusou a treinar no feriado talvez ela tenha decidido ir sozinha
LÍVIA: Não, ela não faria isso
Lívia começa a chorar
SUZANA: Sem mais perguntas meritíssimo.

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