Capitulo 37 de Roleta Russa

Cena 1/ Mansão de Antonio/ Quarto de Yolanda/ Interno/ Dia

MARIANA: Já que a senhora insiste.

(Mariana pega um pano, que está em cima do criado mudo, e se agacha, começando a limpar a cama)

YOLANDA: Você pensa que eu não sei qual é a tua, garota?

MARIANA: Como assim?

YOLANDA: Você é igual a Marieta. Está querendo fisgar o Daniel. Tudo para conseguir abocanhar a fortuna da minha família.

MARIANA: A senhora está tendo uma impressão muito errada de mim.

YOLANDA: Tenho muita pena do meu neto. Infelizmente, ele foi puxar ao pai logo o fato de ser tão ingênuo.

MARIANA: E da dona Diana? O que ele herdou dela?

(Yolanda ri)

YOLANDA: Você está achando que a Diana é mãe do Daniel?

MARIANA: Mas não é? Se ela não é a mãe do Daniel, então quem é?

YOLANDA: Meu amor, a mãe biológica do Daniel é, simplesmente, a...

(Diana interrompe)

DIANA: Sou eu.

YOLANDA: Que você o que, Diana?

DIANA: Preciso falar com você, Yolanda. A sós. Vamos até meu quarto. E quanto a você, Mariana, largue este pano. Você é hóspede, não empregada.

(Diana e Yolanda saem)

Cena 2/ Mansão de Antonio/ Quarto de Valeria/ Interno/ Dia

(Valéria está deitada. Antonio entra)

ANTONIO: Oi.

VALERIA: Oi, mano. Entra.

ANTONIO: Val, eu vou ser bem objetivo. Você sabe que eu não gosto do Carlos.

VALERIA: Claro que sei.

ANTONIO: Pois então. Val, você confia no Carlos?

VALERIA: Claro que confio. Ele é meu marido. Por que eu não confiaria? Aliás, por que essa pergunta?

ANTONIO: Por cisma, mesmo. Não acho ele um cara confiável.

(Antonio sai)

Cena 3/ Mansão de Antonio/ Quarto de Antonio/ Interno/ Dia

(Diana e Yolanda entram)

YOLANDA: Qual é o motivo da conversa?

DIANA: Você ia contar para Mariana que a Marieta era a mãe verdadeira do Daniel, não é isso?

YOLANDA: Ia sim. É a verdade.

DIANA: A verdade é que eu sou a mãe verdadeira do Daniel.

YOLANDA: O quê? Você ta ficando maluca?

DIANA: Eu quero que todos pensem que eu sou a mãe biológica do Daniel. Eu não admito que você saia espalhando por aí que eu não sou a mãe verdadeira dele.

YOLANDA: Realmente, você não está bem. Todos sabem que você não passa da madrasta, da mãe adotiva do Daniel.

DIANA: Mas eu quero ser mãe biológica do Dani.

YOLANDA: Sabe qual é o teu problema? Você não consegue aceitar os fatos. Você é frustrada, porque Deus não te deu o dom de procriar, de reproduzir, de gerar frutos.

DIANA: Não zombe da minha esterilidade.

YOLANDA: Eu não estou zombando de nada. Saiba que eu não vou te ajudar nessa mentira.

DIANA: Vai sim. Nós temos um pacto.

YOLANDA: Que pacto o quê? Chega dessa paranóia, Diana. Você não é mãe biológica do Daniel e nunca vai ser. Fim.

(Antônio entra)

ANTONIO: Que discussão é essa?

Cena 4/ Casa de Guilherme/ Sala/ Interno/ Dia

AMANDA: De jeito nenhum. A Juliana vai comigo.

GUILHERME: Eu não vou admitir isso. Tenho certeza que a Ju vai ser mais feliz comigo do que com você. Sem falar, que eu não vou permitir que você embarque minha ilha nesse sonho ridículo de montar clínica. Tua vida é uma fantasia.

AMANDA: Você não pode fazer isso comigo. Eu tenho o direito de levar minha filha comigo.

GUILHERME: Não tem nada, porque eu não vou deixar. Se você quer ficar perto da Ju, continue morando com a gente. Mas para morar aqui, tem que esquecer essa clínica.

AMANDA: De jeito nenhum. Estou disposta a realizar meu sonho.

GUILHERME: Escolhe, Amanda. Ou sua clínica, ou sua filha.

AMANDA: Eu escolho os dois. Reconheço que nesse momento, eu não tenho condições de levar a Juliana comigo, mas eu vou voltar, Guilherme. Eu vou voltar disposta a levar a Ju comigo.

(Amanda pega as malas e sai)

GUILHERME: É o que veremos.

Cena 5/ Paisagens do Rio de Janeiro/ Interno/ Noite

Cena 6/ Mansão de Antonio/ Sala/ Interno/ Noite

(Daniel desce as escadas. Alberto está sentado)

ALBERTO: Vai sair, Dan?

DANIEL: Vou sim, vô. Vou me encontrar com a Nathalia. Dar um basta em uma situação.

(Daniel sai)

ALBERTO: Esses jovens.

(A campainha toca e Alberto atende)

ALBERTO: Boa Noite

LUCAS: Oi. Eu sou Lucas e eu queria falar com a Mariana. Ela está?

ALBERTO: O que? Fale um pouquinho mais alto.

LUCAS: A Mariana está? Eu sou um amigo dela.

ALBERTO: Ah, claro. Sim, eu vou chamá-la. Fique a vontade.

(Lucas entra e senta-se no sofá. Mariana entra)

MARIANA: Lucas?

LUCAS: Eu preciso falar com você. É rápido.

MARIANA: Você não pode aparecer aqui.

LUCAS: Não se preocupe. Só vim te avisar que eu estou voltando para Olinda. Vim me despedir de você.

Cena 7/ Restaurante/ Interno/ Noite

(Daniel entra no restaurante e vê Nathalia. Ele se dirige até ela e senta-se ao seu lado)

NATHALIA: Que bom que você veio. Eu quero entender tudo o que aconteceu, tudo o que fez você vir para o Brasil sem me dar explicações, todo aquele beijo que eu tive a infelicidade de flagrar.

DANIEL: Nath, entenda. Eu vim para cá o mais rápido possível, porque minha mãe biológica morreu em um acidente de carro. Tudo aconteceu de forma repentina.

NATHALIA: Até aí, eu entendo numa boa. Mas e o beijo?

DANIEL: Vou ser sincero com você. Eu me apaixonei pela Mariana. Estamos namorando.

NATHALIA: Namorando? Então é assim. Você me usa e quando se cansa da minha companhia, vai atrás de outra.

DANIEL: Não é assim e você sabe disso. Eu já te falei. O que eu estou sentindo pela Mariana é um sentimento forte, intenso, único. Um sentimento que eu não senti por você em momento algum.

NATHALIA: Chega. Não quero ouvir mais nada. Quero ir embora.

DANIEL: Mas já? Assim tão rápido?

NATHALIA: Claro. Da mesma maneira rápida que aconteceu teu amor por essa desconhecida. Mas te digo uma coisa. Ela não vai te fazer feliz, porque só eu sei te fazer feliz.

(Nathalia levanta-se e caminha por entre as mesas. Daniel vai atrás dela e a pega pelo braço)

DANIEL: Não quero terminar nosso namoro dessa forma seca. Podemos ser amigos, cúmplices. Posso te levar para casa?

NATHALIA: Está certo. Mas aproveitando a carona, queria passa na tua casa também. Quero ver minha tia. Ela me dá ótimos conselhos.

Cena 8/ Mansão de Antonio/ Quarto de Antonio/ Interno/ Noite

ANTONIO: Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui?

YOLANDA: Sua esposa que está maluca. Ela quer se tornar mãe verdadeira do Daniel.

DIANA: Quero mesmo, Antonio. Eu mereço. O próprio Daniel me considera como mãe. O que custa as pessoas pensarem que eu mesma dei a luz ao Daniel?

YOLANDA: Como você é maluca, Diana. Aceite os fatos como eles são. A mãe biológica do Dan se chama Marieta e você não pode engravidar.

DIANA: Por favor, Yolanda. Nós sempre fomos amigas. Me promete que você vai dizer a todos que te perguntarem que eu sou a mãe verdadeira do Daniel.

ANTONIO: Faz isso, mãe. Promete. Não custa nada.

(PAUSA)
YOLANDA: Não. Eu não prometo. E se alguém vier me perguntar se você é a mãe biológica do Daniel, eu vou ter o prazer de responder que você é apenas a madrasta dele.

(Diana avança em Yolanda e pega nos seus braços)

DIANA: Como você é podre. Agora eu vejo que a culpada de tudo nunca foi a Marieta. Você dizia que era minha amiga, que sempre queria que eu me casasse com o Antonio, mas você é uma mentirosa. Você está fazendo da minha vida um Inferno, a mesma coisa que você fez com a vida da Marieta. Você é baixa, ridícula, podre. Eu te odeio, Yolanda. Você é tão baixa que não consegue fazer esse favor para mim. Eu te odeio. Você é podre, podre, podre.

YOLANDA: Me larga. Você está me machucando.

ANTONIO: Larga a minha mãe, Diana.

(Diana empurra Yolanda, que cai na varanda do quarto e bate a cabeça em um jarro de planta que tem lá)

ANTONIO (correndo em direção a Yolanda): Mãe, você está bem?

YOLANDA: Fica longe de mim, Antônio. Eu não sou nenhuma inválida. Eu sei me levantar sozinha.

(Yolanda levanta com a mão na cabeça)

YOLANDA: Minha cabeça. Como dói. Estou tonta.

(Yolanda cambaleia e tropeça em uma cerâmica do piso da varanda que está solta. Yolanda cai da varanda, se esparramando no chão do jardim da mansão)

ANTONIO: MAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAE

Cena 9/ Jardim/ Noite

(Antonio chega no jardim ao lado de Diana. Antonio se aproxima do corpo da mãe e a abraça)

ANTONIO: Mãe, fala comigo. Por favor. Ela está muito gelada, Diana.

DIANA: Vê se ela está respirando, se o coração está batendo.

ANTONIO: Não está nenhum dos dois. Minha mãe está morta.

(Os olhos de Antonio lacrimejam)

FIM DO CAPITULO