CENA 01 / EXTERIOR / ILHA /
DIA
Continuação
imediata do capítulo anterior
Petrus
corre para socorrer Jussara.
PETRUS
– Você está bem?!
JUSSARA
– Estou...
Entra
narrativa enquanto Petrus está cuidando do ferimento aberto na cabeça de
Jussara:
“Por essa nossa heroína não esperava: lembrar-se de seu passado numa
ilha perdida, no meio do nada! Lembrou-se que nunca fora ‘Lisandra’, tampouco
filha de Sandra, sua ex-empregada. Por que Sandra mentira durante todos estes
anos? Por que ela tinha sobrevivido ao naufrágio? Por que Petrus conseguiu
acha-la naquele fim de mundo que era Ilha das Maravilhas? Tinha várias
perguntas, mas uma resposta certa: queria reaver o que era seu, por direito!
Seu pai não merecia ser esquecido deste jeito.”.
JUSSARA
– Me lembrei de tudo e... Quem é você?
PETRUS
– Eu sou Petrus e...
JUSSARA
– Como você me achou? Como descobriu que eu não estava morta?
PETRUS
– Havia uma vítima do naufrágio que viu seu corpo indo para o norte. Segui as
coordenadas e deu naquela ilhota
abandonada...
JUSSARA
– Por que me procurou?
PETRUS
– Sua mãe me disse que queria apenas lhe fazer um enterro digno, pois estava
muito arrependida e...
JUSSARA
– Ela não é a minha mãe! Precisamos ir embora daqui.
PETRUS
– Eu sei disso, mas...
JUSSARA
– Mas o quê?
PETRUS
– Eu fui pago pra te levar viva, morta ou decomposta para a Dona Waleshka.
Jussara
e Petrus se encaram.
CENA 02 / INTERIOR / MANSÃO
/ MESA DO CAFÉ / DIA
Hermélia
e Roberto estão tomando seu café da manhã quando Lucília entra na mansão.
LUCÍLIA
– Bom dia!
HERMÉLIA
– Bom dia, Luçoila!
ROBERTO
– É Lucília, Hermélia.
HERMÉLIA
– Tanto faz. Independente do nome só veio até a nossa casa para comer.
Waleshka
aparece na escada:
WALESHKA
– Realmente, não é todo mundo que pode tomar café da manhã grátis no condomínio
mais luxuoso do Rio de Janeiro: Jardins do
Éden.
Hermélia
se vira para a nora e toma um susto ao vê-la na escada, por isso, se engasga
com o pão que está comendo. Waleshka desce, rindo da cara da sogra e quando
Roberto vai ajudar dá uma tapa na mão dele. Hermélia continua tossindo até se
contorcer no chão. É quando Waleshka chuta a barriga da sogra e o pão foge de
sua garganta como uma espaçonave em decolagem.
WALESHKA
– Isto é para a Maria Velhota aprender a não se envolver com militares!
CENA 03 / EXTERIOR / ILHA /
DIA
JUSSARA
– Petrus, preciso muito da sua ajuda agora. Provavelmente estamos mais próximos de Ipanema do que
da Ilha das Maravilhas. Agora que eu me lembrei de tudo o que eu sofri nas mãos daquela mulher... Eu
preciso ter o que é meu de volta! Se não me falha a memória, meu pai era dono de uma das maiores redes
de cosméticos do mundo. Preciso voltar para a minha antiga casa e tomar posse da minha herança!
PETRUS
– Mas e eu? Como fico nesta história toda?
JUSSARA
– Se você me ajudar, garanto que não vai ficar pobre pro resto da vida.
PETRUS
– Aceito!
Jussara
sorri e os dois começam a construir um barco. Depois, põem o barco no mar e
seguem em frente.
PETRUS
– Como nós vamos chegar lá com essa correnteza?
JUSSARA
– Meu outro pai, Eclésio, é um pescador conhecido do mar. Me ensinou como
navegar por aí!
Os
dois seguem até Ipanema.
CORTA
PARA:
CENA 04 / INTERIOR / MANSÃO
/ MESA DO CAFÉ / DIA
Cadê a
empregada nova? CACILDES!!!!
Cacildes
vem de calcinha e sutiã atender ao chamado da patroa.
CACILDES
– Sim, senhora.
WALESHKA
– Pelo visto a noite tava boa, hem! Pra vir de calcinha e sutiã... Faturou
quanto? Ah, não: a preta estava tão
desesperada que resolveu dar de graça mesmo. Adivinhei?
CACILDES
– Não foi nada disso não, Dona Wal! É que eu tava/
WALESHKA
– Pra você é Sinhá! Escravo é assim, trata seus senhores com respeito.
CALCIDES
– Voltando, Sinhá... É que eu estava tomando banho e...
WALESHKA
– /Tomar banho pra quê?! Você é tão suja que nasceu preta! PRE-TA!
LUCÍLIA
– Waleshka, eu acho que você não deveria tratar a sua única empregada assim.
ROBERTO
– Eu também acho.
WALESHKA
– Vamos ver se acham a mesma coisa depois de perderem o emprego... Bem, já que
a escrava está aqui, limpe
o chão.
CACILDES
– Mas está limpinho!
Waleshka
enfia o dedo na garganta e vomita na cara de Hermélia.
WALESHKA
– Não está mais. (se vira para Roberto e Lucília) Bem, as duas: vamos logo para
a Jazira porque estou louca para
lançar o meu creme hidratante feito de sengue de bode!
Ela
sai da mansão junto com Roberto e Lucília, que estão atônitos ao ver a cena do
café da manhã. Magoada com a patroa, Cacildes vai pegar o pano de chão enquanto
Hermélia se levanta.
HERMÉLIA
– Cacildes, por que você se humilha tanto pra essa daí, hem? Eu não posso falar
nada porque a Waleshka já me tirou de
muita cela de prisão por aí... Mas você?!
CACILDES
– Eu tô sendo procurada pelo FBI, dona Hermélia: matei o presidente.
HERMÉLIA
– É das minhas!
CACILDES
– Por isso não posso reclamar: ela é a única pessoa que me deu abrigo.
Portanto, ou é isso, ou cadeira elétrica.
Cacildes
vai para dentro enquanto Hermélia sobe a escada.
CORTA
PARA:
CENA 05 / EXTERIOR / PRAIA
DE IPANEMA / TARDE
A
praia está lotada quando o barco de Jussara e Petrus atraca nas areias de
Ipanema. Eles descem do barco e são parados por bombeiros.
BOMBEIRO
– Donde vocês vieram?!
CAM
fica em Jussara.
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