Cena
1/Mansão de Medeiros/Sala/Interno/Dia
DEBORA: O
que? Como você pode fazer uma pergunta dessas, desconfiar de mim, que dei minha
vida para essa familia, meu esforço e meu amor para o Antonio.
DIANA: Mas
foi muita coincidência
DEBORA:
Coincidências existem. E mesmo se eu tivesse matado o Medeiros, o corpo não
seria encontrado em nenhum matagal e sim, aqui, na mansão.
DIANA: Você
tem razão, minha irmã. Eu é que sou uma retardada em desconfiar de você, logo
você, que era a esposa do Medeiros e o amava mais do que qualquer pessoa.
Desculpa.
DEBORA: Não
sei se estou apta a te desculpar nesse momento. Estou muito magoada com você.
(Debora sai)
Cena
2/Paisagens do Rio de Janeiro/Dia
Cena
3/Quarto de Hotel/Interno/Dia
(Debora
entra no quarto, acompanhada de Cleber)
CLEBER: E a
policia? Te interrogou?
DEBORA: Não
exatamente. Apenas fez umas perguntas básicas, mas disse que depois vai me
chamar para depor. (apontando para Cléber): Toma cuidado. Com certeza, eles vão
te chamar também.
CLEBER: Fica
tranquila. De mim, eles não vão desconfiar.
DEBORA:
Falando em desconfiar, você acredita que a Diana, minha própria irmã, perguntou
se eu tinha alguma paticipação no assassinato do Medeiros? Eu fiquei chocada.
CLEBER:
Sério?
DEBORA: Sim.
E eu que pensei que seria uma das últimas a ter um nome inserido em uma lista
de suspeitos. O que importa é que eu a convenci de que eu sou inocente. Mas e
quanto ao testamento? Já podemos abrir?
CLEBER:
Quanto a isso, eu não tenho uma boa notícia pra te dar.
DEBORA: Como
assim?
CLEBER: O
testamento não pode ser aberto agora. Parece que o Medeiros foi no Tribunal
Superior de Justiça e fez um pedido específico para o inquérito de que o
testamento só pode ser aberto daqui a 22 anos.
DEBORA: 22
anos? É muito tempo. Não tem como anular esse pedido?
CLEBER: O
pior que não. A única coisa que podemos fazer nesse momento é obedecê-lo e
esperar esse tempo passar.
DEBORA: Se
eu soubesse que as coisas seriam assim, eu não mataria o Medeiros. Afinal,
nesse período, ele é mais útil vivo do que morto.
Cena
4/Mansão de Antonio/Sala/Interno/Dia
(Antonio
desce as escadas e se depara com Diana, na sala, sentada no sofá)
ANTONIO:
Diana? O que você está fazendo aqui? Vai embora da minha casa.
DIANA:
Nossa, Antonio. Que forma de tratamento é essa? Para que tanta ignorância?
ANTONIO:
Deixa de cinismo. Você sabia esse tempo todo que inha mãe havia levado o Daniel
para os EUA e mentiu para mim.
DIANA: Eu
não sabia de nada.
ANTONIO:
Claro que sabia. Eu sei que você sabia. Não tente me enganar.
DIANA:
Antonio, eu menti porque eu prometi para a Yolanda que eu não ia contar para
ninguém. Entende isso, por favor.
ANTONIO:
Chega. Não quero saber de mais nada. Vai embora.
DIANA: Tudo
bem, eu vou. Mas antes vim fazer o que me trouxe de fato até aqui. Avise ao seu
pai que o Medeiros morreu.
ANTONIO:
Morreu?
DIANA: Sim.
Ele foi assassinado. Não sei direito porque. A policia ainda está investigando,
mas tudo indica que foi assalto. Licença.
(Diana sai)
Cena
5/Paisagens de Olinda/Interno/Dia
Cena 6/Casa
de José/Cozinha/Interno/Dia
(Estão Lucas
e Mariana sentados à mesa, e José em pé)
LUCAS:
Obrigado por me convidarem para almoçar com vocês.
JOSÉ: Não
foi nada. Você é sempre bem vindo nessa casa, Lucas. Bem, vou no mercadinho
comprar um refrigerante. Volto em um instante.
(José sai)
LUCAS: Como
está?
MARIANA:
Bem, na medida do possível.
LUCAS:
Conseguindo superar o abandono da sua mãe?
MARIANA: Já
se passaram tantos meses, não é? Mesmo assim, não consigo esquecer do que ela
fez comigo, com meu pai. Só queria entender os reais motivos que fizeram ela
nos abandonar.
LUCAS: Eu
não gosto de te ver triste. Quando te vejo chorando, tenho vontade de chorar
também. Eu te amo, Mariana.
MARIANA: Eu
também gosto muito de você, Lucas. Você é meu melhor amigo.
LUCAS: Você
não está entendendo. O amor que eu sinto por você não é aquele amor de amigo. É
um amor mais forte, mais intenso. É um amor de namorado, sabe?
MARIANA:
Nossa, ninguém nunca falou isso para mim.
LUCAS: Eu te
amo, Mariana. Eu te amo do fundo do meu coração.
MARIANA:
Lucas, vamos dar tempo ao tempo. Somos apenas crianças. Vamos esperar ver o que
a vida reserva para nós dois, tudo bem?
LUCAS:
Claro. Eu não quero pressionar ninguém.
(José entra)
JOSÉ:
Crianças, o melhor refrigerante de Olinda chegou. Vamos comer?
Cena
7/Mansão de Medeiros/Sala/Interno/Dia
(Debora está
sentada no sofá. Nathalia entra correndo e a mãe chama a atenção da filha)
DEBORA:
Nath, venha cá. Mamãe precisa te dizer um negócio.
NATHALIA:
Diz mamãe.
DEBORA: Você
sabe porque o Medeiros não foi te buscar hoje?
NATHALIA:
Não, porque?
DEBORA:
Filhinha, seu papai morreu. Agora ele está lá em cima, no céu, nos vigiando.
NATHALIA:
Morreu? Meu pai morreu e está no céu?
DEBORA: Sim,
meu amor.
NATHALIA: Eu
não quero meu pai no céu. Eu quero ele aqui, na Terra, comigo. Traz ele de
volta, mãe.
DEBORA: Não
tem como, meu amor.
NATHALIA:
Não quero nem saber. (gritando): Traz ele de volta agora
(Nathalia
sai correndo)
DEBORA:
Droga. Nada está dando certo. Além de saber que a porcaria do testamento só vai
ser aberto daqui a 22 anos, ainda tenho que aguentar a mimação dessa menina.
Ódio.
Cena
8/Paisagens de Olinda/Noite
Cena 9/Casa
de José/Quarto de Mariana/Interno/Noite
JOSÉ: Gostou
da lasanha?
MARIANA:
Gostei sim, pai. A melhor lasanha do mundo.
JOSÉ: Então,
boa noite, meu amor. Fica bem e dorme com os anjos.
MARIANA: Boa
Noite, pai.
(José dá um
beijo na testa de Mariana e sai, desligando a luz do quarto. Ao ver o pai sair,
Mariana liga o abajur)
MARIANA:
Papai do céu, eu sei que pode ser uma loucura que vou pedir ao senhor agora.
Depois de tanto tempo, cheguei a uma conclusão de que minha mãe merece ser
punida por todos os erros que cometeu comigo e com meu pai. Faça com que ela
seja punida. Amém.
(Mariana
desliga o abajur)
Cena
10/Mansão de Antonio/Quarto de Antonio/Interno/Noite
(Marieta e
Antonio estão dormindo. De repente, Marieta acorda desesperada e se levanta da
cama, saindo do quarto)
Cena
11/Mansão de Antonio/Corredor/Interno/Noite
(Marieta
caminha pelo corredor e para na ponta da escada)
MARIETA:
Mariana, minha filha.
(Marieta cai
da escada. A CAM foca no rosto de Marieta)
Cena 12/
Paisagens do Rio de Janeiro/ Alternando entre Noite e Dia
22 ANOS DEPOIS
Cena
13/Mansão de Antonio/Sala/Interno/Dia
(O telefone
atende e Marieta atende)
MARIETA:
Alô. Dona Yolanda? Mas é muita audácia sua ligar para cá depois de tantos anos.
O que você quer?
YOLANDA(do
outro lado da linha): Eu quero falar com o Antonio. Passa o telefone para ele.
MARIETA: Ele
não está em casa. Adeus.
YOLANDA(do
outro lado da linha): Você não serve para nada, biscateira. Nem para passar um
telefone
MARIETA:
Biscateira uma pinóia. Você me respeita, sua velha desgraçada.
Cena
14/EUA/Casa de Yolanda/Sala/Interno/Dia
YOLANDA:
Velha desgraçada é você, sua cretina.
(Daniel
entra)
DANIEL: Vó,
que gritaria é essa?
Cena 15/ Mansão
de Antonio/Sala/Interno/Dia
MARIETA:
Quem disse isso? Que voz grossa é essa?
YOLANDA(do
outro lado da linha): Voz grossa?
MARIETA: Não
tenta me enganar. Que voz grossa é essa? É o Daniel? Você não vendeu o meu
filho, não foi? Essa voz que eu escutei é do Daniel, sua velha nojenta?
FIM DO CAPITULO
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