CENA 01 / INTERIOR / MANSÃO
/ SALA / NOITE
Continuação
imediata do capítulo anterior.
Roberto
corre para ajudar Waleshka a se recompor, enquanto Lucília não entende nada da
situação. Sandra corre para abraçar a filha.
SANDRA
– Lisandra!
Jussara
recusa o abraço da mãe.
JUSSARA
– Eu já sei de tudo, Sandra. Você não é a minha mãe e nunca foi; recuperei a
memória e ainda descobri quem
é o Pomba-Gira.
SANDRA
– Minha filha... Eu fiz tudo isso para te proteger dessa monstra! Não lembra do
que ela foi capaz de fazer contigo
enquanto tu eras criança? Imagina agora, depois de velha!
JUSSARA
– Entendo, Sandra... Entendo.
TEREZINHA
– Estou adorando a cena da novela, mas quero saber quem são vocês, senão taco a
bomba em todo mundo.
SANDRA
– E quem te sequestrou minha filha?
PETRUS
– Eu, mas agora estou do lado de vocês.
Eclésio
agarra Petrus pelo colarinho.
ECLÉSIO
– Seu.../corta
JUSSARA
– /Calma, Eclésio! Ele está do nosso lado!
ECLÉSIO
– Me chama de pai, filha...
JUSSARA
– Você não é meu pai, desculpe, mas esta é a realidade.
Eclésio
olha com o coração em pedaços para Jussara. Entra narrativa:
“Desde que Eclésio acolheu a sua prima, Sandra, há muitos anos atrás
nunca imaginou que fosse se apaixonar pela mesma. Foi muito difícil enfrentar a
família, pois a mesma sempre foi contra o casamento dos dois, principalmente
quando descobriram que Sandra era amante de um ricaço. Mesmo assim, Eclésio
assumiu a mulher e nunca se arrependeu de ter criado Jussara, mesmo que tudo
fosse um enorme circo de mentiras.
Agora, estava arrependido. Nunca vira alguém tão mal
agradecido como Jussara. Estava com raiva.”.
ECLÉSIO
– Então fique com a sua mãe assassina!
Eclésio
dá um tapa em Jussara. Todos separam Eclésio de Jussara, que está muito
abalada.
SANDRA
– Você enlouqueceu, homem?!
ECLÉSIO
– Quem enlouqueceu foi essa vadia da Lisandra, Jussara, tanto faz o nome dessa
daí! Nos trocou por uma assassina!
JUSSARA
– (chorando) Você entendeu tudo errado...!
ROBERTO
– Como você sabe que a Wal-Wal é uma assassina?
LUCÍLIA
– Cala a boca, Roberto.
ECLÉSIO
– Não me importa! Saí daquele fim de mundo da Ilha das Maravilhas, acreditando
nas baboseiras da Sandra pra nada!
Entra
flashback:
CAPÍTULO
11
CENA
05 / EXTERIOR / ESTRADA / MADRUGADA
Eclésio está dormindo, de
mãos dadas com Sandra. Esta está acordada, olhando a estrada pela janela do
ônibus.
SANDRA – Vai tudo se
resolver... Se tudo der certo, eu vou achar a Lisandrinha no Rio de Janeiro,
ah, se vou!
Eclésio acorda.
ECLÉSIO – Sabes muito bem
que o nome dela não é Lisandra, Sandra.
SANDRA – Todos nós sabemos
disso, querido.
ECLÉSIO – Como você tem
tanta certeza que a nossa filha está lá no Rio de Janeiro?
SANDRA – Dias antes... Eu
conversei com Pomba-gira. Ele me contou coisas que nem imaginava estar
acontecendo depois de tantos
anos...
ECLÉSIO – Tipo o quê?
SANDRA – Lembra quando eu
te contei que trabalhei para uma senhora chamada Hermélia Dussek? Então, ela é amante dele. Pomba-gira, como já
morava aqui antes de Jussara aparecer e mantinha contato com Hermélia, contou que o corpo de Jussa... digo, Lisandra,
apareceu aqui. Em seguida, foi correndo contar pra ela.
ECLÉSIO – Nossa!
Continua...
SANDRA – Pois bem:
Pomba-gira foi em um terreiro de bruxaria e mandou encomendar aquela poção que
ressuscita os mortos, o “branquinho”
e nos entregou alegando que era só para usar em uma situação extremamente especial. Duas semanas depois, a menina
aparece morta e quase decomposta nas areias da Ilha!
ECLÉSIO – Você quer dizer
que...
SANDRA – Hermélia sempre
soube que Jussara estava viva e mandou sequestrar a nossa menina!
ECLÉSIO – Mas pra quê?!
SANDRA – Isso que eu quero
saber quando eu chegar lá.
CORTA
PARA:
CENA 02 / MANSÃO / SALA /
NOITE
Eclésio
sai enfurecido da mansão. Sandra vai atrás, mas antes, se vira para Jussara:
SANDRA
– Conversamos mais tarde.
Sandra
corre para alcançar Eclésio.
TEREZINHA
– Quer dizer, então...
BENOLIEL
– É essa a garota que a tua mãe “matou”?
TODOS
– Mãe?!
Terezinha
põe a bomba em cima da mesa e começa a andar de um lado para o outro.
TEREZINHA
– Sim. Eu sou a filha da Waleshka.
HERMÉLIA
– Mas eu não lembro dessa monstra ter tido outro monstrinho!
JUSSARA
– Tá me chamando de monstra, vó?!
HERMÉLIA
– Cala a boca, garota! Deixa eu ouvir a história dessa daí!
Terezinha
dá uma risadinha sarcástica.
TEREZINHA
– Bem, meu nome não é “Terezinha”, pra dizer a verdade, nem sei meu nome de
verdade. Enfim, vamos aos fatos:
Antes dessa maluca aí se casar com o corno do Leôncio, ela teve outro homem. Assim
que ele descobriu que a
minha mãe estava grávida, a abandonou e fugiu com um travesti para a Arábia
Saudita. Minha mãe ficou tão
frustrada que assim que me botou no mundo, me jogou num orfanato no Maranhão.
PETRUS
– Mas orfanatos não são tão ruins... Eu fui criado em um!
TEREZINHA
– Fomos criados no orfanato de um traficante fugido da polícia.
CACILDES
– Nossa, que falta do que fazer. Sou fugida do FBI e nem por isso fico criando
orfanato por aí.
LUCÍLIA
– Nem tem dinheiro pra isso, né, Cacildes?
BENOLIEL
– Enfim, foi lá que nos conhecemos – abaixo de muita porrada, admito. Como nunca
tive nada a perder e resolvi
aceitar seu pedido de ajuda para se vingar de Waleshka.
POMBA-GIRA
– E vocês dois são namorados?
HERMÉLIA
– Lógico que não, Max! Não está vendo que essa menina parece uma robô lésbica?
Ai, como você me cansa.
Waleshka
começa a gemer.
JUSSARA
– Vó, me esconde! A Waleshka não pode me ver aqui de jeito nenhum!
HERMÉLIA
– Foge pela porta dos fundos, filha. Cacildes, foge com ela.
CACILDES
– Mas pra onde?
HERMÉLIA
– Pro Cabaré do Canil. Anda menina! Vai você também, Petrus.
Cacildes
foge com Jussara e Petrus vai atrás.
ROBERTO
– E você, Lucília?! Por que esta mala cheia de dinheiro está toda queim...
Roberto
percebe que foi Lucília que queimou o dinheiro e dá um tapa na cara dela.
ROBERTO
– Vadia! Ladra! Traidora!
Benoliel
dá uma chave de pescoço em Roberto.
BENOLIEL
– Moça, quer se vingar dessa mulher também?
LUCÍLIA
– Pode se dizer que sim.
HERMÉLIA
– Então corre que ainda dá tempo de pegar a Cacildes, Jussara e Petrus.
Lucília
cospe na cara de Roberto e joga todo o dinheiro queimado em sua cara.
LUCÍLIA
– Limpa a bunda com esse dinheiro. Toma cuidado, porque o papel tá todo
chamuscado.
Em
seguida, corre para seguir Cacildes. Roberto consegue se desvencilhar de
Benoliel e lhe dá um soco na cara.
BENOLIEL
– Socou o cara errado.
Benoliel
pega a cabeça de Roberto e joga contra a quina da mesa. Em seguida, começa a
espanca-lo.
CORTA
PARA:
CENA 03 / EXTERIOR / RUA /
NOITE
Eclésio
está andando sem rumo e chorando pela calçada com Sandra correndo atrás dele.
SANDRA
– (gritando) Eclésio! Meu amor, me espera! Anda com cuidado!
ECLÉSIO
– Cala a boca, Sandra!
SANDRA
– (gritando) Todos nós sabíamos que um dia isso ia acontecer! Aliás, você mesmo
dizia que a Lisandra não é e nunca
foi a nossa filha!
ECLÉSIO
– Cala a boca, Sandra!
SANDRA
– Para de se comportar como um bebê, homem! Venha cá e vamos conversar que nem
adultos! Não acaba com tudo
construído até agora!
Eclésio
para e se vira para a mulher, cheio de lágrima nos olhos e a raiva
transbordando pela sua boca.
ECLÉSIO
– Construído o quê?! Eu te tirei da sarjeta! Enfrentei a minha família e movi
mundos e fundos pra achar peixe pra dar
de comer pra essa fedelha ingrata! Agora ela nos troca por uma mulher que teve
a coragem de tentar mata-la?!
Não, Sandra. Não nasci pra ser traído por ninguém.
SANDRA
– Você está louco, não é nada disso que você está pensando! Estás com ciúmes de
uma filha que não é nossa!
Enfie isso na tua cabeça dura: a Lisandra NÃO É A NOSSA FILHA! Você mesmo dizia
isso!
ECLÉSIO
– Me arrependo amargamente de ter dito essa frase, principalmente depois que vi
o desejo de vingança nos olhos dela.
SANDRA
– Que vingança?! Vamos conversar... Você está contradizendo você mesmo, homem!
A Jussara não vai deixar de te amar
menos ou mais, só não é e nunca foi a nossa filha de sangue!
ECLÉSIO
– Mas é a minha filha do coração!
Eclésio,
para fugir das verdades da mulher, atravessa correndo a rua. Um caminhão está
vindo e o atropela.
SANDRA
– (desesperada) Eclésio!
CORTA
PARA:
CENA 04 / EXTERIOR /
AVENIDA / NOITE
Cacildes,
Petrus e Jussara estão prestes a entrar no carro quando veem Lucília vindo
atrás, correndo e desesperada atrás deles.
PETRUS
– Quem é essa?
CACILDES
– É a tal de Lucília, a melhor amiga da Waleshka!
JUSSARA
– Ih, minha filha, então abandona na avenida!
O
trio foge no carro que Petrus roubou, deixando Lucília completamente abandonada
no meio da avenida.
LUCÍLIA
– (berrando no meio da avenida) Não me deixem aqui! Eu sou do bem! Eu tô do
lado de vocês! Voltem!
Algumas
prostitutas que estão fazendo programa veem o escândalo formado no meio do
ponto delas.
PROSTITUTA
1 – Sai daí, minha filha! Tá espantando a clientela!
PROSTITUTA
2 – Não se pode nem trabalhar mais em paz!
PROSTITUTA
1 – Sai do nosso ponto, vadia!
LUCÍLIA
– Vadia é a mãe!
Elas
ficam indignadas com o comentário feito e partem pra cima. As três começam a
brigar no meio da avenida.
CORTA
PARA:
CENA 05 / EXTERIOR /
JARDINS DO ÉDEN / PORTARIA / NOITE
Endolino
chega com todos os militares de sua tropa.
ENDOLINO
– É agora que a gente pega esses subversivos!
CORTA
PARA:
CENA 06 / INTERIOR / MANSÃO
/ NOITE
Roberto
está com a cara completamente desfigurada após a surra que tomou de Benoliel.
Hermélia acaba de descer com uma mala cheia de roupas e está pronta para ir
embora.
HERMÉLIA
– Querem ir comigo?
TEREZINHA
– Eu gostaria.
HERMÉLIA
– Mas e esse menino?
Os
dois se olham. Terezinha está com lágrimas nos olhos, enquanto Benoliel está
com um sorriso tranquilizador no rosto.
TEREZINHA
– Tem certeza?
BENOLIEL
– Eu aceitei, não aceitei?
Hermélia,
vivida como é, já percebe como essa história vai terminar. Sem olhar para trás,
sai pelos fundos com Terezinha, deixando Benoliel, Waleshka e Roberto sozinhos
na casa. Waleshka abre os olhos e o vê na sua frente, sem entender
absolutamente nada.
BENOLIEL
– Acho melhor voltar a dormir, velha adormecida.
WALESHKA
– Mas o quê...
Benoliel
chuta a cara de Waleshka e aperta o botão da bomba que trouxe.
A
mansão explode.
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