1990 (1° FASE)
Cena
1/Paisagens de Olinda/Dia
Cena 2/Casa
de José/Interno/Dia
(José bate
na mesa)
JOSÉ: Não,
não e não. Eu não admito que você largue sua filha, abandone sua família por
causa de dinheiro. Você tem consciência do que está fazendo?
MARIETA:
José, olha para mim. Vê se eu nasci para levar essa vidinha medilcre de
fazendeira, de roceira? Não, meu amor. Eu nasci para ser rica. E eu vou ser,
custe o que custar.
JOSÉ: Mas
chegar ao ponto de abandonar sua própria filha, de apenas cinco anos de idade?
Que espécie de mãe é você?
MARIETA: Se
eu pudesse levar a Mariana comigo, eu levava. Mas não posso. O Antônio pensa
que sou solteira, que não construí nenhuma família, que não sou mãe, que estou
livre para viver.
JOSÉ: Então
você renegou sua filha para esse pesquisador carioca de araque. Tudo isso
porque ele tem dinheiro.
MARIETA:
Isso mesmo. Agora, chega dessa conversinha fiada. O Antônio está me esperando.
Adeus, José. Espero que nunca mais eu tenha que ter o desgosto de ver sua cara
novamente.
JOSÉ: Não
faz isso, Marieta. Pensa na Mariana, sua filha.
MARIETA: EU
já me decidi e não vai ser a Mariana que vai atrapalhar o meu desejo de ser
rica. Adeus, José. Enquanto você estará aí, plantando milho debaixo desse sol
quente, eu estarei na minha banheira de hidromassagem, com uma taça de
champanhe na mão, rindo da sua cara. Beijos.
(Marieta
pega as malas e sai.)
JOSÉ (para
si mesmo): E agora? Como vou contar para Mariana sobre a saída da Marieta?
Cena
3/Estrada/Dia
(Antônio
está dentro do carro, esperando por Marieta.)
(Antônio vê
as horas e respira fundo)
ANTÔNIO:
Onde está a Marieta?
(Marieta
aparece na janela do carro e entra)
MARIETA:
Demorei?
ANTÔNIO:
Sim, e muito.
MARIETA:
Desculpa amor. (Ela dá um beijo em Antônio) É porque eu estava dando os ultimos
retoques em casa. Minha mãe chorou bastante ao me ver sair de casa.
ANTÔNIO:
Tadinha. Vamos?
MARIETA:
Claro.
(Antônio
liga o carro e eles saem)
Cena 4/Casa
de José/Interno/Dia
(José está
sentado, quando Mariana chega. Ele dá um beijo na testa da menina.)
JOSÉ: Bom
dia, dorminhoca.
MARIANA: Bom
dia, papai. O que tem para o café?
JOSÉ: Além
de dorminhoca é gulosa. Temos cuscuz e café preto.
MARIANA
(lambendo os beiços): Humm, delícia. Mamãe já acordou?
JOSÉ: Não filha.
MARIANA:
Então, cadê ela?
1° INTERVALO COMERCIAL
Cena 5/Casa
de José/Interno/Dia
JOSÉ
(gaguejando): Filha, sua mãe teve que sair.
MARIANA:
Para onde?
JOSÉ: Para
Recife. Ela foi fazer umas compras lá para a casa. Mas amanhã ela está de
volta.
MARIANA: Ah
tá. Já estou com saudades dela. Ainda bem que amanhã ela chega para matar as
saudades.
(José fica
com os olhos marejados)
Cena
5/Paisagens do Rio de Janeiro/Dia
Cena
6/Mansão de Antônio/Interno/Dia
(Alberto
está lendo seu jornal, quando Yolanda chega)
YOLANDA: É
hoje, Alberto. É hoje que nosso filho chega. Estou tão feliz. Passar um mês
longe do meu dengo, é o mesmo que passar uma eternidade sem ele.
ALBERTO: Não
exagera, Yolanda. O Antônio já está bem grandinho. Ele não precisa mais dessa
sua superproteção materna.
YOLANDA:
Olha quem fala. O velhinho mais infantil que conheço. Às vezes me pergunto,
como um dia pude me casar com você.
ALBERTO:
Quem sabe, foi por causa dos cassinos da minha família, que agora são do
Antônio.
YOLANDA:
Cassinos estes que são ilegais. Por que você não manda o Antônio fechar essas
porcarias?
ALBERTO:
Porque são dos cassinos que entram mais dinheiro nessa casa do que aquele
Centro de Pesquisas Geológicas que ele tem.
YOLANDA: Não
quero mais falar sobre isso. Viu a Valéria?
ALBERTO:
Não.
Cena
7/Cristo Redentor/ Dia
CARLOS: Eu
amo esse lugar. É o local mais bonito que eu já fui em toda a minha vida.
VALÉRIA: É
lindo mesmo. Mas por que me trouxe aqui?
CARLOS:
Quero te dar um presente especial em um lugar especial, nas alturas.
(Carlos entrega uma caixinha para Valéria)
CARLOS: Abre
VALÉRIA: (Ao
abrir a caixa) Um colar de diamantes? Que lindo, meu amor.
CARLOS:
Deixa-me eu colocar no seu pescoço
(Carlos coloca o colar no pescoço de
Valéria)
VALÉRIA:
Ficou divino. (Valéria ri)
CARLOS:
Realmente, esse é o adjetivo mais adequado para caracterizar algo no lugar onde
estamos não? (Carlos ri e o casal se beija)
Cena
8/Mansão de Medeiros/Interno/Dia
(Débora está
sentada à mesa, tomando café quando Diana chega.)
DÉBORA: Bom
dia. Aceita um café, maninha?
DIANA: Não
to com fome. Cadê a Nathália?
DÉBORA:
Minha filhinha ainda está dormindo. Sabia que hoje o Antônio chega de viagem?
DIANA: Sabia
sim. Dona Yolanda já havia me dito. Me falou até o horário e tudo.
DÉBORA:
Ótimo. Está aí uma ótima oportunidade para você voltar a correr atrás do
Antônio.
DIANA: Mas é
isso mesmo que vou fazer. Ainda não me conformei com o término do nosso namoro.
Quando ele chegar, irei fazer uma visitinha surpresa. Hoje, eu o reconquisto.
Cena 9/CERON
COSMÉTICOS/Sala de Medeiros/Interno/Dia
(A porta da sala bate)
MEDEIROS:
Entra.
(Cleber abre a porta e fecha)
CLEBER: Me
chamou?
MEDEIROS:
Sim. Veja esses processos que moveram contra a empresa. Você é meu advogado
particular. Tem que tirar todo esse peso das minhas costas.
CLEBER:
Deixe-me ver.
(Cleber folheia as páginas)
MEDEIROS:
Então?
CLEBER: São
processos básicos. Rapidinho, eu consigo anular todos eles.
MEDEIROS:
Ótimo.
CLEBER: Mas
tenho que ser franco. Se a empresa continuar assim, irá falir em breve.E espero
que saiba que não são situações financeiras que contribuem para o declinio de
uma empresa. Fatores jurídicos pesam muito também.
MEDEIROS:
Pode deixar. Estou com um projeto em vista. A Ceron não declina tão cedo.
Cena
10/Paisagens do Rio de Janeiro/Noite
Cena
11/Mansão de Antônio/Interno/Noite
ALBERTO (ao
ver Yolanda andar de um lado para o outro): Yolanda, para com isso. Já está me
deixando tonto.
YOLANDA:
Estou ansiosa para a chegada do nosso filho.
ALBERTO: Ele
já está chegando. Acalme-se.
(A campainha
toca)
YOLANDA:
Deve ser ele. Severina, deixa que eu atendo.
(Yolanda
abre a porta e se depara com Valéria)
YOLANDA: É
você?
VALÉRIA:
Mãe, obrigada pela alegria e pela felicidade em me ver. Fico muito feliz com
isso.
YOLANDA:
Desculpa, filha. Mas seu irmão já está chegando e estou muito ansiosa para
revê-lo.
VALÉRIA:
Poxa, mãe. Para com isso. O Antônio já é um galalau. Ele sabe se virar sozinho.
ALBERTO: Eu
digo isso todo dia, mas pergunta se adianta.
VALÉRIA: Nem
precisa. Pela cara dela, realmente não adianta nada. Bom, vou subir e tomar um
banho.
YOLANDA:
Nada disso. Você vai ficar aqui, sentadinha, esperando seu irmão chegar. Eu
quero ver a família toda reunida quando ele passar por aquela porta.
ALBERTO:
Deixa de besteira, Yolanda. Vai banhar, minha filha.
VALÉRIA: Vou
mesmo. Se o Antônio chegar, diz que estou lá em cima.
(Valéria
sobe as escadas)
YOLANDA: Era
para ela ficar aqui, esperando o Antônio.
ALBERTO: Por
favor, Yolanda. Menos.
(A campainha
toca)
YOLANDA:
Agora deve ser meu filho.
(Yolanda
abre a porta e se depara com Antônio. Feliz, abraça o filho.)
YOLANDA: Meu
filho. Estava morrendo de saudades de você.
ANTÔNIO:
Mãe, não sou mais uma criancinha de cinco anos.
YOLANDA: É
sim. Você sempre será minha criancinha de cinco anos.
ALBERTO: Com
licença, Yolanda. Posso falar com meu filho?
YOLANDA:
Vai, fala com o menino.
ANTÔNIO:
Beleza, pai?
ALBERTO:
Beleza, filhão. Babou muito as meninas de Olinda?
YOLANDA:
Isso lá é pergunta que se faça ao nosso filho? Claro que ele não babou
olindense nenhuma. A menina do nosso Antônio está aqui, no Rio. A nossa querida
e amada Diana.
ANTÔNIO: Não
mãe. A Diana é passado, é página virada. Meu presente se resume a Marieta.
YOLANDA:
Marieta? Quem é Marieta?
(Marieta
entra)
MARIETA: Sou
eu. Prazer.
ANTÔNIO:
Marieta, esses são meus pais: Yolanda e Alberto. Eu tenho uma irmã também: é a
Valéria.
ALBERTO: Que
está tomando banho.
YOLANDA:
Você conheceu ela em Olinda, meu filho?
ANTÔNIO:
Sim, mãe. E me apaixonei perdidamente por ela. Estamos decididos em nos casar.
YOLANDA: O
quê? Você quer se casar com ela?
FIM DO CAPÍTULO
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