segunda-feira, 18 de junho de 2012

Capitulo 6 de Lua Negra



CENA 1: Noite – Casa de William - Sala

Lívia e William chegam em casa. Rosana, a empregada abre a porta
ROSANA: Então como foi?
WILLIAM: Ainda não terminou. Já esperávamos que durasse mais de um dia. E o Matheus?
ROSANA: Esta dormindo.
LÍVIA: Vou tomar banho e descansar
Lívia sobe as escadas
WILLIAM: Rosana, por favor, leve alguma coisa pra ela comer no quarto.
ROSANA: Claro, vou preparar agora mesmo
Rosana vai para cozinha. William sobe para o quarto de Matheus.

CENA 2: Noite – Casa de Suzana – sala

Suzana chega em casa e encontra Glória na sala
SUZANA: Boa noite, tudo bem por aqui? Onde está o Felipe?
GLÓRIA: Está lendo no quarto.
SUZANA: Aconteceu alguma coisa? Por que essa cara?
GLÓRIA: Ai senhora, aconteceu uma coisa muito chata. Bateram no meu carro e...
SUZANA: O que? O Felipe se machucou?
GLÓRIA: Não, ele não estava no carro. Eu estava indo buscá-lo na escola, quando parei no sinal, o carro de trás não parou e bateu. Aí veio a polícia fazer boletim de ocorrênciacom toda aquela burocracia e acabei me atrasando muito
SUZANA: Já sei você chegou na escola tarde e o Felipe estava furioso não é?
GLÓRIA: Antes fosse. Eu cheguei e não o encontrei, fiquei louca procurando por ele e quando voltei para casa ele estava aqui vendo tevê.
SUZANA: Ele veio sozinho? Como?
GLÓRIA: Ele tentou vir andando, mas se cansou e acabou pegando carona com uma desconhecida
SUZANA: Não, ele não fez isso. Eu já disse milhares de vezes para ele não falar com estranhos quem dirá entrar no carro de um
GLÓRIA: Senhora, não brigue com ele. A culpa foi minha, eu devia ter ligado para escola e pedir que não o deixassem sair.
SUZANA: Ele teve muita sorte de não ter acontecido nada, no meu trabalho eu vejo cada crime absurdo que cometem com crianças, ele não faz idéia do risco que correu.
GLÓRIA: Eu já conversei com ele, garanto que ele não fará isso de novo
SUZANA: Vou vê-lo
Suzana segue para o quarto de Felipe

CENA 3: Noite – Casa de Suzana – Quarto de Felipe

Suzana entra no quarto de Felipe
SUZANA: Oi, a Glória me contou o que aconteceu
FELIPE: Estava te esperando para jantarmos
SUZANA: Felipe, você tem idéia do risco que correu hoje?
FELIPE: Sim, desculpe não vou fazer de novo, mas espero que nunca mais se esqueçam de me buscar
SUZANA: Ela não se esqueceu de você, apenas teve um imprevisto
FELIPE: Eu sei
Suzana abraça Felipe
SUZANA: Você é tão inteligente, sabe tanto de matemática, informática e física que às vezes nem parece uma criança, mas hoje percebi que você ainda é um garotinho e que precisa de um adulto para guiá-lo
FELIPE: Mãe vamos jantar. Estou com fome
SUZANA: Claro querido, vamos sim.
Susana e Felipe seguem pra cozinha.
CENA 4: Manhã – Fórum – Salão de Julgamento

O julgamento recomeça e Fátima, a diretora da escola é chamada para depor. Suzana vai interrogá-la
SUZANA: Há quanto tempo Eric trabalha na sua escola?
FÁTIMA: Quase um ano. Ele entrou em agosto do ano passado para substituir um professor que precisou se ausentar por motivos de saúde
SUZANA: E ele é um bom professor?
FÁTIMA: Sim, não tenho do que reclamar
SUZANA: O que os alunos acham dele?
FÁTIMA: Acho que gostam, nunca ouvi nenhum tipo de reclamação. Os alunos geralmente gostam dos professores de educação física, difícil é gostarem dos de matemática ou química.
SUZANA: Entendo. E como é a relação do Eric com os outros professores e funcionários da escola?
FÁTIMA: O Eric é bem tranqüilo, fala com todos, mas não costuma encontrá-los fora da escola.
SUZANA: Alguma vez ele fez alguma coisa que fosse inadequada a sua função?
FÁTIMA: Não senhora. Não tenho absolutamente nada a reclamar de Eric
Suzana volta-se para o juiz
SUZANA: Sem mais perguntas meritíssimo.
O juiz dispensa Fátima.
JUIZ: O próximo a depor é Paulo Gomez vizinho de Eric

CENA 5: Manhã – Escola

Felipe está na aula desenhando em seu caderno enquanto a professora coloca exercícios de matemática no quadro.  Um menino que está sentado ao lado de Felipe parece incomodado.
VÍNICIUS: Por que você não está fazendo os exercícios?
FELIPE: Não preciso
VÍNICIUS: Você se acha melhor que todo mundo aqui não é?
Felipe continua desenhando
VÍNICIUS: Odeio pessoas que se acham superior aos outros. Todos estão fazendo o dever, mas você se sente no direito de fazer o que quer.
PROFESSORA: O que está acontecendo aí?
VÍNICIUS: O Felipe está desenhando ao invés de fazer o exercício
PROFESSORA: Isso é verdade Felipe?
FELIPE: Sim, eu já sei essa matéria, não preciso de exercício
PROFESSORA: Felipe todos estão estudando, não faz sentido você ficar fazendo outra coisa
FELIPE: Vai me obrigar a copiar uma coisa que eu já sei?
VINICIUS: Se é tão esperto, porque não resolve todos os exercícios lá na frente?
Felipe se levanta
PROFESSORA: Não precisa fazer isso
FELIPE: Tudo bem, assim eu poupo o seu trabalho de correção
Felipe vai ao quadro e resolve todos os exercícios de forma rápida e correta
A turma fica surpresa
Felipe volta para seu lugar e continua seu desenho.
PROFESSORA: Bom, copiem a correção e se alguém tiver alguma duvida pode perguntar.
VINICIUS: Você pode ter um cérebro privilegiado, mas eu tenho uma coisa muito mais importante e que você não consegue ter
FELIPE: O que?
VINICIUS: Amigos.

CENA 6: Manhã – Fórum – Salão de Julgamento

Paulo acaba de ser chamado. Ele entra, faz o juramento e se senta
JUIZ: Com a palavra o advogado de acusação Augusto Arantes
AUGUSTO: Há quanto tempo conhece Eric?
PAULO: Dois anos, desde que ele se mudou para a casa ao lado da minha
AUGUSTO: Como ele é como vizinho?
PAULO: É uma pessoa tranqüila, nunca tivemos nenhum problema com ele
AUGUSTO: Ele costuma levar amigos para casa?
PAULO: Não, nunca o vidando uma festa ou algo assim.
AUGUSTO: Alguém costuma visitá-lo?
PAULO: Já vi algumas pessoas indo visitá-lo, mas receber amigos não é hábito que ele tem
AUGUSTO: Alguma vez você viu Emily indo visitá-lo?
PAULO: Não, nunca
Augusto volta-se para o juiz
AUGUSTO: Fica claro que o réu é uma pessoa que não mantém contatos sociais. Ele não costuma ter amigos no local de trabalho, nem na vizinhança e...
Suzana se levanta
SUZANA: Protesto meritíssimo. O fato de o réu ser uma pessoa reservada não pode e não deve ser um indício de um possível envolvimento no crime.
JUIZ: Protesto aceito. Dr. Augusto tem mais alguma pergunta para a ser feita ao senhor Paulo?
AUGUSTO: Não meritíssimo
JUIZ: Dra Suzana, tem algo a mais que queira perguntar?
SUZANA: Não meritíssimo
JUIZA: Muito bem, o senhor pode se retirar. Vamos fazer um intervalo e na volta vou anunciar a sentença.

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