CENA 1: MANHÃ – VILA DE PESCADORES – CASA DE JULIO –
QUARTO DE CATARINA
Júlio e Danilo acabam de entrar no quarto de
Catarina. A garota está sentada na cama usando o vestido que Malena arrumou.
Danilo se aproxima para vê-la melhor.
A garota tem
um corpo pequeno, com braços e pernas finas como se não tivessem nenhum
músculo. Sua pela é tão branca que parece nunca ter sido exposta ao sol. Seus
cabelos são de um loiro tão claro que é quase sem cor.
A garota olha para eles assustada
DANILO: Oi. Qual o seu nome?
A garota continua em silêncio, aparentando estar
bastante assustada.
CENA 2: MANHÃ – RIO DE
JANEIRO – EMPRES GOLTZ – SALA DE DIOGO
Milton acaba de questionar Diogo sobre uma possível
redução no salário dos operários.
DIOGO: Quem lhe disse isso?
MILTON: Isso não vem ao caso. É verdade ou não?
DIOGO: Não estou sabendo de nada
MILTON: Mas sabe que o doutor Arnaldo esta tendo
problemas financeiros não é?
DIOGO: Não posso falar sobre a vida financeira do
meu patrão
MILTON: Tudo bem, não quero saber de fofocas. Eu vim
aqui para avisar que não vamos aceitar a redução de nenhum centavo entenderam?
DIOGO: Eu não sei quem lhe disse essas coisas, mas
eu garanto que...
MILTON: Não me interessa saber de suas garantias, só
quero preveni-los de que a redução no salário de qualquer funcionário irá gerar
uma greve coletiva.
DIOGO: Pelo amor de Deus não façam isso, temos um
prazo para terminar o edifício
MILTON: E vamos terminar no prazo combinado desde
que as condições de trabalho permaneçam como combinado
DIOGO: Não se preocupe não vamos fazer qualquer
alteração
MILTON: Ótimo. Tenha um bom dia
Milton se levanta e sai apressadamente
CENA 3: MANHÃ - RIO DE
JANEIRO – CASA DE ARNALDO
Arnaldo acaba de contar a Celine que ela não pode ir
às paris
CELINE: Do que está falando? Como assim não posso ir
a Paris? Você nunca me proibiu de nada, não confia mais em mim?
ARNALDO: Não se trata de confiança
CELINE: Se trata de que então?
ARNALDO: Celine, eu estou tendo sérios problemas
financeiros não posso jogar dinheiro fora com uma viagem a paris
CELINE: Jogar dinheiro fora? Essa viagem é muito
importante para mim
ARNALDO:Ah pelo amor de deus Celine. Não vou gastar
uma fortuna para satisfazer um capricho seu
CELINE:Capricho? Você acha que me encontrar com
amigas que não vejo há anos é capricho? E a viagem não custa uma fortuna
ARNALDO: Ahahaha! Imagina, você vai querer ficar no
hotel mais caro de Paris, assistir os desfiles, e voltar cheia de vestidos e
jóias novas. Realmente acha que essa viajem não me custaria uma fortuna?
CELINE: Você nunca controlou meus gastos, não estou
te reconhecendo
ARNALDO: É que nunca passei pelos problemas que
estou tendo agora, por favor,entenda
CELINE: Se está tão endividado por que esta
construindo um novo edifício?
ARNALDO: Porque esse empreendimento quando estiver
pronto vai ser nossa salvação, tenho certeza que dará muito lucro, mas agora,
durante a construção precisamos conter os gastos.
Celine faz cara de choro
CELINE: Por favor, eu preciso muito ir, minhas
amigas não entenderiam se eu faltasse
ARNALDO: No momento é impossível
Celine se levanta furiosa
ARNALDO: Celine entenda.
Celine sai sem responder.
CENA 4: MANHÃ – VILA DE PESCADORES – CASA DE JULIO –
QUARTO DE CATARINA
Júlio e Danilo observama estranha garota que eles
encontraram no mar.
JULIO: Será que ela não fala?
DANILO: Não sei. Acho que ela está assustada por
isso não quer falar
Malena entra trazendo um prato com mingau
MALENA: Você deve estar com fome. Preparei mingau de
aveia que dá muita energia, espero que goste.
Malena coloca a bandeja com o prato de mingau e uma
colher na cama. A garota pega o prato e começa a devorar o mingau com as mãos
Todos observam assustados.
DANILO: Será que ela não sabe usar talheres?
Malena se aproxima da garota e tenta lhe entregar a
colher
MALENA: Olha, usamos isso para comer. É melhor do
que com as mãos
A garota despreza a colher e continua comendo com as
mãos
JULIO: Deixa ela comer como quiser, parece estar
faminta.
Júlio e Danilo vão para sala
CENA 5: MANHÃ – RIO DE
JANEIRO – EMPRESA GOLTZ – SALA DE DIOGO
Rogerio entra na sala
de Diogo
ROGERIO: Queria falar comigo?
DIOGO: Sim, sabe quem esteve aqui agora pouco?
ROGERIO: Quem?
DIOGO: Milton,mestre de obras do novo edifício.
ROGERIO: Pra que?
DIOGO: Pra dizer que se diminuirmos o salário dos
operários eles vão fazer greve
ROGERIO: O que? Mas quem disse a eles sobre a
redução dos salários?
DIOGO: Eu não sei, mas você sabe que nessa empresa as
paredes têm ouvidos e asas.
ROGERIO: Falou com o Arnaldo?
DIOGO: Ainda não, mas vou falar assim que ele chegar.
CENA 6: MANHÃ – VILA DE PESCADORES CASA DE JULIO – SALA
JULIO: Que garota estranha, de onde será que ela
veio?
DANILO: Não faço a menor ideia, eu nunca vi uma
garota assim antes, ela é tão pequena e parece tão frágil
JULIO: Ela não é daqui disso tenho certeza
DANILO: O que vamos fazer? Acha que devemos chamar a
policia?
JULIO: Eu não sei. Acho que vou a cidade ver se
encontro algum cartaz de garota desaparecida ou algo do tipo
DANILO: É acho que isso é bom, se ela se perdeu ou
se foi sequestrada, deve ter alguém procurando por ela.
Malena sai do quarto com a bandeja e o prato de
mingau vazio
MALENA: Ela comeu tudo, devia estar com muita fome.
JULIO: Vamos ver agora de barriga cheia ela fala
alguma coisa
Júlio de Danilo voltam ao quarto de Catarina
CENA 7: MANHÃ – VILA DE PESCADORES – CASA DE JULIO –
QUARTO DE CATARINA
Júlio e Danilo entram no quarto de Catarina
JULIO: Olá
A garota olha para eles
DANILO: Você sabe falar?
A garota balança a cabeça afirmativamente
DANILO: Ótimo.
Danilo se aproxima
DANILO: Meu nome é Danilo, qual é o seu nome?
A garota olha fixamente para ele. Danilo fica
impressionado com o azul dos olhos dela
DANILO: Que olhos lindos
Malena entra
JULIO: Você entendeu a pergunta? Qual o seu nome?
A garota continua em silencio
DANILO: Você disse que sabia falar não é?
A garota afirma com a cabeça
DANILO: Então nos diga alguma coisa, por exemplo, o
seu nome.
A garota sussurra
GAROTA: Não sei.
JULIO: Como assim não sabe?
DANILO: Pai calma, pelo menos sabemos que ela fala
Danilo volta-se para garota
DANILO: Você se lembra de alguma coisa? De onde veio?
Se tem família?
A garota balança a cabeça negativamente
DANILO: Não se lembra de nada
GAROTA: Não
JULIO: Será que ela perdeua memória? Talvez tenha
sofrido um acidente, batido a cabeça
MALENA: Eu reparei alguns arranhões no corpo dela e
um inchaço na nuca, acho que ela bateu a cabeça em algum lugar.
DANILO: Vai ver que é por isso que ela não se lembra
de nada.
JULIO: Acho melhor abrir a janela, seria bom ela
tomar um pouco de ar fresco.
MALENA: Tem razão
Malena se levanta e vai ate a janela. Ela puxa as
cortinas para o lado e abre a janela deixando os raios de sol entrar
A garota imediatamente puxa as cobertas para seu
rosto e começa a gritar
DANILO: O que foi? O que você tem?
GAROTA: Meu olho
JULIO: O que tem no seu olho?
DANILO: Acho que ela não gosta da claridade, fecha a
janela.
Malena fecha a janela e a cobre novamente com as
cortinas. A garota se acalma
DANILO: Está melhor?
A garota tira a coberta dos olhos e balança a cabeça
afirmativamente
JULIO: Então ela não gosta do sol? Como alguém pode
não gostar do sol?
MALENA: Acho melhor a gente deixar ela descansar.
Danilo: Tem razão, eu vou entregar os peixes.
JULIO: E eu vou ver se descubro alguma coisa sobre
ela
Danilo e Júlio saem.
CENA 8: MANHÃ – RIO DE JANEIRO – EMPRESA GOLTZ – SALA DE DIOGO
Arnaldo entra furioso na sala de Diogo
DIOGO: Senhor. Aconteceu alguma coisa?
ARNALDO: Sim, o Rogério me disse que o chefe de
obras esteve aqui ameaçando fazer greve
DIOGO: Sim, ele disse que os operários não vão
aceitar uma redução no salario
ARNALDO: E como ele soube disso?
DIOGO: Eu não sei senhor.
ARNALDO: Droga. Não posso arriscar uma greve
DIOGO: E o que o senhor pretende fazer?
ARNALDO: Eu não vou fazer nada, vocêvai
DIOGO: Eu? Mas o que eu posso fazer?
ARNALDO: Fale com o engenheiro de novo, e convença-o
a rever o orçamento.
DIOGO: Eu já falei, ele diz que é impossível reduzir
mais do que já foi reduzido.
ARNALDO: Que nada, esse material que estamos
comprando é o mais caro do mercado. Tem outras marcas mais em conta, eu vi o
orçamento do edifício do Osvaldo.
DIOGO: Eu disse isso pra ele, mas...
ARNALDO: Mas nada. Eu quero que vá procura-lo agora
mesmo e dê um jeito desse orçamento ser reduzido
Arnaldo sai da sala extremamente nervoso.
DIOGO: E agora? O que eu faço?
CENA 9: MANHÃ – VILA DE PESCADORES – ESQUINA
Larissa está saindo da escola quando avista Danilo
na rua. Ela corre ate ele
LARISSA: Danilo espere
DANILO: Oi, nem tinha te visto.
Larissa dá um beijo em Danilo
LARISSA: Onde está indo?
DANILO: Para casa. Acabei de fazer a entrega dos
peixes
LARISSA: Por que não vamos para minha casa?
DANILO: Hoje não vai dar, eu quero ir para casa
LARISSA: Por quê? Tem alguma coisa para fazer lá?
DANILO: Bem, é que ontem encontramos uma garota
desacordada no mar e eu quero ver como ela está.
LARISSA: Como assim você encontrou uma garota no
mar?
DANILO: Ela estava em uma jangada, eu não sei de
onde ela veio.
LARISSA: Ela não disse nada?
DANILO: Não, ela não se lembra, talvez tenha sofrido
algum acidente
LARISSA: Quantos anos ela tem? Ela é bonita?
DANILO: Eu não sei a idade dela, mas... Espere aí
você esta com ciúmes?
LARISSA: Claro que não. Só não gosto de saber que
tem uma garota na casa do meu namorado.
DANILO: Ela não deve ficar muito, meu pai foi à
cidade tentar descobrir se há alguma garota que desapareceu recentemente.
LARISSA: Espero que encontre a família dela
DANILO: Sim. Agora preciso ir, mas passo na sua casa
mais tarde.
LARISSA: Esta bem
CENA 10: MANHÃ – VILA DE PESCADORES – CASA DE JULIO
– QUARTO DE CATARINA
Catarina chega da escola e encontra a garota em seu
quarto. Catarina fica paralisada. Malena entra
A garota olha para elas
CATARINA: O que é isso?
MALENA: É a garota que estava dormindo na sala
quando você foi pra escola. Seu pai e seu irmão a encontraram ontem
CATARINA: Onde?
MALENA: No mar, ela deve ter sofrido algum acidente.
CATARINA: Ela é estranha. Por que ela é assim?
MALENA: Eu não sei.
Malena aproxima Catarina da garota
MALENA: Olha essa é minha filha Catarina
A garota olha para Catarina
CATARINA: Ela fala?
MALENA: Sim, mas ainda esta assustada.
CATARINA: Qual o nome dela?
MALENA: Ela não se lembra
Ouve-se a voz de Danilo
DANILO: Mãe cheguei.
MALENA: Estou no quarto de sua irmã querido
Danilo entra
DANILO: Ela falou mais alguma coisa?
MALENA: Não
CATARINA: Como ela não sabe o próprio nome?
MALENA: Acho que ela não se lembra
CATARINA: Entãovamos dar um nome para ela
MALENA: Acho que pode ser uma boa ideia. Que nome
você sugere?
CATARINA: Hum, não sei.
MALENA: E você Danilo tem algum nome para ela?
DANILO: Deixa eu ver... Ela tem cara de...
CATARINA: Se for pela aparência o nome não vai ser
bonito
MALENA: Ah, ela não é feia, tem um rosto lindo.
CATARINA: Mas é esquisita. Eu nunca vi ninguém com
uma pela tão desbotada,e ela tem os cabelos ralos e quase branco de tão loiro,
sem contar nesses braços e pernas mais finos que um bambu. Parece aquelas
estrelas do mar que papai pega
DANILO: É isso. O nome dela vai ser Estrela
Danilo se aproxima da garota
DANILO: O que acha Estrela? Gosta desse nome?
A garota balança a cabeça afirmativamente
MALENA: Então está decidido. Você vai se chamar
Estrela
Nenhum comentário:
Postar um comentário