CENA 01 / INTERIOR / GALPÃO ABANDONADO / TARDINHA
CALIXTO – (ao cel) Eu
tô aqui no galpão, amor. Tu não tava na cadeia?
TEREZINHA – (off, ao
cel) Dei um jeito de escapar. Tô toda quebrada! Mas que história é essa do
Gilberto estar aí contigo?
CALIXTO – Corre pra cá
que eu te conto.
Terezinha joga o
celular roubado no lixo e vai para o galpão.
CORTA PARA:
CENA 03 / INTERIOR / GALPÃO / TARDINHA
Terezinha chega ao
galpão e vê Gilberto sendo chutado por Calixto. À medida que chega perto
demais, dá um tapa na cara de Calixto.
TEREZINHA – Tá maluco,
seu idiota? Batendo no meu irmão, que não pode se defender?!
CALIXTO – É divertido,
ué!
TEREZINHA – Vai ser
divertido quando eu cortar a sua cabeça fora, traste! (P/GILBERTO) Meu irmão,
você está bem?
GILBERTO – (Mal) Se
entreguem pra polícia... Por favor...
Terezinha se controla
para não chorar.
TEREZINHA – Fica
tranquilo, Gilberto. Vai dar tudo certo.
CALIXTO – Tá toda
machucada por quê?
TEREZINHA – A Selma,
me deu uma surra na cadeia. Ela deu um jeito de invadir a cela e me espancar.
Gilberto ri. Terezinha
fica constrangida.
CALIXTO – E o que
vamos fazer, Terezinha?
TEREZINHA – (Se
afastando) Vamos pedir resgate para o Estevão. Pede cento e cinquenta milhões,
pra ontem, numa conta na Suíça. (PAUSA) Mas precisava ter sequestrado o
Gilberto pra isso?!
CALIXTO – Ele podia
colaborar com a Selma na hora de prestar depoimento à polícia.
TEREZINHA – Nisso você
tem razão. Gilberto está tetraplégico, mas não mudo.
Terezinha olha para
Gilberto.
CORTA PARA:
CENA 03 / INTERIOR / DELEGACIA / TARDINHA
O delegado grita
euforizante.
DELEGADO – Conseguimos
uma rastreação!
ESTEVÃO – E da onde
é?!
DELEGADO – Na verdade
não é do local exato, mas conseguimos uma ligação direta para o telefone do
sequestrador.
SELMA – Então vamos
logo!
O delegado, Selma e
Estevão vão, junto com várias viaturas, atrás do telefone que Terezinha jogou
no lixo.
CORTA PARA:
CENA 04 / INTERIOR / CONSTRUTORA / ESCRITÓRIO /
TARDINHA
Zyrah pega Lurdinha
pelos cabelos e a puxa para si. Antônio tenta intervir, mas Zyrah atira e
Patrícia grita.
ANTÔNIO – Tá gritando
por que, sua vadiazinha?! É por sua culpa que estamos nessa situação!
LURDINHA – Pelo amor
de Deus, Patrícia, faz alguma coisa!
PATRÍCIA – O que você
quer, Zyrah?!
Zyrah joga Lurdinha no
chão e agarra Patrícia, a beijando a força.
ZYRAH – Eu sempre te
amei, Patrícia, desde que eu te vi pela primeira vez com o idiota do Thraso.
Mas você me deu um golpe, sua puta, me roubou toda a mercadoria pra fugir rica
pro Brasil e me deixar na mão! Mas eu voltei pra buscar você e cobrar a minha
dívida!
PATRÍCIA – Quanto você
quer?! Eu pago, tudo!
ZYRAH – Já pagou
parte... Sabe, quando você fugiu no helicóptero, deixou a senha da conta
conjunta da família cair e eu peguei. Rapei tudo, Patrícia!
ANTÔNIO – (avança p/
Zyrah) Seu ladrão! Agora eu tô na miséria!
Zyrah atira em direção
a Antônio, que desvia.
ZYRAH – Ela pode pagar
o resto da dívida me servindo como escrava até o fim da vida. O que acham dessa
ideia?!
Lurdinha faz que não
com a cabeça e Antônio não pensa duas vezes:
ANTÔNIO – Leva essa
puta pra África! Vadia, safada!
Zyrah arrasta Patrícia
pelos cabelos com uma arma na cabeça.
ZYRAH – Vamos sair
pelos fundos, meu amor. De lá, vamos viver juntinhos no conforto da minha casa
na Holanda! E, para pagar o resto do que me deve, terá que me servir como
escrava para o resto de sua vida.
Patrícia grita de
desespero e é levada embora. Antônio começa a chorar e é consolado por
Lurdinha, que também está chorando.
LURDINHA – (PAUSA) Vou
esperar umas duas horas e vou prestar queixa, tá, papai?
ANTÔNIO – Obrigado,
minha filha... Muito obrigado...
Os dois choram um nos
braços dos outros.
CORTA PARA:
CENA 05 / EXTERIOR / BAR / TARDINHA
Victor Hugo está
bebendo e chorando na mesa do bar. É quando Laura Dagmar passa ao seu lado e vê
o seu sofrimento.
L. DAGMAR – Victor
Hugo?
V. HUGO – Dagmar?!
Mas...
L. DAGMAR – Longa
história, vários detalhes... Então, como está o Tomásvaldo?
V. HUGO – (limpando as
lágrimas) Bem... Bem...
L. DAGMAR – Por que
você está chorando?
V. HUGO – Eu não tava
chorando, era só um cisco...
L. DAGMAR – Tava
chorando sim.
V. HUGO – Não estava.
L. DAGMAR – Estava.
V. HUGO – (se levanta,
com raiva) Não estava!
Ao se levantar, a
cerveja cai nos peitos de Laura Dagmar. Constrangido, ele pega um guardanapo e
os limpa.
V. HUGO – Desculpa,
Laura, eu...
Ao perceber que ele
está limpando os peitos de Laura Dagmar, Victor Hugo se aproxima cada vez mais
dos lábios dela e acabam se beijando.
CORTA PARA:
CENA 06 / INTERIOR / HOTEL / QUARTO / TARDINHA
Tom acaba de chegar de
uma corrida na orla da praia quando se depara com Maria Gilderoy sentada à
beira da cama. Ela o vê e Tom se assusta.
M. GILDEROY – Calma
Tom, só queria te desejar sucesso antes de ir embora.
TOM – (assustado) Você
vai embora?!
M. GILDEROY – Vou...
Arrumei um dinheiro e estou indo embora para sempre da sua vida. É uma pena
você não me amar do jeito que eu te amo, mas, fazer o quê?
TOM – (pausa) É...
Fazer o quê? Mas então, vai pra onde?
M. GILDEROY – Las
Vegas. Vou ser dona de um cassino lá.
TOM – Mas e a Show
Delícia?
M. GILDEROY –
(sorrindo) Com quem você acha que vai ficar?
Maria Gilderoy tira um
documento de dentro de uma pasta e entrega para Tom. Ele lê o documento e, meio
sem graça, assina o papel.
M. GILDEROY – Uma dica
para arrumar ótimos dançarinos: os aborde em pontos de ônibus.
Maria Gilderoy vai
embora e Tom fica com o papel nas mãos.
CORTA PARA:
CENA 07 / INTERIOR / CONSTRUTORA / ESCRITÓRIO / NOITE
Lurdinha dá um
calmante para o seu pai e pega a bolsa.
LURDINHA – Vou ligar
pro Tom e ir pra delegacia junto com ele pra fazer o boletim.
ANTÔNIO – (triste)
Eu... Eu vou arrumar as coisas aqui na construtora e ir pra casa...
LURDINHA – Te espero
lá.
Lurdinha abraça o pai
e vai embora. Logo depois, Antônio começa a guardar papeis na sua pasta e
desligar as luzes do escritório. A luz acende do nada. Antônio fica assustado e
a desliga novamente, mas a luz acede de novo. Assustado, ele ouve o som de um
vaso quebrar e olha para onde veio o barulho. Ao ver, ele fica catatônico:
LAURA – Olá, meu amor.
Laura mostra uma faca
para Antônio.
CORTA PARA:
CENA 08 / EXTERIOR / GALPÃO / NOITE
Estêvão, Selma, o
delegado e os policiais saem das viaturas e cercam o galpão.
DELEGADO – Bem, pela
ligação feita por aquele celular que achamos no lixo, é aqui o lugar onde
Gilberto está malocado.
SELMA – E,
provavelmente, junto com a Terezinha.
O delegado pega um
megafone e o põe na boca.
DELEGADO – (gritando)
Calixto, acabou, a polícia cercou o galpão, você não tem mais escolhas. Liberte
o Gilberto agora, ou vamos invadir tudo!
Estêvão fica
apreensivo.
CORTA PARA:
CENA 09 / INTERIOR / GALPÃO / NOITE
Terezinha, Gilberto e
Calixto ouvem tudo e ficam perplexos.
CALIXTO – Mas que
palhaçada é essa?! Como descobriram que a gente tá aqui?!
TEREZINHA – Não
importa, Calixto... Você ouviu o delegado: a polícia cercou a gente, cacete!
CALIXTO – E agora, o
que a gente vai fazer?!
Terezinha anda de um
lado para o outro, preocupada.
TEREZINHA – Acho
melhor a gente soltar o Gilberto.
CALIXTO – Tá louca?!
Mas aí a gente vai ser preso!
TEREZINHA – Não! Não
estou, Calixto! A única pessoa louca aqui é você, que teve a audácia de
sequestrar o meu irmão e ainda por cima bater nele!
CALIXTO – (pega
Terezinha pelos braços) Foi pela gente, Terezinha...
TEREZINHA – Já que
você não vai soltar, eu solto.
Terezinha pega uma serra
elétrica, que estava no canto de uma parede ao fundo do galpão e a liga, indo
em direção às correntes de Gilberto. Mas Calixto puxa o cabelo de Terezinha e a
serra elétrica cai no chão bem perto dos pés de Gilberto.
TEREZINHA – Tá
maluco?!
CALIXTO – (com raiva)
Você não vai soltar ninguém, Terezinha! Você vai lá fora e vai fazer um acordo
com os polícia! Anda, vai!
TEREZINHA – (se
debatendo) Me solta, seu merda, corno, frouxo! Eu não gosto de você, nunca
gostei e NUNCA VOU GOSTAR, AGORA ME LARGA, MERDA!
Calixto empurra
Terezinha. A serra elétrica, como está ligada, acaba indo em direção aos pés de
Gilberto, que não pode se mover. Calixto pega Terezinha e a empurra para o lado
oposto a Gilberto. A serra se aproxima mais e mais. Terezinha corre para pegar
a cerra, mas Calixto lhe dá um chute na barriga.
CALIXTO – Vamos ver se
esse filho falso morre de verdade.
A serra está a
MILÍMETROS do pé de Gilberto. É quando Terezinha consegue passar por Calixto e
pega a cerra. Calixto puxa uma arma e atira. Sangue vai à cara de Gilberto. Ele
berra.
CORTA PARA:
FIM DO
CAPÍTULO 29
Nenhum comentário:
Postar um comentário