CENA 01 / INTERIOR / MANSÃO ITACURUÇÁ / BANHEIRO / TARDE
Calixto e Terezinha no
banheiro
CALIXTO – Golpe de
mestre, Terezinha!
TEREZINHA – Sou uma
mestra, querido. Agora ele vai ter que deixar tudo na minha mão.
CALIXTO – Não tô nem
acreditando que você tá “grávida”
TEREZINHA – Já vai
querer colocar nome no bebê?
CALIXTO – Quem sabe?
Os dois riem e se
beijam.
CORTA PARA:
CENA 02 / EXTERIOR / PRAIA / QUIOSQUE / TARDE
DELMA – Fala logo,
dona Laura!
LAURA – Antes eu
preciso que você prometa que nunca vai sair do meu lado.
Delma suspira e cruza
os dedos debaixo da mesa.
DELMA – (hesita)
Prometo...
LAURA – As acusações
que seu pai fez contra mim... são todas verdadeiras. Eu realmente queria dar o
golpe nele quando nos conhecemos, o escravizei e fui amante do Beto. Aquela
baboseira toda que ele encheu a boca pra falar no dia da entrevista
DELMA – (surpresa) O
quê?!
Lurdinha fica com
lágrimas nos olhos, mas não faz um movimento.
LAURA – Calma! Mas eu
não matei o Beto! Isso deve ter sido o Antônio que mandou fazer para colocar a
culpa em mim!
LURDINHA – Tem
certeza, mamãe?
Laura se vira e leva
um susto ao ver a filha bem ali, na sua frente.
LURDINHA – Estava
dando uma volta pela orla... Isso sempre me fez bem, mas agora... Como você
pôde?! Safada, vadia! Agora eu sei por que o papai te maltratava daquele jeito!
LAURA – Lurdinha,
minha filha...
Lurdinha sai correndo.
DELMA – Bem feito! E
outra: eu não vou te ajudar em mais nada! Se quiser a ajuda do Victor Hugo,
problema o seu, mas eu quero sair dessa história!
Delma deixa Laura
sozinha no quiosque. Alguém a vê e grita pela polícia. Laura foge e a polícia a
persegue.
CORTA PARA:
CENA 03 / INTERIOR / APARTAMENTO PLÍNIO / SALA /
TARDINHA
Selma invade o
apartamento de Plínio com uma mochila nas costas e revira a casa inteira atrás
de alguma coisa que possa incriminar Terezinha. Depois de muito procurar ela
acha, dentro da gaveta da escrivaninha, um pen-drive e uma pasta com
documentos. Em seguida, ela tira da mochila um netbook e enfia o pen-drive na
entrada USB. Ao ver que um vídeo é acionado, ela aumenta o volume e presta
atenção.
PLÍNIO – (no vídeo,
nervoso) Bem, eu gostaria de dizer que... meu Deus... Eu acabei de descobrir
uma coisa terrível e estou gravando esse vídeo porque... porque quero garantir
que alguém consiga prender a delinquente da tal de Terezinha Itacuruçá! Ela é
uma bandida!... (hesita) Descobri que essa mulher que dar o golpe no meu cliente
e pretendo flagrá-los juntos para ter certeza do que estou dizendo... Sim,
porque a vi beijando um homem alto nas costas do Estevão e combinando planos
com ele e etc... Pelo o que eu ouvi, eles mataram uma tal de Sandreia que
descobriu tudo! Sequestraram a moça e a jogaram num galpão abandonado lá em
Jacarepaguá, QUEIMANDO o corpo depois. Me parece que jogaram na mata do lado do
galpão e... Bem... É isso: vou sair daqui e vou atrás daquela Terezinha depois
da festa de inauguração da construtora.
O vídeo termina e
Selma fica atônita. Ao abrir a pasta tremendo, ela vê os papéis da falsa
indenização e uma cópia do documento do casamento de Terezinha e Estevão. Ao
ver a data, percebe que eles casaram enquanto ela mantinha união com o
ex-pedreiro ainda. Furiosa, ela enfia tudo na mochila e vai embora.
CORTA PARA:
CENA 04 / INTERIOR / SHOW DELÍCIA / GAIOLA / TARDINHA
Tom acorda dentro de
uma gaiola enquanto Maria Gilderoy o olha de fora.
M. GILDEROY – Acordou
Tomásvaldo! Que bom, meu bem. Queria te dizer que eu te perdoo por ter me
chamado de travesti... Sabe que sou uma mulher completa, não é? Tudo bem que
tenho detalhes a mais, mas são só detalhes!
TOM – (desorientado)
Onde eu estou?...
M. GILDEROY – Você
está na gaiola do amor, Tomzinho! Eu te amo, mas não te disse isso antes porque
você tava de caso com aquela grudenta da Lurdinha Brasil e... Bem, agora você é
meu e nunca mais será de ninguém!
TOM – Você é maluca!
Me tira daqui!
Ele balança as grades,
sem sucesso.
M. GILDEROY – Isso é
aço, queridinho! Não vai conseguir sair daqui nunca!
TOM – Cala a boca,
Crioléussomn!
Maria Gilderoy fica
vermelha e fumaça sai de suas orelhas.
M. GILDEROY – Meu nome
de batismo não! Só por causa disso vai ficar sem pão e água!
Maria vai embora e
deixa seu celular em um banquinho perto da gaiola. Tom espera ela sair e pega o
telefone.
CORTA PARA:
CENA 05 / EXTERIOR / VIDA PRIVADA / TARDINHA
Victor Hugo acaba de
chegar com o carro e deixa Estevão na porta de casa.
V. HUGO – Mais alguma
coisa, Estevão?
ESTEVÃO – Pode deixar,
cara. Não vou precisar mais dos teus serviços hoje não. Vai com Deus.
V. HUGO – Beleza.
Victor Hugo sai do
carro e seu celular toca. Ele atende.
V. HUGO – Alô?
TOM – (off) Pelo amor
de Deus, Victor Hugo, me ajuda!
V. HUGO – O que houve
Tom?
TOM – (off) A Maria
Gilderoy, cara... Ela me enfiou dentro de uma gaiola e agora quer dar pra mim!
V. HUGO – Cacete! Mas
o que você quer que eu faça? Chamar a polícia?
TOM – (off) A polícia
não! Mas dá um jeito, me salva!
V. HUGO – Segura as
pontas aí porque eu tô indo!
Victor Hugo corre para
ajudar o amigo.
CORTA PARA:
CENA 06 / EXTERIOR / ORLA DA PRAIA / TARDINHA
Lurdinha está correndo
e chorando enquanto Delma vem atrás. Ela abraça a ex-patroa, que chora em seus
braços.
LURDINHA – Meus pais
são dois bandidos, Delma! Agora eu sei por que você não queria me contar nada!
DELMA – Eu tentei sair
dessa, mas o Victor Hugo não deixava...
LURDINHA – (se afasta)
O Victor Hugo está envolvido nessa sujeira toda também?!
DELMA – (envergonhada)
Sim...
LURDINHA – Mas isso é
uma quadrilha! Socorro!
Lurdinha sai correndo
e Delma fica parada na orla se sentindo culpada. Lurdinha chora suas mágoas nas
areias da praia.
CORTA PARA:
CENA 07 / INTERIOR / APARTAMENTO ANTÔNIO / SALA / TARDINHA
Tharso se joga no sofá
enquanto Patrícia está servindo vinho para os dois.
THARSO –
Apartamentinho bom esse, hem? Nem parece que teu pai tá falido... Estou
adorando morar aqui com a minha mulherzinha, só falta um pentelhinho!
PATRÍCIA – Sonha
querido! Mas realmente: esse apartamento é bem melhor do que aquele cafofo lá
da Holanda.
THARSO – Também, você
usava a mesada que o teu pai te mandava pra manter os negócios com o Zyrah!
Hm... Achava que dinheiro dava junto com as plantações de maconha que a gente
tinha lá.
PATRÍCIA – O dinheiro
dava, sim! Ah, o tráfico internacional... Lembra quando nós dois tivemos que
mandar duzentos quilos de cocaína para o Irã?! Meu Deus, quase fomos mortos! O
Zyrah que salvou a nossa pele.
THARSO – Pois é... Mas
tem certeza que a Lurdinha não vai dar com a língua nos dentes?
PATRÍCIA – Lógico!
Aquela lá é mais lerda que uma anta empacada!
Antônio cutuca
Patrícia.
ANTÔNIO – Ela pode até
ser, mas eu não.
Patrícia deixa o vinho
cair no chão. Tharso se levanta.
CORTA PARA:
CENA 09 / INTERIOR / CLÍNICA AMERICANA / QTO. GILBERTO
/ NOITE
Marques e Gilberto
muito felizes dentro do quarto.
GILBERTO – O
tratamento já está dando resultado, Marques! Já estou conseguindo mover meus braços
direito!
Gilberto move os
braços com um pouco de dificuldade, mas é aplaudido por Marques.
MARQUES – E vai ficar
bem melhor, Gilberto! Te garanto!
GILBERTO – Eu vou
poder sair dessa cadeira de rodas?
MARQUES – (hesitante)
Não posso te dar essa previsão ainda, meu caro. O negócio é ir fazendo o
tratamento até o fim.
GILBERTO – Tudo bem,
doutor. Eu vou conseguir... NÓS vamos conseguir.
Marques sorri. Na
mesma hora, Selma e Laura Dagmar entram rapidamente.
SELMA – Desculpa
interromper, mas é que somos amigas do Gilberto... Viemos vê-lo... Pode ser a
sós?
MARQUES –
(constrangido) Claro, claro...
Ele sai e Selma tira
seu computador da mochila, pondo-o no colo de Gilberto.
GILBERTO – Mas o que é
isso, Selma? O que você e a Laura Dagmar estão fazendo aqui?!
L. DAGMAR – Tem
certeza, Selma?
SELMA – Tenho.
Gilberto, estou aqui para abrir os seus olhos em relação a Terezinha. Ela não é
quem você pensa que é.
GILBERTO – Como assim?
L. DAGMAR – Cala a
boca e assiste
Selma põe o pen drive
com o vídeo de Plínio para Gilberto ver. Após vê-lo, ele fica com lágrimas nos
olhos.
GILBERTO – (desolado)
Mas... Terezinha!
CORTA PARA:
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