CENA 01 / INTERIOR / CASA DE TEREZINHA E GILBERTO /
SALA / MADRUGADA
TEREZINHA – Que isso,
Estevão?! Você é casado e.../
ESTEVÃO – /Não fala
nada, só sente.
Estevão põe Terezinha
no sofá e transa com ela. Calixto ouve tudo, mas controla o riso.
CORTA PARA:
CENA 02 / INTERIOR / CLÍNICA AMERICANA / UTI /
MADRUGADA
Gilberto está cheio de
tubos e com uma enfermeira ao lado. É quando ele balbucia o nome de Terezinha.
ENFERMEIRA – Quem?
Gilberto desmaia e os
médicos são chamados.
CORTA PARA:
CENA 03 / INTERIOR / APARTAMENTO BETO / SALA /
MADRUGADA
BETO – Antônio, isso é
mentira. Ela está mentindo! Desde que assinamos aquele acordo há anos atrás,
nunca descumpri uma regra!
Antônio abaixa a arma
e começa a chorar. Em seguida, ela desaba no chão da sala. Beto está imóvel.
ANTÔNIO – (chorando)
Por que vocês me traíram? Éramos amigos, Beto, amigos! Você a ajudou a me dar o
golpe do baú! Como pôde? (mostra a corrente) E ainda me fez de escravo...
Beto, aos poucos,
tenta chegar perto da arma.
BETO – Você me disse
que tinha entendido, Antônio...
ANTÔNIO – Mas eu não
entendo! E nunca vou entender!
Beto chuta a arma e dá
um soco na cara de Antônio. Este, por sua vez, cai pro lado e se levanta. Os
dois lutam e Antônio consegue pegar a arma.
ANTÔNIO – Volta pro
inferno!!!!
Antônio atira e mata
Beto. Em seguida, ele limpa as digitais e liga para a polícia.
ANTÔNIO –
(desesperado) Acabei de presenciar... um assassinato... Foi a dona Laura...
Laura Brasil...
Ele desliga e foge.
CORTA PARA:
CENA 04 / MORRO D’ÁGUA / INTERIOR / CASA V. HUGO /
MADRUGADA
Delma está dormindo
quando Victor Hugo entra com Laura nos braços. Ela, sem querer, quebra um vaso
e Delma acorda assustada.
DELMA – (sem reação)
Dona Laura... Mas a senhora não tava internada?
V. HUGO – Delma, ela
me contou a história toda no caminho. O marido dela a ameaçou de morte e ela
teve que fugir do hospital.
DELMA – Mas o seu
Antônio não presta! Sempre disso isso para a senhora, dona Laura!
Laura começa a chorar
e abraça Delma.
LAURA – Delma, me
protege!
DELMA – Vou pedir
demissão amanhã, mesmo.
V. HUGO – Não!
Precisamos ficar naquela casa para vigiar os passos dele!
LAURA – Muito
obrigado, meus amigos!
Os três se abraçam e
Laura faz uma cara de aliviada.
CORTA PARA:
CENA 05 / MORRO D’ÁGUA / INTERIOR / CASA ESTEVÃO E
SELMA / QTO / MADRUGADA
Selma está assistindo
a um filme quando olha a hora.
SELMA – Nossa! O
Estevão tá demorando... Bem, paciência. Vou dormir, isso sim.
Selma desliga a tevê e
dorme.
CORTA PARA:
CENA 06 / INTERIOR / SHOW DELÍCIA / CAMARIM /
MADRUGADA
Laura e Lurdinha estão
acordando lentamente. Laura Dagmar vê Tom com um roupão e grita.
SANDREIA – (chocada)
Ué, Laura Dagmar, deu pra não gostar mais de homem não, é?!
L. DAGMAR – Meu Deus!
Mas que desfrute é esse! Desde quando Jeová iria aprovar uma safadeza destas?
Tom fica sem entender
nada.
M. GILDEROY – Tom,
essa mulher não era a periguete mais rodada do morro onde você morava?
TOM – Era! Parece que
ela bateu a cabeça e se converteu!
L. DAGMAR – Sandreia!
Vamos fugir deste antro do satanás com esse desvirtuado do senhor comandando
este cabaré!
M. GILDEROY – Mais
respeito, oh, santa ex-piranha!
SANDREIA – Você tá
machucada, Laura!
Laura Dagmar pega no
braço de Sandreia e vai embora dali. Lurdinha, que até então estava tonta e sem
entender nada, pega a sua bolsa, mas Tom a segura pelo braço.
TOM – Você tá toda
machucada, patricota.
LURDINHA – Para a sua
informação, meu nome é Lurdinha.
TOM – Tá bom,
Lurdicota, mas eu não vou te deixar sair daqui neste estado. Eu conheço essa
Laura Dagmar aí não é de hoje. Sei que ela vai ficar bem, mas você? Você... Sei
lá! Dorme aí na cama que eu durmo no
chão.
M. GILDEROY – Vou
pegar o colchão inflável.
Ela vai embora e
Lurdinha começa a chorar.
TOM – Não fala nada,
só chora.
Lurdinha cai em
prantos nos braços de Tom.
CORTA PARA:
CENA 07 / MORRO D’ÁGUA / INTERIOR / CASA DE TEREZINHA
E GILBERTO / MANHÃ
Estevão está se
arrumando quando Terezinha acorda.
TEREZINHA – (falsa)
Estevão, perdão! Eu não deveria ter feito isso!
ESTEVÃO – Nós fizemos.
Ele termina de se
arrumar e vai embora. Assim que ele sai, Terezinha liga o rádio e começa a
dançar AI SE EU TE PEGO. Calixto aparece no corredor e dança com Terezinha.
CALIXTO – Que feitiço
você botou naquele beijo?
TEREZINHA – Sou
irresistível, modéstia parte. Agora, vamos para a segunda parte do plano: a
foto.
CALIXTO – Enquanto
você estava de sacanagem no sofá, eu saí e imprimi a foto (mostra a impressão).
TEREZINHA – Hoje vou
fazer uma visita surpresa pra minha patroete.
CALIXTO – Enquanto
você visita a tua patroete, vou sumir por uns tempos.
TEREZINHA – Por quê?!
CALIXTO – Dar uma
despistada, ver se ainda tem bandido querendo ir atrás da dívida do sequestro
falido. Fica tranquila porque eu vou vigiar você mesmo assim.
TEREZINHA – Merda! Já
estava contando com a sua morte!
Os dois riem.
Terezinha pega a foto e vai pro quarto.
CORTA PARA:
CENA 08 / INTERIOR / MANSÃO BRASIL / MESA DO CAFÉ /
MANHÃ
Antônio está tomando
café quando Delma aparece.
ANTÔNIO – Bom dia,
Delma.
DELMA – (seca) Bom
dia.
ANTÔNIO – Estive
pensando... Vou colocar um anúncio no jornal para uma empregada nova. Realmente,
esta mansão é muito grande e você não dá conta sozinha. Victor Hugo está aí?
DELMA – (seca) Está
ANTÔNIO – Mande ele
preparar o carro.
Delma sai e deixa
Antônio rindo sozinho.
CORTA PARA:
CENA 09 / INTERIOR / COSMÉTICOS BRASIL / MANHÃ
Vários jornalistas
estão a postos para disparar perguntas ao dono da empresa. Antônio aparece e
senta.
JORNALISTA – Doutor
Antônio, como você reage à morte de seu assistente mais próximo e a fuga de sua
mulher do hospital?
ANTÔNIO – Não queria
contar isso agora, mas acho que é preciso.
JORNALISTA – Contar o
que, doutor?
Antônio respira fundo.
ANTÔNIO – Conheci
Laura há vinte atrás, quando eu não era ninguém na vida. Laura Brasil era uma
pessoa riquíssima! Cheia de posses, poderosa; ela e sua família também. Mas eu
nunca me interessei pela sua fortuna, só pelo seu amor. Nós namoramos e eu me
apaixonei por outra mulher: Paula Viana. Como não suporto traições, eu
conversei com Laura e nós nos separamos; ela, claro, nunca aceitou, mas e nunca
liguei para isso. Aos poucos eu fui enriquecendo e dentro de cinco anos eu
estava rico e casado. Amei Paula até o dia em que ela sofreu um acidente de
carro misteriosíssimo. Laura foi se aproximando aos poucos e comendo pelas
beiradas... Ela e o seu amante: justamente meu assistente, Beto de Paula.
Todos estão prestando
atenção no depoimento. Victor Hugo, que está no fundo da comitiva, está gravando
tudo com um gravador.
ANTÔNIO – (cont.)
Fiquei viúvo e sem filhos, porém, a família de Laura estava na falência.
Acreditando em seu amor, casei com Laura até descobrir por conta própria que
ela queria me dar um golpe junto com Beto. Ia contar à polícia, claro, mas ela
descobriu antes e me trancafiou em um calabouço com esta corrente (mostra a
corrente velha)! Fui obrigado a ser escravo dela e de seu amante durante anos.
Fui humilhado, cuspido, chutado... Tudo o que vocês podem imaginar, eu fui. Até
que um dia consegui fugir e denunciei Laura à polícia. Ela se ajoelhou aos meus
pés e disse que eu poderia fazer o que quiser com ela e seu amantezinho. Como
eu sou uma pessoa muito boa, propus um acordo: ela seria submissa a mim e seu
amante seria meu escravo nos negócios. Além do mais, eles nunca poderiam se
relacionar de novo. Tudo ia bem, até que eles quebraram esta regra do acordo.
Ia contar tudo à polícia, mas parece que Laura fugiu e matou Beto.
A imprensa fica
chocada. Victor Hugo deixa cair o gravador, mas pega o telefone e liga para
Delma.
V. HUGO – Delma, tenho
uma coisa muito séria para te contar...
CORTA PARA:
CENA 10 / MORRO D’ÁGUA / INTERIOR / SAUDITA / MANHÃ
Selma está cortando
cabelo quando Estevão aparece. Laura Dagmar está lendo a bíblia enquanto
Sandreia observa, assustada.
ESTEVÃO – Oi, meu
amor!
SELMA – Oi, querido.
Posso te fazer uma pergunta?
ESTEVÃO – Já tenho até
a resposta: sim, estou indo comprar a nossa casa nova lá naquele condomínio de
luxo!
As clientes ficam
ouriçadas e com inveja de Selma.
SELMA – Que bom, meu
amor, mas não era esta a pergunta que eu ia fazer não.
ESTEVÃO – Então qual
era?
SELMA – Onde você
estava ontem à noite?
FIM DO
CAPÍTULO 11
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