segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Capitulo 11 de Pulo do Gato


CENA 01 / INTERIOR / CASA DE TEREZINHA E GILBERTO / SALA / MADRUGADA

TEREZINHA – Que isso, Estevão?! Você é casado e.../
ESTEVÃO – /Não fala nada, só sente.

Estevão põe Terezinha no sofá e transa com ela. Calixto ouve tudo, mas controla o riso.

CORTA PARA:

CENA 02 / INTERIOR / CLÍNICA AMERICANA / UTI / MADRUGADA

Gilberto está cheio de tubos e com uma enfermeira ao lado. É quando ele balbucia o nome de Terezinha.

ENFERMEIRA – Quem?

Gilberto desmaia e os médicos são chamados.

CORTA PARA:

CENA 03 / INTERIOR / APARTAMENTO BETO / SALA / MADRUGADA

BETO – Antônio, isso é mentira. Ela está mentindo! Desde que assinamos aquele acordo há anos atrás, nunca descumpri uma regra!

Antônio abaixa a arma e começa a chorar. Em seguida, ela desaba no chão da sala. Beto está imóvel.

ANTÔNIO – (chorando) Por que vocês me traíram? Éramos amigos, Beto, amigos! Você a ajudou a me dar o golpe do baú! Como pôde? (mostra a corrente) E ainda me fez de escravo...

Beto, aos poucos, tenta chegar perto da arma.

BETO – Você me disse que tinha entendido, Antônio...
ANTÔNIO – Mas eu não entendo! E nunca vou entender!

Beto chuta a arma e dá um soco na cara de Antônio. Este, por sua vez, cai pro lado e se levanta. Os dois lutam e Antônio consegue pegar a arma.

ANTÔNIO – Volta pro inferno!!!!

Antônio atira e mata Beto. Em seguida, ele limpa as digitais e liga para a polícia.

ANTÔNIO – (desesperado) Acabei de presenciar... um assassinato... Foi a dona Laura... Laura Brasil...

Ele desliga e foge.

CORTA PARA:
CENA 04 / MORRO D’ÁGUA / INTERIOR / CASA V. HUGO / MADRUGADA

Delma está dormindo quando Victor Hugo entra com Laura nos braços. Ela, sem querer, quebra um vaso e Delma acorda assustada.

DELMA – (sem reação) Dona Laura... Mas a senhora não tava internada?
V. HUGO – Delma, ela me contou a história toda no caminho. O marido dela a ameaçou de morte e ela teve que fugir do hospital.
DELMA – Mas o seu Antônio não presta! Sempre disso isso para a senhora, dona Laura!

Laura começa a chorar e abraça Delma.

LAURA – Delma, me protege!
DELMA – Vou pedir demissão amanhã, mesmo.
V. HUGO – Não! Precisamos ficar naquela casa para vigiar os passos dele!
LAURA – Muito obrigado, meus amigos!

Os três se abraçam e Laura faz uma cara de aliviada.

CORTA PARA:

CENA 05 / MORRO D’ÁGUA / INTERIOR / CASA ESTEVÃO E SELMA / QTO / MADRUGADA

Selma está assistindo a um filme quando olha a hora.

SELMA – Nossa! O Estevão tá demorando... Bem, paciência. Vou dormir, isso sim.

Selma desliga a tevê e dorme.

CORTA PARA:

CENA 06 / INTERIOR / SHOW DELÍCIA / CAMARIM / MADRUGADA

Laura e Lurdinha estão acordando lentamente. Laura Dagmar vê Tom com um roupão e grita.

SANDREIA – (chocada) Ué, Laura Dagmar, deu pra não gostar mais de homem não, é?!
L. DAGMAR – Meu Deus! Mas que desfrute é esse! Desde quando Jeová iria aprovar uma safadeza destas?

Tom fica sem entender nada.

M. GILDEROY – Tom, essa mulher não era a periguete mais rodada do morro onde você morava?
TOM – Era! Parece que ela bateu a cabeça e se converteu!
L. DAGMAR – Sandreia! Vamos fugir deste antro do satanás com esse desvirtuado do senhor comandando este cabaré!
M. GILDEROY – Mais respeito, oh, santa ex-piranha!
SANDREIA – Você tá machucada, Laura!

Laura Dagmar pega no braço de Sandreia e vai embora dali. Lurdinha, que até então estava tonta e sem entender nada, pega a sua bolsa, mas Tom a segura pelo braço.
TOM – Você tá toda machucada, patricota.
LURDINHA – Para a sua informação, meu nome é Lurdinha.
TOM – Tá bom, Lurdicota, mas eu não vou te deixar sair daqui neste estado. Eu conheço essa Laura Dagmar aí não é de hoje. Sei que ela vai ficar bem, mas você? Você... Sei lá! Dorme aí  na cama que eu durmo no chão.
M. GILDEROY – Vou pegar o colchão inflável.

Ela vai embora e Lurdinha começa a chorar.

TOM – Não fala nada, só chora.

Lurdinha cai em prantos nos braços de Tom.

CORTA PARA:

CENA 07 / MORRO D’ÁGUA / INTERIOR / CASA DE TEREZINHA E GILBERTO / MANHÃ

Estevão está se arrumando quando Terezinha acorda.

TEREZINHA – (falsa) Estevão, perdão! Eu não deveria ter feito isso!
ESTEVÃO – Nós fizemos.

Ele termina de se arrumar e vai embora. Assim que ele sai, Terezinha liga o rádio e começa a dançar AI SE EU TE PEGO. Calixto aparece no corredor e dança com Terezinha.

CALIXTO – Que feitiço você botou naquele beijo?
TEREZINHA – Sou irresistível, modéstia parte. Agora, vamos para a segunda parte do plano: a foto.
CALIXTO – Enquanto você estava de sacanagem no sofá, eu saí e imprimi a foto (mostra a impressão).
TEREZINHA – Hoje vou fazer uma visita surpresa pra minha patroete.
CALIXTO – Enquanto você visita a tua patroete, vou sumir por uns tempos.
TEREZINHA – Por quê?!
CALIXTO – Dar uma despistada, ver se ainda tem bandido querendo ir atrás da dívida do sequestro falido. Fica tranquila porque eu vou vigiar você mesmo assim.
TEREZINHA – Merda! Já estava contando com a sua morte!

Os dois riem. Terezinha pega a foto e vai pro quarto.

CORTA PARA:

CENA 08 / INTERIOR / MANSÃO BRASIL / MESA DO CAFÉ / MANHÃ

Antônio está tomando café quando Delma aparece.

ANTÔNIO – Bom dia, Delma.
DELMA – (seca) Bom dia.
ANTÔNIO – Estive pensando... Vou colocar um anúncio no jornal para uma empregada nova. Realmente, esta mansão é muito grande e você não dá conta sozinha. Victor Hugo está aí?
DELMA – (seca) Está
ANTÔNIO – Mande ele preparar o carro.

Delma sai e deixa Antônio rindo sozinho.

CORTA PARA:
CENA 09 / INTERIOR / COSMÉTICOS BRASIL / MANHÃ

Vários jornalistas estão a postos para disparar perguntas ao dono da empresa. Antônio aparece e senta.

JORNALISTA – Doutor Antônio, como você reage à morte de seu assistente mais próximo e a fuga de sua mulher do hospital?
ANTÔNIO – Não queria contar isso agora, mas acho que é preciso.
JORNALISTA – Contar o que, doutor?

Antônio respira fundo.

ANTÔNIO – Conheci Laura há vinte atrás, quando eu não era ninguém na vida. Laura Brasil era uma pessoa riquíssima! Cheia de posses, poderosa; ela e sua família também. Mas eu nunca me interessei pela sua fortuna, só pelo seu amor. Nós namoramos e eu me apaixonei por outra mulher: Paula Viana. Como não suporto traições, eu conversei com Laura e nós nos separamos; ela, claro, nunca aceitou, mas e nunca liguei para isso. Aos poucos eu fui enriquecendo e dentro de cinco anos eu estava rico e casado. Amei Paula até o dia em que ela sofreu um acidente de carro misteriosíssimo. Laura foi se aproximando aos poucos e comendo pelas beiradas... Ela e o seu amante: justamente meu assistente, Beto de Paula.

Todos estão prestando atenção no depoimento. Victor Hugo, que está no fundo da comitiva, está gravando tudo com um gravador.

ANTÔNIO – (cont.) Fiquei viúvo e sem filhos, porém, a família de Laura estava na falência. Acreditando em seu amor, casei com Laura até descobrir por conta própria que ela queria me dar um golpe junto com Beto. Ia contar à polícia, claro, mas ela descobriu antes e me trancafiou em um calabouço com esta corrente (mostra a corrente velha)! Fui obrigado a ser escravo dela e de seu amante durante anos. Fui humilhado, cuspido, chutado... Tudo o que vocês podem imaginar, eu fui. Até que um dia consegui fugir e denunciei Laura à polícia. Ela se ajoelhou aos meus pés e disse que eu poderia fazer o que quiser com ela e seu amantezinho. Como eu sou uma pessoa muito boa, propus um acordo: ela seria submissa a mim e seu amante seria meu escravo nos negócios. Além do mais, eles nunca poderiam se relacionar de novo. Tudo ia bem, até que eles quebraram esta regra do acordo. Ia contar tudo à polícia, mas parece que Laura fugiu e matou Beto.

A imprensa fica chocada. Victor Hugo deixa cair o gravador, mas pega o telefone e liga para Delma.

V. HUGO – Delma, tenho uma coisa muito séria para te contar...

CORTA PARA:

CENA 10 / MORRO D’ÁGUA / INTERIOR / SAUDITA / MANHÃ

Selma está cortando cabelo quando Estevão aparece. Laura Dagmar está lendo a bíblia enquanto Sandreia observa, assustada.

ESTEVÃO – Oi, meu amor!
SELMA – Oi, querido. Posso te fazer uma pergunta?
ESTEVÃO – Já tenho até a resposta: sim, estou indo comprar a nossa casa nova lá naquele condomínio de luxo!

As clientes ficam ouriçadas e com inveja de Selma.

SELMA – Que bom, meu amor, mas não era esta a pergunta que eu ia fazer não.
ESTEVÃO – Então qual era?
SELMA – Onde você estava ontem à noite?

FIM DO CAPÍTULO 11

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