Cena 1 / Casa de Ana / Quarto / Interior / Manhã.
Continuação imediata da última cena do capítulo anterior
Ana solta à mãe de Adolfo e levanta.
Jorge – Que pouca vergonha é essa Ana? Vamos? Eu estou esperando...
Ana – Você não está esperando nada Jorge! Sai do meu quarto, aliás o que
você está fazendo dentro da minha casa? Depois de tudo que você me fez passar!
Jorge – Eu vim aqui para gente se acertar, mas parece que já tem outro
na tua cama!
Adolfo – Epa! Mais respeito rapaz! Você está falando com uma mulher e
não com um dos seus amigos da rua!
Jorge tenta se aproximar de Adolfo, mas é impedido por Ana.
Jorge – Cala boca velhote! Cala essa tua boca!
Ana – CHEGA! Chega Jorge! Sai daqui agora, ou eu vou ter que chamar a
polícia!
Ana empurra Jorge até a porta da sala.
Jorge – Isso não vai ficar assim Ana! Pode apostar que isso não vai
ficar assim!
Jorge sai.
Cena 2 / Casa de Ana / Quarto / Interior / Manhã.
Ana volta para o quarto.
Ana – Me desculpa seu Adolfo! Mil perdões! Eu não sei nem o que dizer...
Adolfo – Não se preocupe! E me chame apenas de Adolfo, por favor!
Ana – E do que falávamos?
Adolfo – Estávamos falando sobre mim e...
Ana – Continue!
Adolfo – Eu descobri a pouco que tenho uma doença, um tumor na cabeça e
não há operação, não há medicamentos, não existe solução, a não ser a morte!
Por isso o desmaio!
Ana – Meu Deus Se... Adolfo!
Adolfo – Infelizmente quando descobri a doença já estava muito agravada!
Ana – Tenha fé em Deus! Tenha que fé que ele pode lhe curar!
Adolfo – Eu não sei se eu quero ser curado Ana!
Ana – Como não? Claro que quer!
Adolfo – Eu sou um homem muito infeliz! Arrancaram a minha vida há mais de 20 anos...
Ana – Não lhe entendi!
Adolfo – É uma longa história! Há muitos anos, sequestraram minha
esposa, grávida do nosso primogênito e nunca pediram resgate, nada...
Simplesmente a mataram e me torturaram mandando os pedaços dela! Literalmente
os pedaços...
Uma lágrima escorre do rosto de Adolfo.
Ana – Meu Deus! Que horror! E quem faria uma crueldade dessas?
Adolfo balança a cabeça negativamente.
Adolfo – Não faço ideia! Penso em algumas pessoas... Pessoa da minha
própria família!
Ana – Não! Não acredito que alguém da sua família seria capaz de fazer
isso?
Adolfo – Você não os conhece!
Ana – Meu Deus, isso é inacreditável!
Adolfo – E agora a poucos dias eu recebi a notícia de que meu filho
podia ter nascido e estar vivendo aqui, em Belém!
Ana – E você veio procurá-lo...
Adolfo – Exatamente... Mas parece que era um trote!
Ana – Você o procurava ali? Naquela casa?
Adolfo – Sim! Você os conhece?
Ana – Sim! O seu Joaquim, ele perdeu a esposa há pouco tempo, e o filho
foi embora logo em seguida!
Adolfo – Filho? Então, ele tem um filho!
Ana – Sim!
Adolfo – Ele me disse que não tem ninguém, que era sozinho! Por que
mentiu?
Ana – Você acha que?
Adolfo – Sim! Esse rapaz...
Ana – Daniel!
Adolfo – Esse Daniel pode ser meu filho! Alguém me avisou, me deu o
endereço!
Ana – E agora? O que você vai fazer?
Adolfo – Agora eu vou atrás desse homem e ele vai ter que me dizer por
que mentiu!
Cena 3 / Apartamento de Cícero / Sala / Interior / Manhã
Maria senta-se ao lado do marido.
Cícero – E o melhor você não sabe! Sabe por que o Otávio me ligou?
Maria – Não Cícero, você mesmo disse que eu não sei!
Cícero – Otávio nos convidou para jantar! Jantar na mansão dele!
Maria – E o que tem de especial nisso Cícero?
Cícero – Quando foi que o seu irmão nos convidou para algo na casa dele,
sem que tivesse uma data comemorativa ou algo do gênero?
Maria – E você acha que ele te convidou por quê? Por que começou a gostar
de você assim, da noite pro dia? Tem coelho nesse mato meu amor! Otávio não faz
nada que não seja de caso pensado!
Cícero – Será?
Maria levanta e sai.
Cícero – Mas por que ele... – ele sorri – É claro! A herança!
Cena 4 / Banco / Gerencia / Interior / Manhã
Gerente – Mais um empréstimo doutor Clésio?
Clésio – Sim! É para poder pagar a hipoteca do prédio e equilibrar as
finanças da empresa!
Gerente – Infelizmente eu não posso mais lhe disponibilizar um centavo!
O senhor nos deve uma bela quantia e sua empresa já entrou em concordata, seu
prédio está hipotecado... Desculpe-me, mas não posso ajudá-lo!
Clésio – Ótimo! Quando eu depositava milhões aqui, o senhor não
reclamava, agora no momento que preciso de ajuda me vira as costas! A minha
empresa vai se reerguer e nós nunca mais faremos um depósito nesta porcaria de
banco! Passar bem!
Cena 5 / Casa de Joaquim / Frente / Externo / Manhã
Adolfo – Seu Joaquim!
Adolfo bate palmas.
Joaquim sai na porta.
Joaquim – O senhor aqui de novo? Já disse que não tem ninguém aqui!
Adolfo – O senhor mentiu! Eu sei que tem um filho! Daniel não é? Eu
posso falar com ele? É apenas um minuto!
Joaquim – Meu filho foi embora! Como eu disse não tem ninguém aqui!
Agora some daqui velhote!
Adolfo – Onde eu posso encontrá-lo?
Joaquim fecha a porta.
Adolfo caminha em direção à casa de Ana.
Cena 6 / Casa de Ana / Sala / Interior / Manhã
Adolfo entra triste.
Ana – Pela sua cara, ele não quis falar nada não é?
Adolfo – Sim! Ao menos admitiu que tem um filho!
Ana – Confie em Deus! Se for realmente o seu filho, você vai
encontrá-lo!
Adolfo – Muito obrigado minha querida!
Ana da um abraço em Adolfo.
Adolfo – Esse foi o abraço mais sincero que eu já recebi!
Ana segura à mão dele.
Adolfo – Bom, chegou a hora de voltar ao Rio de Janeiro!
Ana – Eu vou sentir saudades!
Adolfo – Não perderemos o contato! E pode ter certeza, de que eu vou
ajudá-la de alguma forma! E não adianta ser orgulhosa e dizer que não! Em
poucos dias você vai ter que sair dessa casa, está sem emprego! Eu faço questão
de lhe ajudar! E se quiser ir para o Rio de Janeiro, terá um bom emprego e um
quarto em minha casa!
Ana – Você é uma pessoa especial Adolfo! Tenho certeza que seremos muito
amigos!
Adolfo – Já somos!
Ana – Antes de você ir, vamos tirar uma foto! Quero ter uma recordação
sua! Uma recordação da sua primeira visita!
Cena 7/ Morro / Rua / Externo / Manhã
Juliano sobe o morro, quando esbarra em Janaína, ela deixa suas sacolas
caírem.
Juliano – Me desculpe!
Janaína – Tudo bem!
Os dois se abaixam para juntar as coisas caídas no chão.
Juliano entrega tudo a ela.
Janaína – Obrigada!
Juliano – Que isso, era o mínimo que eu podia fazer!
Janaína está saindo quando ele segura sua mão, ela olha para trás.
Juliano – Não vai me dizer o seu nome?
Janaína – Janaína, e o seu?
Cena 8 / Motel / Quarto / Interior / Manhã
Otávio – Eu espero que o que você tenha para me dizer seja realmente
urgente, por que me tirar da empresa a essa hora da manhã...
Márcia – Eu estou grávida!
Otávio para de falar e a olha.
Otávio – Você está... Grávida?
Márcia – Sim! Grávida de um filho seu!
Otávio – Não! Não você não fez isso!
Márcia – Eu não fiz isso? Como assim eu? Você está querendo dizer que eu
planejei isso?
Otávio – E não foi? É lógico que foi! Você está querendo me dar o famoso
golpe da barriga! Mas eu não sou burro! Você deu com os burros n’água!
Márcia – Golpe? Otávio eu estou com você por amor, não pelo seu
dinheiro!
Otávio – Você sabe muito bem que eu sou casado... Você vai tirar essa
coisa!
Márcia – Coisa? É o nosso filho!
Otávio – É o seu filho e você vai tirá-lo, por bem ou por mal!
Cena 9 / Restaurante / Salão / Interior / Manhã
Gustavo chega e senta a mesa em que Pedro está.
Pedro – Você está atrasado!
Gustavo – Desculpa, mas eu não tenho carro e pegar ônibus nessa
cidade...
Pedro – Eu estou interessado na sua pobreza! Tenho um serviçinho para
você!
Gustavo – Serviçinho? O que é dessa vez?
Pedro – Espero que não conte nada para sua mãe dessa vez, a Lauderes já
não ia com a minha cara, você ainda conta o que te paguei para fazer, você é
uma besta realmente!
Gustavo – Vamos Pedro, o que é?
Pedro – Quero que você vá à casa do Flávio e ponha fogo em tudo! De
preferência com ele dentro!
Cena 10 / Rua / Externo / Manhã
Marcela esbarra em Daniel.
Daniel – Você?
Marcela sorri.
Daniel – Tudo bem com você? Tomando muito banho dos carros na rua?
Marcela – Não, até que não!
Os dois sorriem.
Daniel – Então? Tá com muita pressa?
Marcela olha para o relógio.
Marcela – Não! Por quê?
Daniel – Então você toma um café comigo!
Marcela – Claro!
Os dois vão para um bar.
Marcela – Você não é do Rio não é mesmo?
Daniel – Nossa, está tão na cara assim?
Marcela – Para falar a verdade está sim!
Daniel – Não sou mesmo! Vim para cá atrás de um emprego!
Marcela – E arrumou algo?
Daniel – Está difícil!
Marcela – Realmente as coisas não estão fáceis!
Daniel – E você faz o que?
Marcela – Estou estudando administração!
Daniel – Me formei em economia o ano passado!
Marcela – Que legal!
Marcela olha para o relógio.
Marcela – Agora eu tenho que ir!
Daniel – Meu número! Me ligue!
Marcela pega o cartão.
Marcela – Claro!
Cena 11 / Mansão Ludovique / Sala / Interior / Tarde.
Clésio chega e chama Manoela para o escritório.
Manoela – Que foi?
Clésio – Consegui o dinheiro! O prédio a salvo e nossas despesas por
algum tempo também!
Manoela – E que banco de loucos lhe emprestou dinheiro pai? Por que essa
é a única explicação para um banco colocar dinheiro na sua mão, sabendo da
situação da empresa!
Clésio – Banco nenhum! Tive que recorrer ao um agiota!
Manoela – Agiota? Agiota pai? Pelo amor de Deus!
Clésio – Era isso, ou perderíamos o prédio e ai eu queria ver manter a
aparência, ou você acha que o Henrique vai querer casar com você sabendo da
nossa real situação?
Manoela – Isso é loucura!
Clésio – Agora sabe que tem que casar com ele o mais de pressa possível!
Cena 12/ Anoitece.
Cena 13 / Aeroporto / Desembarque / Noite.
Adolfo sai do avião.
Adolfo – De volta a casa!
Cena 14 / Casa de Otávio / Sala / Interior / Noite.
Cícero e Maria chegam.
Otávio - Minha irmã querida!
Os dois se abraçam.
Maria – Samantha!
Samantha – Boa noite Maria!
Otávio – Cícero! Grande Cícero!
Samantha – Vamos! Sentem-se!
Cena 15 / Casa de Flávio / Sala / Interior / Noite.
Gustavo abre a porta da casa de Flávio com uma chave de fenda e entra. Na
sala ele despeja um galão de gasolina e em vai para os quartos, volta e vai
para a cozinha. Gustavo escuta um barulho vindo da porta da sala.
Flávio entra.
Gustavo o espia da cozinha. Flávio vai para o quarto. Gustavo acende um
fósforo e joga no chão. Gustavo sai da casa.
Flávio sente cheiro de fumaça e sai do quarto. Está tudo em chamas.
Flávio esta preso no corredor que da para a sala.
Flávio – Fogo? Socorro!
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